7 de fevereiro de 2023

Um ser ignóbil

 

Bolsonaro é execrável, abominável, calhorda, patife, ordinário, desprezível e muitos outros adjetivos que lhe caem muito bem. Até piores.

Estes conceitos inundam as páginas de cartas (ou Fórum) de eleitores dos jornais mais respeitados do país. Não os criei

E foi por isso mesmo que comemorei a vitória de Lula  que sempre considerei sórdido, apedeuta, torpe, safado, farsante e muitos outros adjetivos que lhe caiam muito bem.

Em certos aspectos parecem-se tanto que caberiam numa mesma moldura à perfeição.

Lula elegeu Bolsonaro que só não dará o troco (assim espero) por tornar-se inelegível (I hope so) e condenado inclusive por tribunal internacional (my best wishes)

A resistência do capitão (historicamente indisciplinado/rebelde, brigando por soldo, afastado do Exército) em deixar o poder; todo o estímulo aos seus seguidores a uma reação (de rebanho) diante de quarteis, não difere muito do comportamento do torneiro mecânico (também indisciplinado, demitido,  reivindicando aumento salarial), que virou político via atuação sindical.

Lembro que o  torneiro mecânico, face a ordem de prisão, também foi se abrigar na sede do sindicato na vã esperança que pudesse ser apoiado a não se entregar. Ficamos todos grudados na tela da TV aguardando o desfecho. Ele se entregará, a polícia terá que usar a força?

Preso por sua atuação sindical, durante o regime militar, simulou greve de fome para  sensibilizar e comover apoiadores; já o capitão, alvo de uma tentativa frustrada de atentado à faca, faturou o episódio politicamente, levando muita gente a se apiedar dele.

Populistas os dois são, penso não haver dúvida. Também se assemelham na pouca cultura formal. Seus  filhos, igualmente, se bem investigados, pelo passado, certamente terão contas a ajustar com a sociedade.

Corrupção ou negociatas e "rachadinhas", são atos vis,  censuráveis e condenáveis em qualquer tribunal isento.

Uma faceta do Lula que sempre me incomodou, desde que eleito presidente pela primeira vez, é a sua risível pretensão de se transformar em líder mundial. Personalidade internacional.

Em um mês, após a posse, encontrou-se para diálogo bilateral, com um rei, um vice-premier, um chanceler e 11 presidentes.

Tudo bem que precisamos conversar (e negociar) com todos os países, mas existem órgãos ad hoc para isso.

O Lula é mesmo exibicionista. O "Lula is the guy" do  Obama, alimentou mais ainda seu ego, sua pretensão de ser a maior personalidade mundial. Ele levou à vera.

https://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL1070378-9356,00-LULA+E+O+CARA+DIZ+OBAMA+DURANTE+REUNIAO+DO+G+EM+LONDRES.html

O discurso agora é intermediar a solução do conflito RússiaxUcrânia.

Menos, Lula, menos. Por favor desça do palanque, aliás evite subir. Outra coisa: pare de chamar de golpe o impeachment de Dilma.

Aconteceu nos limites e na forma preconizados na Lei do Impeachment - Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950.

Quem não lembra do comportamento de Jânio Quadros, detentor de expressiva votação, ao renunciar alegando "forças estranhas"? Ele esperava ser reconduzido nos braços do povo. Mas "deu tuim" para ele. Ninguém ergueu a voz, ou arregaçou as mangas, em seu benefício.

Lembram? Jânio condecorou Guevara. 

http://almanaque.folha.uol.com.br/brasil_20ago1961.htm


E, vejam his (Jânio) perfil estadista, proibiu as brigas de galo, como problema prioritário, quando o país enfrentava sérios problemas de gestão econômica, na saúde e na educação. 

https://m.facebook.com/850449165024613/photos/-18-de-maio-de-1961-j%C3%A2nio-quadros-pro%C3%ADbe-a-briga-de-galo%EF%B8%8F-foi-com-a-promessa-de-/2138286962907487/?locale=hi_IN


Já Bolsonaro, um tosco, se contentou com as pregações de Olavo de Carvalho (seu oráculo), e se espelhou no modelo Ronald Trump, consciente de sua baixa envergadura intelectual, política e cultural.

Lula envereda pelo mesmo perigoso caminho de conquistar status de líder mundial de minorias, de menos favorecidos.

Se e enquanto fica nos limites dos interesses dos brasileiros, é até louvável, mas quando ambiciona ser o paladino, o messias, o mecenas do terceiro mundo, exagera na dose.

E, de novo populista, quer usar o BNDES para financiar obras em países  pobres, sem garantias aceitáveis, exequíveis. Quase a fundo perdido. Como se o Brasil estivesse pronto e acabado bastando apenas apertar o start.

Não tem o talento - só pretensão - para estadista de foro  planetário.


Notas:

https://www.ebiografia.com/luiz_inacio_lula_silva/

https://www.ebiografia.com/jair_bolsonaro/

https://www.jota.info/eleicoes/jair-bolsonaro-a-trajetoria-militar-e-politica-do-presidente-que-busca-a-reeleicao-13052022

O Globo, edição de domingo, 29.01.2023, página 22.

7 comentários:

Jorge Carrano disse...


Por favor, Lula, deixe a Dilma no merecido ostracismo. Deixe-a descansar em paz. Não traga para os holofotes.

Não precisamos de ex-guerrilheiras, assim como não precisamos de generais de pijama.

Ela poderia bordar ou fazer crochê; e eles poderiam jogar damas, ou xadrez os que ainda têm miolos.

Jorge Carrano disse...


Nossa situação me remete à peça teatral "Seis personagens à procura de autor", de Luigi Pirandello.

Somos mais de duzentos milhões de criaturas, vivendo num pais de dimensões continentais, "onde se plantando tudo dá", a procura de um líder, de um gestor; ou quem sabe uma gestora tipo Angela Dorothea Merkel ou Margaret Thatcher.

RIVA disse...

O que está havendo com o amigo ?

O remédio é novamente amargo, muito mesmo. Todos sabiam disso, como o sabiam também há quase 5 anos.

A realidade é extremamente simples : A CONTA NÃO FECHA, E NÃO VAI FECHAR.

Se fechar será a muito longo prazo, com governos sérios, com credibilidade internacional, atraindo investimentos em sustentabilidade (geral), gerando empregos e consequentemente desenvolvimento social.

Até agora só rusgas e um governo que assume SEM NENHUM PROJETO, SEM PROGRAMA.

Com certeza eu não estarei mais por aqui se alguma coisa boa acontecer no Brasil, seja uma fraquinha luz no fim do túnel. Não verei. Torço pelos meus filhos, lá de cima.

PS : e o Al Hali al haliu !!!! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Jorge Carrano disse...


Pelo visto, Riva, ele tem projeto pessoal. O partidário pouco me importava, desde que fosse oposto ao do PL, do Waldemar Costa Neto (argh!) e do Bolsonaro (argh! argh!).

E o pessoal não me agrada. Parece que não aprendeu. Continua com vícios ideológicos ... rançosos.

Roberto Campos Neto é um bom quadro que deveria até ser reconduzido para um próximo mandato no momento oportuno.
Mas o populista, sem noção, implica com o neto do Bob Fields.

ATENÇÃO: não estou torcendo contra o Lula, mas alguém tem que frear o palanqueiro.

Programa do PT, Riva? Vou relatar um caso real que é bem a cara do PT, de uma facção que ainda tem voz ativa.
Erundina, eleita prefeita em São Paulo, adotou de imediato a seguinte medida: desaproptiar a mansção dos Matarazzo na Av. Paulista, para ali alojar um "museu do trabalhador".

Sob considerar que os Matarazzo eram símbolo do capitalismo perverso.

Eles são assim, e por isso aventureiros como o capitão foragido conseguem se criar na política.

RIVA disse...

Fui ali vomitar ......

Abrs

Jorge Carrano disse...


Voltando ao palpite infeliz do Lula sobre o Banco Central. Bem-feito!!!. Não tem apoio nem de sua base aliada.

Ele foi de uma infelicidade grande.

Volto a dizer, não torço contra, mas ele precisa baixar a bola.

Como dizia um personagem de humor: "menos Batista"


Jorge Carrano disse...


Rever a autonomia do Banco Central.

E a história de rever privatizações?

Essas falas inoportunas do torneiro (precisa tirar o macacão) só fazem assustar o mercado financeiro. Elevar cotação do dólar.