Por
Ana Maria Carrano
Sou de um tempo em que o consumismo não vigorava. Não me lembro de Ovos de Páscoa nem de histórias de Coelhinhos. A Quaresma era levada a sério em nossa família. Jejum e abstinência de carne eram seguidos à risca. Rir, contar piadas ou brincar eram vetados na sexta feira Santa.
No sábado de Aleluia, em todos os bairros de Niterói, eram montados os bonecos do Judas.
Para tanto, os jovens arrecadavam doações de calças, camisas e casacos que comporiam a imagem do traidor. Lá pelo meio dia, o boneco devidamente fixado num poste ou árvore era "malhado". Os moradores (homens) batiam com paus até que este ficasse totalmente destroçado.
Esta agressão violenta a um monte de trapos era a forma de se manifestar a raiva, o ódio pela traição do apóstolo Judas Iscariotes.
No Domingo de Páscoa, voltávamos a comer carne e as famílias se reuniam para comemorar a ressurreição de Cristo.
A Páscoa, diferentemente de hoje, era um festa religiosa, uma data de reflexão sobre a vida espiritual.
Essa deturpação dos objetivos das datas religiosas não é sentido apenas na Quaresma. Carnaval virou espetáculo e Natal motivo pra comilança e excessos etílicos.
Ah! Nem vou reler. Estou usando terminologia arcaica e isso pode dar uma falsa impressão que sou idosa. Não é isso.
Apenas entrei no clima do blogger.
N do E: imagens do Google.
N do E: imagens do Google.
5 comentários:
Minha irmã não queria que fosse publicado o post. Depois que me mandou o email, telefonou arrependida pedindo para suspender a publicação. Motivo? Qualidade.
Bem, considerando que aqui ninguém pretende o Nobel (de literatura), o que importa é o conteúdo e não a forma. O texto é claro e objetivo. É o retrato de uma época: anos 1940 e 1950 quando fomos crianças na Rua São Diogo, na Ponta D’Areia, vizinhos da Vila Pereira Carneiro, onde ficava a igreja que frequentávamos.
Beijo, Ana Maria.
Eu já malhei Judas, já briguei com filha que pediu um filé com fritas na 6ª feira da Paixão e já me mantive em contrição até o sábado ao meio-dia.
Hoje em dia, relaxei. É tudo um simbolismo. Prefiro procurar praticar o bem e seguir ensinamentos de Cristo, apesar de saber ser muito difícil seguir tudo.
Quanto a presentes de Páscoa, Natal, dia disso ou daquilo, já aboli faz tempo. Nós temos as nossas datas especiais da família e são elas que seguimos.
Chocolate? Passo muito bem sem.
Acho que me tornei um alienado, ou mais precisamente um revoltado. Quem não gosta mesmo de mim são os comerciantes, que vivem disso. Mas não ligo: também não gosto deles.
Abraço
Freddy
Lembro da Via Crucis. Lembro das imagens cobertas de roxo. Lembro das músicas sacras ouvidas baixinho no rádio, durante toda a programação. Tudo muito chato.
A única vantagem é que desde a quinta-feira não havia aula nas escolas.
Também não tive ovos de Páscoa na infância. Eramos pobres mas acho que mesmo os mais remediados também não tinham esta "tradição".
Enfim, Felz Páscoa para todos.
Bom dia, Gusmão.
Somente a partir de meu filhos adotamos o presentear com ovos de chocolate. E fazer a brincadeira de escondê-los para que as crianças os achassem. Mas era unzinho para cada um.
Entrei para o folclore da família ao escolher lugares inacessíveis às crianças tais como no lustre, no alto, ou na gaveta com roupas de cama (rs).
Hoje fico envergonhado, mas achava graça na aflição deles por não encontrar. As dicas do tá quente ou tá frio pouco ajudavam.
Mas ainda assim, submetidos a tortura, acho que me amam.
Pouco a comentar.
Da infância, lembro que meus pais nos davam, não sei porque, um carneirinho puxando uma carroça, cheia de ovinhos de chocolate. E eu queria mesmo era o carneirinho, porque eram de várias cores, e eu os colecionava. Também brincava de carrinho com eles, por ruas imaginárias que desenhei mentalmente por toda a minha casa.
E lembro também que ficava muito chateado de não poder, num feriado, ouvir meu rock alto, como em qualquer outro dia. Deprê total nesse dia .....
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