1 de junho de 2012

ALÉM DO GOOGLE


Alguém, se não me engano o internauta de nome (ou heterônimo) Luvanor Belga, visitante eventual do blog, que ultimamente tem tido uma constância maior em comentários, diga-se, a bem da verdade, sempre inteligentes e oportunos, mencionou que tem tanta coisa na rede mundial, de acesso rápido e simples, que os assuntos nos milhares de sites e blogs chegam a ser repetitivos.

Eu diria variações sobre o tema. Na verdade, sobre tudo que temos dúvida ou desconhecemos inteiramente, gírias, músicas, filmes, cidades, comunas, aldeias, atores, desastres naturais, geografia, política, empresas, enfim, tudo, tudo, é encontrável na rede via Google e outros sites de busca.

É possível ser original na internet? 

A mim, leigo nos assuntos  cibernéticos, com poucos e rudimentares conhecimentos de informática, o suficiente para editar textos profissionais e perpetrar bobagens como o que aqui e agora escrevo, impressiona menos o fato de existir conteúdo sobre o que procuramos, mas a velocidade com que as informações assomam a tela do notebook.

 

É coisa de ficção dos gibis de minha infância: Buck Rogers e Flash Gordon.




Então se tem tudo na internet, e acessável simples e rapidamente, a dificuldade para alguém que mantenha blog, temático ou variado, em caráter profissional ou por puro diletantismo, é ter assunto que não esteja ainda no Google. Ou seja, o que será dito ou mostrado está além do Google?

As abordagens podem mudar um pouquinho, os ângulos da questão variam, mas até mesmo as divergências de dados são aceitáveis e pouco comprometem a pesquisa.

É claro que se o assunto é política, religião e futebol, tem pra todos os matizes, crenças, ideologias ou paixão, mas qualquer que seja a sua ou a minha posição, outras centenas de pessoas pensam igual e abordam da mesma forma.

Sem contar que a internet sepultou muitos planos, inclsusive um meu que acalentei e para o qual me preparei durante anos.

Não é inédito o que vou relatar. Aqui mesmo neste espaço de “generalidades” já contei, mas não tem importância já que o tema de hoje é a duplicidade, ou triplicidade ou repetição infinita de matérias na rede mundial de computadores.

A história, real e agora já não mais comprovável, é que durante anos colecionei recortes de jornais e revistas, nacionais e estrangeiras, encartes de discos, etc. valendo este et cetera para tudo quanto contivesse informação sobre intérpretes vocais ou instrumentais, compositores e temas de JAZZ.

Luiz Orlando Carneiro
Garimpava semanalmente na coluna de Luiz Orlando Carneiro, nas páginas do Jornal do Brasil, informações que anotava em cadernos que serviam como catálogos de álbuns de jazz. 

Charlie Parker
Pretendia um dia, sei lá, na aposentadoria, escrever um livro que a par de conter informações sobre músicos e temas jazzísticos, conteria minhas preferências e sugestões para não iniciados.

As pastas no arquivo suspenso acumularam-se, os papeis amarelaram, não me aposentei totalmente, e fui atropelado pela tecnologia da informação e pela criação do mundo virtual.

Com efeito um belo dia me dei conta de que tudo que estava nos meus “valiosos” recortes, cuidadosamente guardados como fonte de informação, estavam ao alcance de um clique no computador. 

Foi com o coração partido que incinerei tudo. No doloroso dia reservado à fogueira, cada recorte que pegava e lia pensava com meus botões "este aqui vou preservar, é muito interessante" e assim, pouco a pouco, avolumaram-se a meu lado dezenas de recortes amarelados e com cheiro de velho. Os ácaros não eram visíveis.

Ao fim e ao cabo, mesmo com muito dó (não a nota musical, embora o assunto fosse jazz), queimei tudo.

Até mesmo os poucos livros sobre o assunto ficaram obsoletos, ultrapassados,  e hoje mais enfeitam do que informam na minha estante.

Há vida além do Google?


Nota do autor: Luvanor define blog como receptáculo de palavras e ideias.

7 comentários:

Freddy disse...

A Internet encurtou o mundo e a distância entre nós e as informações que queremos.

Há 50 anos atrás, mais ou menos, o Globo fez no estilo novela a descrição de uma operação naval no Mediterrâneo, que eu lia avidamente por ser aficcionado na época por assuntos da 2ª Guerra Mundial. Era a saga de um petroleiro americano chamado Ohio que levava combustível para a ilha de Malta dentro de um comboio escoltado pela marinha britânica. Saía no 2º caderno, página inteira, e guardei alguns títulos de memória (“As águas engolem o Eagle”, “O Waimarama explode”).

Cheguei a escrever para o Globo, pedindo informações de arquivo sobre a matéria. Nada me responderam. Eis que um dia, há cerca de 12 anos, entrei na Internet e comecei a fuçar.

Gente... Não só resgatei a história toda, que se chamava Operação Pedestal (nem me lembrava mais disso), como obtive fotos e - pasmei - até filmagens reais de momentos da contenda, naquele preto & branco todo falhado. Resumos da operação, comentários de correspondentes de guerra, planos táticos, imagens e diagramas do Mediterrâneo, dos navios, do próprio petroleiro Ohio chegando em Malta amparado lado a lado por dois destróieres para não afundar, tudo isso estava na rede.

Essa foi minha primeira grande experiência com o poder da Internet para armazenar e disponibilizar informação. A partir daí, como escreveu Carrano, não fazia mais sentido guardar recortes, livros, revistas... Enciclopédias como Barsa, Delta Larousse, passaram a ser peças de museu. Tudo que se quer tem na rede, além de coisas que não sabíamos que queríamos!

Fazer textos em blogs pra quê? Bom, para nos divertir e trocar figurinhas com alguns correspondentes fiéis, além de apresentar as mesmas notícias e fatos sob uma ótica, quem sabe, um tico diferente daquela já disponibilizada por dezenas, centenas ou milhares de outras pessoas!

Abraços
Freddy

Anônimo disse...

"... e hoje mais enfeitam do que informam na minha estante."
Este trecho de sentença faz do texto uma coisa única, dá uma identidade que o diferencia de tudo mais que possa ter sido dito sobre saturação, reprodução ou repetição, encontrado no popular buscador.

Jorge Carrano disse...

Caro Freddy,
Quando se localiza no repertório de jurisprudência um acórdão que pela interpretação e decisão de um determinado fato jurídico, servirá para embasar a nossa tese, costumamos dizer que tal acórdão "emoldura perfeitamente o caso em tela".
Diria aqui que seu comentário emoldura perfeitamente o post, valorizando a tese.
Valeu!
Abraço

Gusmão disse...

Quando se pesquisa google no Google, encontramos informações sobre...o Google, ou a Google.
Um exemplo seria este de "alexsetta":
http://paradoxofinal.wordpress.com/2011/03/31/computacao-em-nuvem-e-segura/
Existem muitos outros blogs sobre o Google e seus desdobramentos.
Abraços

Riva disse...

Pois é .... meu "quarto de som" onde tenho meus CDs (muitos) e minha aparelhagem de som, está às moscas.
E por que ? Porque fico sempre na sala, onde tenho a TV integrada ao som, e onde plugo meu iPhone ou netbook com as músicas selecionadas da maneira que eu quiser ouvir.
CDs ? nunca mais comprei um ... baixo músicas na web do jeito que quiser.
No automóvel ainda tenho um aparelho de CDplayer, que irá para o lixo em breve. Vou comprar um para engatar meu iPhone.

E minha coleção de CDs ? Será vendida ou irá para o lixo também - estou baixando tudo em MP3, aos poucos.

Isso tudo é muito irritante ... rsrs

Jorge Carrano disse...

Tanto o Google quanto outras duas ferramentas de busca, Yahoo e Bing, estão introduzindo novidades que facilitarão a vida dos internautas/pesquisadores.
O novo recurso que no Google se chama Knowledge Graph, permite que na busca de um nome, por exemplo, além da lista tradicional de links,apareca uma outra com resumo de informações sobre a pessoa.
As novidades neste campo não têm fim.

Jorge Carrano disse...

Sintam o gostinho em http://www.google.com/insidesearch/features/search/knowledge.html