28 de abril de 2012

CARTA DA SERRA GAÚCHA



Por
Ricardo dos Anjos
(poeta e jornalista aposentado, diretamente da Serra Gaucha) 






Aqui também tem dessas coisas

Pois é, uma cidade pequena como Nova Petrópolis, de 19 mil habitantes e 14 mil eleitores se tanto, e tida como o Jardim da Serra Gaúcha, dada a sua natureza florida e bem-cuidada pela população e prefeitura nos locais turísticos (“onde passa a noiva”), foi abalada esta semana por um gritante cerceamento à imprensa por parte do legislativo local. E justo em ano de eleições.
Explico: um jovem repórter do jornal O Diário estava cobrindo e gravando a sessão da câmara de vereadores que decidiria o aumento do número de edis de 9 para 11, o que aconteceu. Antes, porém, o presidente do legislativo, Paschoal Grings, e seus sequazes, em tom de ameaça de agressão física (“quebro sua cara”), impediram o repórter exercer seu trabalho, chegando a interromper a sessão. Chegaram a chamar a Brigada Militar e a Polícia Civil para expulsar o repórter que, para evitar mal maior (inclusive a ele próprio) resolveu retirar-se do que podemos chamar ironicamente de “Parlamento”...
Daí, o jornal reagiu e publicou matéria sobre o salário desses vereadores:
“Fica em Nova Petrópolis o segundo maior salário para o cargo de vereador nos 11 municípios onde O Diário circula. Para se reunir uma vez por semana, entre duas e três horas, o município repassa para cada vereador exatos 1.909,95 reais. O valor representa mais de três salários mínimos, e este valor será reajustado em 7% este ano. Atualmente, a Prefeitura repassa 482.400,00 mil para manter os trabalhos da Câmara de Nova Petrópolis. Com este valor, por exemplo, seria possível construir uma quadra de esportes igual a da Escola Otto Hoffmann, que custou 360 mil reais.
“O questionamento ao trabalho dos vereadores de Nova Petrópolis surge após o episódio onde um repórter do Diário foi impedido de gravar a sessão que analisou o projeto de emenda à Lei Orgânica, que sugeria a manutenção das nove vagas na Câmara, proposta rejeitada por seis dos oito vereadores presentes na sessão. Jerônimo Sthal Pinto, Plínio dos Santos, Régis Hahn, Oraci de Freitas, Daniel Michaelsen e Bruno Seger desejam ampliar para 11, conforme consta da Lei Orgânica do Município” (O Diário, 27/4/12)
Informado sobre o cerceamento da liberdade de imprensa, o comentarista político Alexandre Garcia criticou a arbitrariedade do legislativo nova-petropolitano.

12 comentários:

Jorge Carrano disse...

Não lembro até que momento, mas no Brasil o trabalho do vereador não era remunerado. Eu já era nascido e eleitor.
O trabalho do vereador deveria ser voluntário, como dever cívico, público, de contribuição para a comunidade à qual, em última análise, ele pertence. Mormente nos pequenos municípios, como Nova Petrópolis.
Pela nossa Constituição Federal (arts. 29 a 31), o número de vereadores deve variar entre o mínimo de 9 e o máximo de 55, sendo fixado proporcionalmente a população do município. Os mandatos são de 4 anos, em eleição direta e podem se candidatar maiores de 18 anos.
O constituinte usou um eufemismo, ao estabelecer que vereador não recebe remuneração, mas sim subsídio. Não importa o rótulo que é colocado na grana. É sempre muito dinheiro, sem contar as chamadas verbas de gabinete.
E o que fazem além de aprovar nome de rua ?

Gusmão disse...

A política, sob o ponto de vista filosófico, é uma ciência importante e necessária.
Fazemos em nossas vidas o tempo todo.
Mesmo que inconscientemente.
Mas a política profissional, na prática, é um nojo, é pura lama. E quem nela entra ou dela se aproxima certamente ficará respingado.
Como diz a letra de um samba antigo, "se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão"
Abraços

Jorge Carrano disse...

Ricardo,
Conheço Nova Petrópolis e morri de inveja quando você anunciou que estava de mudança para esta cidade.
Não imaginava que no terreno político já está degradada, e com as mesmas mazelas das cidades maiores.
E a decepção é ainda maior, conhecendo a origem alemã da maioria de seus fundadores e a descendência teutônica, dos moradores. Se não estou enganado li ou ouvi que o município tem uma dotação orçamentária anual conferida pelo governo alemão. Se é fato, acho que deveriam cortar esta ajuda pois o dinheiro não estará sendo bem empregado (encher bolso de malandro).
Parece que o virus chamado ganância está disseminado por todo o país.
E destruiu os valores caráter e honra.
Uma pena mesmo.

Anônimo disse...

NOVA Petrópolis. VELHOS hábitos.
:D Fernandez

Jorge Carrano disse...

Fernandez,
Síntese irretocável.
Obrigado pela visita.

Freddy disse...

Gosto muito de Nova Petrópolis. Habitual visitante da Serra Gaúcha, sempre que posso dou uma passada por lá, além de recomendá-la a todos que me perguntam sobre destinos turísticos da região.

Sobre a degradação política... Estive em Gramado entre 11 e 15 de abril. Pasmei... Pela primeira vez em vinte anos que a visito, o descaso impera. Ferragens do Natal Luz ainda maculam o belo lago Joaquina Rita Bier. Postes com lâmpadas queimadas deixam enormes trechos de ruas às escuras. Fosse no Rio, nem pensaria em sair à noite a pé...

O Brasil, na contramão do momento histórico propício como nunca para evoluir no cenário mundial, desce a ladeira, resultado de crescente desmando e impunidade.
=8-(
Carlos

Jorge Carrano disse...

Acabo de receber a revista VEJA, edição 2267, que circulará com a data de 2 de maio.
Nela há uma entrevista com Andressa Mendonça, que vem a ser, há 9 meses, a esposa/companheira de Carlinhos Cachoeira, preso desde fevereiro, como sabemos.
O que a entrevista tem ver com este post?
Vejam esta pérola, trecho de uma resposta: "Carlinhos não é qualquer preso.É Carlinhos Cachoeira. Quando ele fala em explodir, a gente pode imaginar o que seja. Quero que ele saia desta política nojenta".

Perceberam? Política NOJENTA.
Se ela, que está próxima dos políticos corruptos, diz que a política praticada pelo poder e poderosos é nojenta, não serei eu a duvidar.
Se ele explodir, como ela está prevendo, vai jogar no ventilador.

Ricardo dos Anjos disse...

Isso se ele chegar a explodir... Mas há a possibilidade de explodirem ele antes.

Freddy disse...

Pela primeira vez gostaria de ver um homem-bomba (metaforicamente falando, antes que me enquadrem!) no Brasil. Ia ser interessante ver neguinho no governo pulando que nem pipoca para escapar dos estilhaços!
Mas já tô começando a achar que ele é que nem o Collor, com aquela pilha de pastas que seria um suposto dossiê contra o Lula... Só marketing...
Abraços
Carlos
PS: tô começando a achar melhor assinar Frederico... rs rs rs

Ricardo dos Anjos disse...

Por que não Karl Friedrich ?

Jorge Carrano disse...

A ideia não é ruim, não, Ricardo. Ele morou na Alemanha.

E ai Carlos Frederico? Vai de Karl?

Freddy disse...

Não. Talvez faça um post com explicações a respeito.
Abraços
Freddy (?!)