Meu primeiro emprego? Num banco. Chamava-se Banco Metropolitano, e pertencia ao Comendador Clarimar Fernandes Maia. Sim, tinha um dono.
A sede ficava na Rua da Carioca, e não tinha agências. Ao lado da loja de eletrodomésticos chamada "Castelo do Rio", que pertencia ao ... Comendador Maia.
Se você, leitor, tem menos de 40 anos, não vai acreditar no que vou narrar.
Sabe como era a "via crúcis" para resgatar um cheque? Ou seja, para sacar seu dinheiro? Ou o terceiro a quem você havia pago em cheque?
Você ia ao balcão, entregava seu cheque preenchido e assinado. Ele era levado ao setor de contas correntes (fui o chefe) a fim de ser conferida a assinatura do emitente (você) e verificado a saldo disponível em sua conta. Eu (ou o outro empregado do setor) apunha um pequeno carimbo, rubricava, e levava o cheque para o "Caixa". Esta (ou este) por sua vez, chamava pelo nome e atendia num guichê.
Pago o cheque ele voltava para a conciliação no final do expediente, ou seja, conferir se os cheques foram baixados nas fichas de controle de saldos (movimentação da conta corrente).
Em compensação, seu saldo rendia 0,5 % ao mês. Juro! E não era caderneta de poupança.
As agências funcionavam aos sábados, até meio-dia; e os funcionários homens tinham que usar gravata.
Alguns gerentes tinham valor de passe (como jogadores de futebol) porque tinham carteira própria de clientes que levava com ele para o banco que fosse. Empresários, profissionais liberais.
Trabalhava perto do famoso "Bar Luiz", que tinha comida alemã e chope/cerveja gelada. Mas eu comia mesmo numa pensão meio exclusiva, num sobrado na mesma rua da Carioca.
Por que estas reminiscências?
Porque hoje em dia os bancos estão fechando as agências de atendimento físico.
Ao contrário de antigamente, quando as grandes instituições ocupavam prédios imponentes, e faziam questão de ostentar, em placa de bronze, na parede lateral da entrada "PRÉDIO PRÓPRIO".
Era prova de solidez, de segurança.
Uma carta patente, difícil de obter, que autorizava o funcionamento, tinha enorme valor de mercado.
Atualmente temos a nossa disposição o "internet banking" e através deles pagamos todos os nossos compromissos (até programando o dia). E pelo visto, ficaremos livres das malsinadas greves que atrapalhavam nossas vidas.
O cartão magnético substituiu a moeda corrente, os cheques. E chegamos ao PIX.
Até moeda virtual, escritural, conseguiu espaço: bitcoins. Eu tô fora.
Sou pouco mais ou menos como o português da piada: ele entra no banco, vai direto ao caixa, e pede para sacar uma boa soma em dinheiro.
O "caixa" estranha mas vai ai cofre e trás a importância ($$$) solicitada. O português olha e pede para depositar na conta dele. Só queria se tranquilizar de que seu dinheiro estava guardado mesmo no banco.
Anos depois, já morando em São Paulo, enfrentei um grande desafio: criar o departamento de recursos humanos, no Banco Português do Brasil. Era novidade em banco. Só as grandes empresas industriais (especialmente as multinacionais) já haviam implantado o conceito.
Sabem onde era a sede, meu local de trabalho? Avenida Paulista com Bela Cintra. Putz! Ponto nobre, e eu na sobreloja de frente para a Paulista.
Vez ou outra frequentava a agência da não menos nobre Rua Augusta, que seria transformada em modelo, para treinamento de pessoal.
O controle acionário era da família Silva Gordo, e o (des)controle administrativo era dos filhos do patriarca.
Consta, não vi porque nunca fui convidado, que um dos filhos enchia sua piscina de sua casa com água mineral.
Não à toa, a gestão temerária irritou Delfim Neto, também por outros motivos, e o controle foi passado para o Itaú. E eu perdi o emprego. E voltei para Niterói.
Amador Aguiar, que começou mais por baixo (office-boy), elevou o Bradesco (Banco Brasileiro de Descontos) aos patamares hoje conhecidos.
5 comentários:
Depois das passagens em bancos, veio o périplo por indústrias: fósforos, têxtil, azulejos e ladrilhos, aços laminados, aços especiais e medicamentos.
Prometo que vou poupa-los de abordar cada uma destas atividades.
Tenho recebido mensagens de bancos oferecendo cartão de crédito sem anuidade.
Nenhum dops que conheço de nome, tradicionais.
Muitos das novas gerações não sabem que CADERNETA de Poupança era realmente uma CADERNETA, onde se anotava os depósitos e as retiradas. No meu caso, iniciei num tal de Banco Predial em Nikity, e mais tarde na Caixa.
Well, cheque morreu ! Dinheiro em espécie poucos carregam .... fica difícil até para dar a algum "sem teto" nas ruas, porque simplesmente não carregamos mais papel moeda.
Riva,
Seu comentário, sobre os "sem teto", pode conter uma boa sugestão para alguns bancos: oferecer aos desabrigados, sem custos, as maquininhas leitoras de cartões de crédito.
E, claro, abrir para eles uma conta movimento.
Será que os óbolos (donativos), atingiriam, num mês, o valor do bolsa família?
Acho que alguns já oferecem PIX quando vc diz que infelizmente não tem nada para dar ......
(pano rápido)
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