Meus avós maternos eram portugueses, assim
como minhas duas tias mais velhas (de um total de seis). Nasceram em
Viseu, ou Lamego, e chegaram aqui meninas.
Ambas casaram com portugueses
que já viviam no Brasil. Eram comerciantes. Um tinha padaria no centro da cidade do Rio de Janeiro, na Rua
Frei Caneca, próxima da Praça da República; o outro um armazém no bairro do
Grajaú, na Rua Borda de Mato. Eram classe média.
Usavam anéis, medalhas e
cordões de ouro, alardeando que era ‘ouro português’, por isso de alta
qualidade.
Estudante, ouvia na sala de
aula a professora falar nas nossas minas de ouro na época pós-descoberta. E que
o ouro extraído destas minas era todo levado para a coroa portuguesa. Ou na mão
grande ou em forma de tarifas (quinto do ouro).
Uma destas professoras afirmou, em alto e
bom som, que Portugal não possuía reservas do precioso metal, não extraía de
seu solo uma única grama do minério.
Ora, o que tínhamos com o orgulho dos
patrícios que aqui ostentavam joias de “ouro português”, não era outra coisa
senão propaganda enganosa, falsa identidade, estelionato, coisa do gênero.
Assim foi durante anos em relação às
exportações de matérias primas e importação de produtos manufaturados.
País agrícola e rico em commodities,
mandávamos para o exterior os produtos primários e importávamos chicletes.
Comprávamos produtos importados muitas
vezes fabricados com matéria prima brasileira.
No futebol, dá-se coisa semelhante. Saem
daqui os meninos, pedras brutas ainda em fase de lapidação.
Vai a matéria prima (jogadores) e
compramos o espetáculo pagando elevado preço pela transmissão (TVs) dos jogos
dos campeonatos europeus.
É bem verdade que alguns destes jogadores
exportados fazem seu pé de meia e retornam ao Brasil como produtos acabados,
consagrados.
Só que, na maioria dos casos, chegam com
problemas de ordem física, ou com pouca motivação, e já não rendem o esperado.
De novo somos prejudicados. Exportamos
atletas promissores e trazemos para nosso consumo chicletes, ou seja, jogadores
que embora mastigados são difíceis de engolir.
Nota: sobre o quinto do ouro acesse
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