23 de agosto de 2015

Fumo, luto, nojo

Surpreendeu-me o Riva afirmar que nunca ouviu falar da tarja de tecido preto utilizada na lapela, ou, se não trajando paletó, presa ao bolso da camisa, em sinal de luto.

Bem, nos campos de futebol, vez ou outra os jogadores utilizam uma faixa de pano preto, na manga da camisa, quando falece um dirigente ou um ex-jogador da equipe, em sinal de pesar.

No passado o fumo (este é o nome da faixa de crepe negro) era usado pelos homens. Não lembro por quanto tempo, mas era bastante a julgar pelas fotos a seguir, nas quais meu pai usava em agosto de 1949 e ainda mantinha em janeiro de 1950.

Observem que além do fumo, ela usava óculos escuros mesmo em ambientes fechados e até à noite. Isto porque disfarçava as olheiras decorrentes do choro eventual. Este fato não era uma esquisitice dele. Era comum.

Na primeira foto, de agosto de 1949, ele estava (na frente, de óculos Ray-Ban) num diretório eleitoral, do deputado Raul de Oliveira Rodrigues, ao qual foi ligado politicamente durante anos, e que é nome de rua na região oceânica e de uma pequena praça na cidade.


Na outra (do mesmo mês e ano) ele está numa reunião política no Sepetiba F.C., do qual foi presidente um período. Está na cabeceira da mesa, tendo a sua direita o deputado Raul de Oliveira Rodrigues.

E finalmente na terceira, estamos a família num almoço (também encontro político), em janeiro de 1950, realizado no IPC - Icaraí Praia Clube (demolido recentemente para construção de um condomínio na praia de Icaraí).


Minha mãe está de roupa xadrez, tendo a sua direita minha irmã Ana Maria (frequentadora do blog) , e na sequência minha outra irmã (Sara - falecida) e eu mesmo aos nove anos de idade, ambos olhando para trás.

Olhaí, Riva, por sua causa fui remexer no baú da família.

Para encerrar informo que na legislação trabalhista o período que sucede ao falecimento de ente querido (ascendentes e descendentes), chama-se nojo. E a lei assegura ao trabalhador licença para faltar  justificadamente ao trabalho.

O Generalidades especializadas também é cultura (rsrsrs).

10 comentários:

Jorge Carrano disse...

Quero chamar a atenção do Anônimo (também sumido), que aquela "senhorinha risonha" já foi uma menina muito bonitinha, e que se revelou desde cedo muito gulosa para comida.
Repare (na foto) que ela não virou o pescoço para olhar a câmera, como fizemos e fixou a atenção nas comidas (rsrsrs).

Riva disse...

Conforme comentei anteriormente, não sabia que a tarja preta se chamava fumo. Tarja preta até eu usei, na época do Collor, uma braçadeira.

Show essa última foto, muito legal.

Agora, com todo respeito, na década de 60 era a maior bandeira usar óculos escuros assim .... kkkkkkkk ...Quem não tem colírio usa óculos escuros !!! rsrsrsrs.

PS: usei muito kkkkkkkkkk

Jorge Carrano disse...

Nas décadas de 1940 e 1950, quando feitas estas fotos, eram absolutamente up to date os óculos "rayban".
Aliás que atualmente, nos funerais, parentes e amigos do falecido comparecem para o velório e sepultamento, com óculos escuros (modernosos, claro).

Ana Maria disse...

Eu conheço os termos fumo e nojo. Só não entendo o motivo deste significado..
Realmente, desde cedo eu não tinha paciência para discursos e poses para fotografia. Esta foto, provavelmente foi feita em inauguração do restaurante da Cofap (Comissão Federal de Abastecimento e Preços)que funcionou no Barreto - Niterói. Lembro que foi quando conheci a imagem do Mestre Cuca e seu enorme chapéu.
Estou certa, Jorge. Na foto eu tinha 5 anos e pouco me lembro desta idade.

Jorge Carrano disse...

Segundo anotação manuscrita, no verso da foto original (sistema analógico), feita por nosso pai, de próprio punho, o evento era um almoço de confraternização, ocorrido no IPC, em janeiro de 1950.
Se eu contava 9 anos, você tinha 4, não é isso?
As outras duas fotos são de 1949, ano que faleceu nosso avô.

Ana Maria disse...

Se papai disse não sou eu que vou contestar. Afinal eu estava com 5 anos.

Jorge Carrano disse...

E não é só de memória que você vai mal, Ana Maria, de matemática também.
Em Janeiro de 1950 você AINDA tinha 4 anos de idade.

Ana Maria disse...

Quanta precisão! rs

Jorge Carrano disse...

Coisa de advogado (rsrsrs).

Riva disse...

Lembram do rinoceronte Cacareco, nas eleições de 58 ?

Pois bem, quando eu tinha 6 anos, não sei porque, meus pais me levaram para jogar futebol de salão num time chamado Cacareco, no IPC.

O uniforme era uma camiseta branca com o rino em preto desenhado no peito. Foi minha 1ª experiência real com futebol fora do meu quintal, e uma rara lembrança do Riva aos 6 anos de idade.

Não tenho quase lembrança nenhuma de quando era bem pequeno. Um flash aqui, outro ali, e esse é um deles.

Voltei a frequentar o IPC mais ou menos em 1987, quando comecei a jogar tênis, e a quadra de futebol de salão tinha se transformado em uma rara quadra coberta de saibro para jogar tênis, hiper disputada em Niterói.

Carrano, seu pai era sócio ou frequentava o IPC, ou foi só uma comemoração isolada ?

Tênis, um esporte admirável, que infelizmente descobri tardiamente. Joguei por uns 3 anos, e tive que parar, devido à minha brutalidade ao sacar. Meu braço não aguentou minha explosão ... rsrs. Sinto falta ...

Migrei então para o squash, que parei também, assim como o futebol que joguei por 21 anos no Abel, por força dos horários de trabalho no Rio.

Agora é um risco voltar ... talvez duplas de tênis. Peteca e bocha estou fora ..... rsrsrs.

Amanhã vou finalmente conhecer aquilo que hoje chamam de Maracanã. Para mim é um novo estádio, que nada tem a ver com o Maraca que está nos quadros pendurados nas paredes da nossa memória (hein, Alessandra ?). Vou a trabalho, auditar a manutenção do estádio.

That´s all folks !

PS : #VaiEnderson