13 de setembro de 2013

Manhãs de setembro

“Fui eu que em primavera
Só não viu as flores
E o sol
Nas manhãs de setembro”

Diferentemente do autor – Mário Campanha – tenho visto flores e muito sol nestas manhãs de setembro.

Se o horizonte politico e o cenário econômico são deprimentes, a natureza tem nos brindado com céu azul, limpinho, sem mesmo aquelas nuvenzinhas que chamamos de carneirinhos e o sol brilhando  e ligado em 220 W, nestas últimas  manhãs de setembro.

Estou me dando conta de que desde minha infância tenho variado minha predileção pelas estações do ano. Já fui pelo verão, sem restrições, na juventude. Agora tenho dúvidas.

Acho que em razão disso o Vivaldi escreveu um lindo tema para cada uma delas "As Quatro Estações".

Claro que para quem tinha, até os 12 ou 13 anos de idade, boa parte do tempo do dia para dedicar-se  as brincadeiras e diversão, na maioria das vezes em contato com a natureza, "pés descalços e braços nus" (como disse o poeta), seja “soltando cafifa”, seja “rodando pião” ou principalmente “jogando pelada” na rua São Diogo (na rua mesmo) ou no campo do Vianense, na rua Santa Clara, logo ali perto, os dias mais quentes e sem chuvas eram os ideais.

Uma pequena brisa ajudava em especial para empinar as cafifas.

Nunca me dei bem com o inverno. Admito que sob o ponto de vista da elegância no trajar e para dormir (e comer), o inverno favorece muito. Mas só. E na minha idade, agora, provoca dores nas juntas (é o reumatismo).

O outono que tem a tradição de ser o período das frutas, me encantou por duas razões básicas. É a época das mais belas, claras e radiantes manhãs. A caminhada no calçadão, no outono, é imbatível porque além de tudo não se transpira horrivelmente como no verão, por exemplo. Tá certo, para tomar o chope ou a cerveja depois o verão é melhor. Mas só.

Mas mencionei duas razões  para me encantar com o outono. A outra é para visitar a Europa. Ah! Aquelas folhas de maple ou bordo, em metamorfose de cores.

Gente! O que é aquilo das árvores cujas folhagens vão do amarelo, passando pelo laranja até chegar ao vermelho forte, quase marrom. 


Os passeios nos parques e bosques no outono europeu são qualquer coisa. Se você já foi ao Vale do Loire nesta época do ano, sabe do que estou falando. 


A primavera marca o fim do inverno, o que para mim é um alento. Renovam-se minhas energias e esperanças. E estas manhãs de setmbro têm estado maravilhosas.


A música cujos versos encimam este post, foi lançada na voz de Vanusa. Está em http://www.youtube.com/watch?v=SB6Q1XNsBvE


Notas do editor/autor:  O texto foi escrito na quarta-feira, dia 11. As imagens estão no Google

11 comentários:

Freddy disse...

Carrano, adorei o texto. Nem sei por onde começar, diria mesmo que escreveria um ou mais posts inteiros só para conversar sobre esses apaixonantes assuntos. Você comentou sua relação com as estações, lembrou “As 4 Estações” de Vivaldi. Falou de atividades da infância e adolescência, como cafifas e pião. Falou de viagem à Europa, falou de folhas amarelando, avermelhando e depois caindo, e eu vivenciei um outono inteiro na Alemanha! Quanta coisa pra comentar!
Vamos lá:
- Eu um dia disse que, ao morrer, poderiam colocar para tocar o 2º movimento do concerto Inverno das 4 Estações enquanto meu caixão estiver baixando...
http://www.youtube.com/watch?v=bgAUjj5Kt6Y
- Em Gramado/Canela a gente pode vivenciar o jeitão europeu do outono, tanto pela arquitetura local como pela existência de muitas árvores “importadas”, e o efeito visual, dependendo de onde você esteja nessas duas cidades, é maravilhoso! Sugiro o parque com lago do condomínio de mansões Laje de Pedra, em Canela.
- Setembro... Eu tenho uma relação complicada com esse mês, e também teria muito que dizer sobre ele. Marcava um turn-over na minha atitude frente aos estudos na época de escola– um post pra explicar! Minha falecida mãe aniversariava no dia 7 e minha filha o faz no dia 11, por coincidência quando este post foi escrito; se morasse nos EUA será que poderia fazer animadas festas comemorativas?
- A música inspiradora do texto é linda.
Portanto, Carrano, valeu!
Isso dará um caldo grosso!
Abraços
Freddy

Jorge Carrano disse...

Obrigado, Freddy.
Abraço e bom final de semana.

Riva disse...

Belo texto ! Parabéns.

Tem sido muito agradável ir de moto todas as manhãs para as Charitas, a bela travessia, esse céu azulzão lindíssimo, demais.

Mas o que estranho é que esse céu era sempre em JUNHO, e não em setembro.

Tenho vivas em minha memória recordações desses céus de junho, sinto até o cheiro desses céus, os balões que meu irmão soltava, o friozinho noturno, sinto o cheiro das quermesses quando falo sobre isso, o salsichão assado na brasa.... mas em setembro ?

Estranhos e lindos céus esses.

Ricardo disse...

Parabens, Big Jorge, este texto ta' realmente muito bom.
Uma coisa que aprendi foi a gostar de observar sao as estacoes e os fenomenos meteorologicos associados. Como piloto de avioes, digo que o tempo sempre e' fator determinante. Existem particularidades especificas que afetam o voo em cada estacao. Como estou no hemisferio norte, estamos terminando o verao, estacao das turbulencias. O outono e' a melhor estacao para voar : pouca turbulecia e temperatura amena. O inverno e suas baixas temperaturas assim como os fortes ventos gelados vindos dos Canada, nos colocam em alerta, e a primavera embora tenha seu astral de renascimento, nos traz um periodo de instabilidade devido a mistura do fim do inverno e inicio do verao e os fenomenos associados que citei. Para terminar se tem uma coisa que sempre me causa um pouco de perplexidade e como sao bem definidas as estacoes aqui onde moro, e' mesmo muito interessante. Alias, e' tb um programa conhecido, pegar a estrada num fim de semana de outono, e subir em direcao as montanhas dos Apallachians e observar as "cores do outono", um espetaculo incrivel como o das fotos que voce colocou no texto. Alias, o texto tb da um "brake" nos temas politicos que sao obrigatoriamente pesados. Bom fim de semana a todos.

Helga Maria disse...

Também gostei. E mais ainda de um comentário anterior que compara a paisagem europeia com a da Serra Gaucha, minha região de origem.
Helga

Jorge Carrano disse...

Obrigado Riva. Obrigado primo Rick. Obrigado Helga. Pela visita e comentários.
Helga, a propósito reitero convite para você colaborar no blog. Escreva sobre sua região de origem, suas inúmeras viagens, sua filha (que não gosta de Las Vegas, rsrsrs), enfim o que quiser.

Riva disse...

Primo Rick é piloto de aviões ? De que tipo ?
Sou fascinado por aviação comercial, tenho vários livros que compro sempre nos EUA, leio tudo sobre investigações de acidentes ...já li tanto que até acho que se sentar na cabine, saberei pilotar kkkkkk .....

Jorge Carrano disse...

Caro Riva,
Dá uma olhada no post que acaba de ser publicado.

Jorge Carrano disse...

Ricardo (filho) tem em casa uma tela a óleo, pintada pela mãe (Wanda) que é uma reprodução de um foto feita por nós num daqueles castelo franceses, que eles chamam de château, se não estou enganado o Chenonceau.
Ficou muito bonita a tela porque a Wanda conseguiu captar "o clima", ou seja, cores e luzes.

Anônimo disse...

As amendoeiras da praia de icarai tb mudam de cor. A folhagem fica amarelada e avermelhada.

Jorge Carrano disse...

Bem lembrado Anônimo. E é nesta época, final de inverno com transição para a primavera que aquelas amendoeiras do calçadão mudam suas folhas. Elas primeiro amarelam, depois ficam vermelhas e caem.
"A beleza da folha é a agonia da mesma, cansada, sem o verde do oxigênio. Ela morre sem respiração, edema pulmonar, e, nesse afã, vai ficando linda, linda, uma infinidade de tons na mesma árvore” (Artur da Tavola).
Veja mais em http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2011/09/as-amendoeiras.html