10 de setembro de 2013

Tamarindo

Fomos, eu, minha mulher, dois filhos e uma nora, comer crepes numa creperia em Icarai. Para acompanhar havia um rol de sucos de diferentes frutos.


Jorge, homônimo e primogênito, pediu o suco de tamarindo admitindo não conhecer a fruta. Por mais que tentasse explicar, falar do sabor é  complicado porque tamarindo tem gosto de ... tamarindo. Não me recordo de outra fruta que se assemelhe no sabor.


Bem, o Jorge pediu e já implicou com o aspecto. Provou e deu o veredicto: não é só que tem a cor de terra, tem gosto de terra também. Com efeito, colocam tanto adoçante que o paladar da fruta se perde e fica esquisito mesmo.

Certas frutas precisam ser comidas, apreciadas, ao natural, para que não se perca o sabor característico, que lhe confere personalidade. Outro exemplo? Pitanga.

Mas estou falando disto aqui agora porque me espantou o fato de meu filho, aos quase cinquenta anos de idade, não conhecer tamarindo. Que dizer então de meus netos, filhos dele.

tamarineira
Na entrada do quintal da casa de meu tio João Carrano, avô do Ricardo Wagner que acompanha este blog e nele colabora de quando em quando, havia um enorme pé de tamarindo. A casa ficava nas proximidades, quase ao lado, do Abrigo Cristo Redentor, em São Gonçalo, e tinha no quintal outras arvores frutíferas.

Assim como o Jorge não conhecia o tamarindo, muita gente que não teve a infância que eu tive, nos anos 1940/1950, desconhece certas frutas nativas que estão rareando ou desaparecendo mesmo, o que é uma pena em alguns casos.

Fruta de conde, abiu,  abricó, cajá, carambola, jabuticaba e tantas outras que se fosse enumerar o post viraria uma enciclopédia. 

Vejam os mais jovens que não levantam os olhos de seus smartphones, tablets e outra geringonças, as imagens abaixo de algumas deliciosas frutas que estão em vias de desaparecimento:


amora

carambola

jabuticaba

pitanga

sapoti

jambo

cajá
Imagens: Google outras fontes

25 comentários:

Freddy disse...

Pois é, Carrano. Hoje já me acostumei que tenho de pagar pra comer goiaba e manga. Quando eu era garoto, a gente pegava do pé mesmo.

Das que você citou, eu nunca tinha visto (apesar de conhecer de nome) pitanga e jambo. Ah, sim, abiu, pois perto de casa tinha um pé mas eu nunca tive curiosidade de chegar até ele.

Tamarindo eu não gosto, mas minha mulher adora, diz que fica com a boca cheia d'água só de ouvir o nome - pois ele é azedinho!

Abraço
Freddy

Jorge Carrano disse...

Pois é, Freddy. A não ser em alguns poucos quintais remanescentes (cada vez menos)e pomares de casas na roça (também cada vez mais raros), você não encontra mais certas frutas. O abiu, ou abio, como outros chamam o fruto, quando bem maduro é bem doce.
E pitangueiras a gente encontrava no litoral, nas praias de Itaipuaçú, Ponta Negra, por ali, quando estas praias eram de difícil acesso e só eram frequentadas por pescadores.
Bons tempos.

Freddy disse...

Hoje, no café da manhã, Mary me confirmou que realmente fica quase engasgada de saliva quando lembra de tamarindo, que ela adora. Mas como você disse, tirado do pé, lavado e comido, nada de açúcar em cima para desvirtuar o sabor.

E conversando sobre o post (e nossas infâncias), acabamos comentando que a amora que nós conhecemos é mais compridinha que a das fotos. Essa mostrada parece muito com framboesa, e depois fui descobrir que framboesa é uma espécie de amora-do-mato.

Um fato que me chamou a atenção (e eu não conheço a fruta ao vivo) é o jambo. Muito se fala de "morena jambo" como aquela mulher bem morena, sem ser negra. E os jambos mostrados são vermelhos! Putz... Aí a curiosidade bateu e eu confirmei em fotos do Google que efetivamente o jambo tem essas duas cores, parece-me que ao amadurecer é que fica "moreno".

Viu? É o Generalidades Especializadas fomentando o debate e a pesquisa!
Grande abraço
Freddy

Jorge Carrano disse...

Caro Freddy,
É possível que você não conhecesse o jambo, mas certamente conheceu o Jambeiro (rs). Falo de um antigo restaurante, defronte a faculdade de engenharia, na praça do Ingá.Comia-se um bom bacalhau e ótimos bolinhos do mesmo peixe. Não sei como anda agora.
Assim como o jambo, o sapoti também serviu para identificar um certo tipo de cor de pele em especial de algumas mulatas.A cantora Angela Maria era apelidada de sapoti, você lembra?

Helga Maria disse...

Sem contar a enorme variedade de frutas típicas do norte e do nordeste, muitas desconhecidas aqui no sul e no sudeste.
Helga

Riva disse...

O Jambeiro é um dos mais badalados restaurantes de Nikity, muito frequentado pela ex-equipe que comandava nossa prefeitura.

Eu, particularmente, parei de ir lá, porque na verdade nunca comi bem ...azar se dá uma vez, em restaurante. Mais de uma vez não é ... e isso sem falar no recente arrastão que os vagabundos fizeram à noite por lá.

Tamarindos : na casa da minha avó Tereza, no Fonseca, tinha um mega pé, e foi lá que conheci a fruta. Minha tia Maria sempre fazia suco para nós, no verão.

Jambo .... que côr .... rsrsrsrs ... inigualável, para quem já esteve com "um" nas mãos, digamos assim ...... rsrsrs

Jorge Carrano disse...

Que pena, Riva, que você só esteve com "um" jambo nas mãos. O paladar é bem apreciável. Basta estar lavado, digamos assim. Você sabe, agrotoxicos...

Wanda disse...

Gosto de todas estas frutas. As carambolas estão lindas, mas de todas as que aparecem prefiro o cajá.
Wanda

Jorge Carrano disse...

Nota de esclarecimento:
A Wanda que assina o comentário acima, não é a ex-guerrilheira, que ora está instalada na presidência da república,que adotava este codinome.
Minha nora Erika e meu filho Ricardo, tiveram um pé de amora plantado num grande vaso, quando moraram em uma cobertura.
Fica a dica para você, Freddy.

Riva disse...

Cajá com vodka .... pra beber ajoelhado ! dos deuses !

Jorge Carrano disse...

Como se prepara Riva? Coloca pedaços de cajá ou faz o suco? Ensina aí.

Freddy disse...

1) Eu já andei sugerindo parar de citar a guerrilheira pelo apelido... Justo para não confundir com nossa primeira dama (do blog!)
2) Tem pés de amora na calçada externa do condomínio onde temos (ainda) casa em Friburgo. E são daquelas mais compridinhas...
3) Sobre caipi de cajá, há controvérsias. O cajá que minha mulher gosta é o que chamamos de cajá-manga, parece-me aquele da foto do texto e tinha um pé numa das casas da rua Itaocara, no Pé Pequeno (Niterói). No entanto, estive em Natal e lá preparam a caipi com um cajá miudinho e esquisito. Não gostei...
Abraços
Freddy

RC disse...

Mas, precisamos considerar que você morava, quando criança, em área suburbana e hoje mora em área urbana.

Em tempos recentes, na calçada da minha casa em Itaipu, por exemplo, eu tinha um pé de pitanga (troço horroroso, por sinal, que não pode causar saudades em ninguém). No quintal eu não tinha, mas poderia. Em vizinhos e em terrenos próximos a gente via frutíferas. Ou seja, quer ver mato, mude para a roça! :-)

Além disso, há que se considerar que novas frutas começaram a ser cultivadas no Brasil recentemente, como a lichia, para dar um exemplo.

Ah! O referido pé de amora no vaso não deu certo. A fruta era mirrada. Como não dá certo o atual pé de lichia num vaso. Árvore em vaso, só bonsai.

Jorge Carrano disse...

Quem foi que disse que árvore em vaso não dá acerto. Vi muito, na Europa, as orangerie principalmente com cítricos.
Não se pode, óbvio, plantar mangueira em vaso, mas certas árvores frutíferas com certeza.
E não morei em subúrbio. O bairro Ponta D'Areia fica junto ao centro da cidade. E nas casas de meus tios, que não moravam em subúrbio, mas sim na zona norte do Rio de Janeiro (Vila Izabel, Tijuca, Andarai) todos mantinham pés de frutas.
Por isso eu as conheço e comi muito quando criança.

Anônimo disse...

Eu, que me considero uma conhecedora de frutas (ahem, não chego a tanto!), tendo provado todas as citadas no texto e nos comentários e mais algumas, ontem mesmo me surpreendi ao ver num blog de culinária uma variedade branca da framboesa - uma coisa esquisita, que mais parece as ovas de algum peixe!

Freddy disse...

Como eu sempre digo, podem me mostrar frutas e mais frutas de todo canto, exóticas típicas ou importadas, continuo com a mesma e velha opinião de sempre:
- pra comer cru: abacaxi (se docinho)
- pra tomar suco: caju
- doce de corte: goiaba (c/ queijo)
- doce em calda: figo (c/ creme)
- em geleia: morango
- recheio em tortas: maçã assada
E não precisava ter mais nada!

Em tempo: caipiquila de caju (polpa de caju com vodka e tequila, meio a meio).
Abraços
Freddy

Riva disse...

Lichia ..... é demais, bem lembrada.
No centro do Rio tem um japa que faz a lichia com saquê, e também com vodka. Excelente !

E eles também fazem um risoto de polvo, que tem lichia ...sensacional

Freddy disse...

Para quem gosta de polvo, lula ou camarão, recomendo o Solar do Tâmega, à Rua Senador Pompeu 106, na altura da Embratel. Peça com arroz e brócolis (não o risoto, que é meio diferente). Quem comeu, adorou.
Ah, claro que eu sempre comi o de camarão, apesar de que o cheiro da lula é sensacional. Vá com amigos, o prato é grande!
<:o)
Freddy

Jorge Carrano disse...

Eu falhei na educação de meus filhos. Vejam o que o Jorge me informa em email, sobre o post:
"Descobri que, além do tamarindo, nunca vi pitanga ou jambo... "
Eu deveria te-lo apresentado às frutas.

RC disse...

Querido Autor,
Realmente, há uma tradição de cultivo de cítricos em vasos na Europa. Mas é exceção. Aliás, se você plantar cítrico hoje em Niterói, mesmo no quintal do subúrbio(*), vai precisar de sorte. As murtas, que se tornaram populares na cidade, hospedam um inseto que é uma praga de cítricos. Em vaso, então, é dor de cabeça.
(*) Na minha modesta opinião, a Ponta da Areia, nos anos 40/50 era subúrbio! O país era agrícola e as cidades ainda pouco urbanizadas. Ou estou errado?
Finalmente, esse negócio de "deveria te-lo apresentado às frutas" é equívoco em pelo menos dois níveis semânticos! :-)

Riva disse...

...frutas ... kkkkkkk !!

Interessante esse lance do que era ou não subúrbio, em outras épocas.

Nasci e fui criado no Pé Pequeno (Sta.Rosa), e lá curti imensamente minha infância e adolescência.

Tenho vivo em minha memória - por fatos e dados - que o Fonseca só existia porque uma das minhas avós lá morava .... e no entanto, casei com uma moradora do Fonseca.

O Centro era a megalópoles, e por lá circulava em papelarias e lojas de discos, na Mesbla ...

Icaraí significava PRAIA, e meu point era em frente à Presidente Backer, mas não frequentava o bairro.

São Gonçalo ? Nem sabia que existia ...

E as coisas mudaram demais de lá para cá, com a integração do mercado de trabalho, transportes, hospitais, shoppings, etc ....

Jorge Carrano disse...

Freddy,
O "Solar do Tâmega" abre nos finais de semana (sábado e domingo)?
Abraço

Jorge Carrano disse...

Sobre frutas, leiam: http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2009/12/as-frutas.html

Larrubia disse...

Nossa me deu água na boca de ver estas frutas, no quintal de casa em Rolim de Moura (RO) nós tinha amora, jabuticaba, manga, goiaba, acerola e ingá, este ultimo já não encontro com facilidade mais....saudades tenho demais de amora que por aqui está tão difícil de ser encontrada...adorei o blog

Jorge Carrano disse...

Obrigado Larrubia, pela visita virtual.
Seu comentário sobre o blog foi muito gentil. Se lhe agrada volte sempre e comente como fez agora.
Aqui também são cada vez mais escassas estas frutas que eram facilmente encontráveis em nossos quintais antigamente.
Em Rolim de Moura existe alguma fruta típica regional que não conhecemos aqui no sudeste?