Vocês sabem que existe um dicionário brasileiro da língua
morta? Sei lá, pode até haver mais de um. Mas só conheço um, e tenho. É este aí ao lado.
Muito interessante seja pelo cardápio de palavras ou
expressões que morreram, caíram em desuso ou foram substituídas por outras mais
contemporâneas, seja também pela forma bem-humorada como foram colocadas como
verbetes.
Não se trata de um dicionário de palavras ou expressões
necrosadas, posto que, aqui e ali, são usadas, em grupos restritos ou vetustos.
Os escribas barrocos.
Pessoas assim como eu que ainda falavam, até bem pouco, em “tríduo
momesco”, para desespero de meus filhos. Tão inusitado quanto falavam os
narradores de futebol mais antigos relatando, nos casos de lesões nos jogadores, que “o
facultativo adentra ao gramado”. Facultativo, no caso, era o exercente da
medicina.
Língua morta, é o latim. OK! Também não, eis que ele sobrevive nas expressões usadas por advogados para justificar os escorchantes honorários cobrados.
Se eu tivesse cobrado escorchantes honorários não estaria neste momento perpetrando estas mal traçadas linhas. Bingo!!!
Olha onde vim parar. Antigamente as cartas (não havia internet), começavam assim: "Espero que estas mal traçadas linhas vá encontra-la, assim como às pessoas que lhe são caras, gozando perfeita saúde."
Agora dou logo um exemplo para ilustrar melhor o que escrevi sobre o dicionário: “dar no pé” usávamos
no sentido de se mandar, cair fora.
Embora as palavras incluídas não sejam necessariamente
gírias, em alguns casos parecem. Querem palavra mais engraçada do que
desmilinguido?
E como um post outro dia publicado, tinha por tema a palavra
“xongas”, lembrei-me do dicionário do Alberto Villas, que repousava em minha
estante, sem uso, há já um decênio.
Quem diz hoje em dia que o filho de seu vizinho é “levado da
breca”? O menino é um capeta, é o que provavelmente seria dito.
O mencionado dicionário não esgota, claro, o enorme elenco de
palavras ou expressões fora de uso, que constituem a língua morta, como chama o
dicionarista.
Não encontrei, por exemplo, parangolé, ou bafo de boca, que usávamos
como conversa fiada, ou lábia. E entretanto há séculos não ouço alguém falar em
parangolé. Você tem ouvido?
Sim, é falho, ou incompleto, o dicionário, mas não deixa de
ter seu valor.
Querem outra palavra, que consta do Aurélio e outros, e
ninguém mais usa? Fatiota!
E pitel? Imagine-se chegando perto da Paola Oliveira e
sussurrar no ouvido dela: você é um pitel.
O dicionário da língua morta mencionado apresenta a palavra
grafada como acima: pitel; mas quer me parecer
seja uma corruptela de pitéu.
Cá para nós, pitel ou pitéu, convenhamos, é dose para mamute.
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