2 de junho de 2013

Memórias

Então vamos às memórias afetivas... e nem tanto, no rastro do texto de ontem.

Balas Toffee eram vendidas na cantina do Plinio Leite e também na do Liceu. Havia outro tipo de bala, vendida também no varejo, por unidade, nos sabores chocolate e doce de leite, em embalagem simples. Como eram quadradas e relativamente finas, eram embaladas como um embrulhinho.

E, isto é o mais importante, eram muito mais baratas do que a Toffee. Embora esta última fosse mais saborosa. Será que ainda existe? Se existe vou cobrar pela veiculação de propaganda comercial (rs). Inclusive no post do Gusmão.

O cinema que mais frequentei, na infância, foi o Rio Branco. Eram dois filmes por sessão, além de episódio de um seriado vez ou outra. A programação mudava às quintas-feiras. Assim podíamos assistir a quatro filmes na semana. Os dois exibidos de segunda a quarta e os dois que ficavam em cartaz de quinta até domingo.

As sessões obedeciam aos horários mencionados pelo Artur Xexéo, na crônica citada pelo Gusmão, ontem. O ingresso era relativamente barato, embora o cine Imperial fosse mais barato ainda. Ambos chamados de cine poeira.

Havia as matinês no Odeon, nos domingos pela manhã, chamadas de pré-estreia. E o cine Central, inaugurado alguns anos mais tarde exigia paletó para os homens. Ou blazers.

O cinemascope foi a grande novidade da década de 1960, com a tela ampla, em curva e muito mais cor. O primeiro filme a que assisti neste formato, no cine Central,  foi “Suplicio de uma Saudade” no original em inglês “Love is a Many Splendored  Thing” se não me falha a atribulada memória. A musica tema, gravada por vários interpretes ao longo dos anos, faz sucesso até hoje.

Em seguida vi na telona “As Chuvas de Ranchipur” (The Rains of Ranchipur”, um filme produzido em 1955. Eu tinha 15 anos de idade.

Calma! Não se aflijam pois não vou ficar enumerando os tantos filmes aos quais assisti. Foi só para situar o cine Central (onde hoje há um Bingo fechado), o cinemascope  e a curiosidade da obrigação dos homens vestirem paletó. Fazia o mesmo calor na cidade, só que o ambiente era climatizado.

O mais importante e isto realmente deixa enorme saudade, é que era possível ir ao cinema, na sessão das 22 horas, com término a meia-noite (24 horas) e voltar para acasa, em plena segurança, no meu caso a pé, caminhando do Centro da cidade até a Ponta D’Areia, onde morava, a esta altura na Av. Feliciano Sodré, que nem de longe se parecia com o que é hoje.

Tanto é assim que meu pai estacionava o Buick 1938 na rua, defronte ao pequeno prédio onde morávamos. É bem verdade que uma madrugada um motorista desatento bateu na traseira de nosso possante, subiu com ele na calçada deixando-o um pouco amassado. Um pouco porque a lataria era muito forte, quase a de um tanque de guerra.

Mas ainda assim meu pai resolveu vender o Buick e comprar um carro mais moderno para os padrões da época, um carro inglês, de 5 marchas, o que era inusual nos automóveis  americanos. O dito carro era um Austin A70, ano 1952. Parecido com o da foto ao lado que achei no  sitio da legenda.


Pronto, Gusmão. Você tinha razão. Ai está um post, que ficará para a post...eridade, arquivado nas nuvens.


Não é o melhor retrato de uma época, pois faltam-me memória e talento literário. Digamos que seria um retrato sem photoshop.

11 comentários:

Freddy disse...

Essa coisa de saudosismo me deixa meio depressivo. Parece-me que todos tiveram uma infância da qual se lembram com saudade e carinho, o que não foi exatamente o meu caso.
Não que eu tivesse privações financeiras, meu pai chegou a comprar um Ford 41 que aguentava que a gente subisse nele para ver melhor a parada de 7 de setembro na Av. Amaral Peixoto!
É que boa parte do que guardo na memória são lembranças muito pessoais, pouco relacionadas com fatos e locais. Eu era (sou) bastante introspectivo.
Mesmo assim, procurarei um dia desses relacionar algumas (boas) lembranças para postar e ficar a par com vocês.
Abraços
Freddy

Jorge Carrano disse...

Freddy,
Você já começou, ou assistir à parada de 7 de setembro na Av. Amaral Peixoto não é uma lembrança do passado?
No meu caso não é uma boa lembrança, pois não gostava de desfilar. E tinha caráter obrigatório, com presença controlada pelo prof. de educação física.
Meu amigo Carlinhos, como tocava caixa na bateria, adorava estes desfiles.

Freddy disse...

É, acabei entrando na pilha e produzindo um texto com algumas das memórias de meu passado.
Eu cheguei a desfilar um ano - não me pergunte por qual escola - e a lembrança que guardo é uma dor de cabeça dos diabos por ter ficado no sol por um tempão!
Abraço
Freddy

Freddy disse...

Eu poderia acrescentar esse comentário ao meu próprio post sobre lembranças, mas faz menção ao que o Gusmão relatou, portanto aqui vai. É sobre a feirinha de São Conrado. Morando em Niterói, costumávamos fazer uns passeios ao Rio de Janeiro, usando as malfadadas barcas de automóveis que já foram até assunto de posts. E dentre as atividades invariavelmente constava uma subida ao Joá e depois uma parada na feirinha para comer galeto, churrasquinho ou salsichão (o meu preferido).
Abraços
Freddy

Freddy disse...

Sobre filmes para adultos tenho pouco a dizer, já que conta-se nos dedos de pés e mãos as vezes em que fui ao cinema em minha vida inteira. No entanto, lembro-me de ter fingido maioridade só para ver um peitinho num ou noutro filme da época. Na verdade, nem revistas com nus havia. Alguns colegas conseguiam edições importadas da Playboy, que ficavam até gastas (rs rs). Se não me falha, as primeiras por aqui foram Ele & Ela ou Status. A alternativa na pré-adolescência foi Carlos Zéfiro.
Abraços
Freddy

Freddy disse...

Tô ficando distraído...
Pela segunda vez em uma semana meus comentários acabam entrando no post errado...

Os dois acima eram pra entrar no do Gusmão...
=8-/
Freddy

Jorge Carrano disse...

Já alertei o Gusmão, just in case.

Riva disse...

Freddy esqueceu de mencionar a pamonha que vendia no Joá também. Eu não gostava, mas minha mãe adorava.

Sobre filmes, nosso ícone foi sem dúvida o Cinema Mandaro, no Largo do Marrão. Quem pode esquecer que viu, todos os anos, A vida de Cristo, na semana santa ? rsrsrs

E quanto à libertinagem, lembro muito bem quando chegaram em minhas mãos as famosas revistinhas suecas, coloridas !!! Foi um desespero .... todos para o banheiro !!!! kkkkkkkkkkkkkk

Obs : as mulheres (óbvio) sumiram dos comentários, perceberam isso ?

Freddy disse...

A Vida de Cristo, uma fita tão antiga que provavelmente era com o próprio (rs rs) e Marcelino Pão e Vinho!

Ráh!!
<:O)
Freddy

Jorge Carrano disse...

"Marcelino pão e vinho" foi, certamente, o filme que mais me levou às lágrimas. Pela emoção. Outros me levaram por raiva de ter ido assistir.

Riva disse...

O único que me levou às lágrimas foi um do Canal 100, mostrando aquele Fla-Flu de 63, final, que terminou 0x0 com o mengaum campeão ... #prontofaleiemfutebol