7 de abril de 2012

A infusão da rubiácea

O cafezinho foi um vício, durante muitos anos, na minha vida.

Disputado na “porrinha”, durante a travessia da Guanabara, nas antigas barcas da Cantareira, ou nas lanchas da Frota Carioca, mais tarde Frota Barreto, (até o quebra-quebra) e tomado após as refeições, preparando a boca para o cigarro, outro vício que mantive por anos. Os parceiros, no jogo dos palitinhos, com pequenas variações no grupo, eram Alvaro Cardoso de Oliveira, Alfredo Schnetzler, Joel Fargnoli Figueiras e Abigacyr Ribeiro.

Contribui muito para elevar a média de consumo per capita anual da erva, hoje estimado em 81 litros. Não sei se este consumo já foi maior.


Cafezal
Sei, entretanto, que só perdemos para os americanos no consumo desta infusão. E uma das razões pelas quais sempre achei o Jimmy Carter, vendedor de amendoim,  o pior presidente americano, é porque ele fez campanha para diminuir o consumo de café (por causa do preço internacional), estimulando o de chocolate, por exemplo.

Em Niterói havia dois Cafés tradicionais na Praça Arariboia, na época Praça Martin Afonso, mas que chamávamos popularmente de "Barcas".

Quando dizíamos vamos "às Barcas", significava dizer que iríamos ao centro da cidade, fosse ao cine “Central”, fosse à “Padaria Pão Quente”, fosse à “Loja Central”, de frios e laticínios, fosse à “Leiteria Brasil”, ou ainda à “Esportiva”, espécie de lanchonete mas que vendia frios, laticínios e embutidos.

Voltando aos dois cafés, um na esquina com a Rua da Conceição, chamado de “Café Santa Cruz”, e o outro na esquina da Rua José Clemente (este ainda existente), era neles que tomávamos os cafezinhos ganhos na “jogo de balufa” e observávamos as cantadas  que as tolerantes atendentes, moças que serviam o café, eram obrigadas a aturar o dia inteiro. Algumas até jeitosas, e que traziam sobre a cabeça algo que nem era uma touca, nem um casquete e muito menos uma grinalda (embora lembrasse). Era um arremedo de tudo isto.

Com o tempo, primeiro parei com o cigarro. Como consequência diminui o cafezinho porque  este levava ao fumo.

Depois vieram as restrições médicas por causa da cafeína, que seria nociva para hipertensos como eu.

Mas as vantagens do café, parece, superam as desvantagens, já que a cefeína e outros alcaloides em sua composição, atua no sistema nervoso e circulatório, estímulando a atividade cerebral e cardíaca, sendo ainda diurético.

Dizem que cura ressaca (embriaguez) e combate a tosse. Mas lamentavelmente, altera o ritmo cardíaco e provoca gastrite.

Bem, tanto os prós como os contra acima enumerados, variam de tempos em tempos, ao sabor de experiências científicas e aos humores  e pareceres remunerados de especialistas.

Existem diversas variedades de cafés, uns mais nobres e outros mais comuns. Certamente alguns acharão que a opinião que emitirei a seguir, é esnobismo, e é mesmo, mas o melhor café que tomei, em aroma e sabor, foi na Áustria, em Viena.

Lógico, tanto o Brasil, como a Colômbia, outro fornecedor importante do produto, exportam os melhores grãos.


Assim que comprei minha “casa no campo”, em São José do Imbassaí, como já relatei, uma das primeiras providência foi comprar um suporte para “passar” o café, nos moldes antigos. Dito suporte são duas ástes encimadas para uma peça com buraco no centro, que serve para  colocar o coador de pano. Como na minha infância.

Atualmente tomo muito pouco café, em geral no desjejum, e abandonei os inúmeros cafezinhos ao longo do dia como no passado.

5 comentários:

Freddy disse...

Carrano
Passei boa parte de minha vida longe do café. Confesso que ultimamente tenho tomado bem mais para acompanhar minha esposa que não passa sem o da manhã. No entanto, nunca tive o hábito do cafezinho - seja na empresa, seja na rua ou em casa.

Para o café da manhã usamos bastante o Café do Ponto Aralto, muitas vezes "batizado" com uma porção de Creme Irlandês, espécie gourmet da própria Café do Ponto. Esse truque ajuda muito a melhorar os Pilões da vida, quando não temos o Aralto. Mary já deixa o pó no vidro com a mistura feita.

Alguns espressos são excelentes, volta e meia degusto-os. O Illy italiano é muito bom. Segafredo não faz vergonha (o espresso, não o comum).

Fiquei bolado quando você afirma que café provoca arritmias e gastrite. Sofro disso, quem sabe achei o culpado, mesmo tomando pouco?

Abraços
Carlos

Jorge Carrano disse...

A julgar por seu comentário de que toma pouco café, muito provavelmente você não encontrou o culpado.
Apenas o café tomado em excesso PODE provocar estes distúrbios.
Abraço

Gusmão disse...

Acho que vou tomar um cafezinho para despertar; ainda estou sonolento.
Abraços

Anônimo disse...

Em São Paulo ainda se toma muito cafezinho.
Mas muita gente prefere o pingado (com um tiquinho de leite).
Eu adoro tomar em copo, mesmo sendo só um pouquinho, o equivalente a uma xicrinha.
:D Fernandez

Jorge Carrano disse...

O Café que ainda existe, na esquina da Rua José Clemente, chama-se Sul America.