4 de junho de 2014

MEUS TEMPOS DE ESCOLA - Cap. 1


Por
Riva





Cartesiano que sou, e com DNA de processos, vou tentar escrever para vocês, respeitando a exata cronologia dos eventos, emoções, sentimentos, penso eu para uma melhor compreensão e acompanhamento de todos. Não sei quantos capítulos vai dar, e por isso enumerei esse como o Número 1. Vamos lá.
Cidade de Niterói ........

As lembranças começam em 1958, na alfabetização do Colégio Marilia Matoso, no Ingá. Antes disso, nada .......

Para mim é muito forte a 1ª Comunhão, com aquela vela apavorante em minha mão, pronta para derramar um pingo fervendo nos meus dedos. Inesquecível.
Lembro também da minha mãe, na cama dela, cega, me ensinando a escrever em casa, a preencher cadernos e cadernos de caligrafia. E eu chegava na escola sempre sabendo fazer mais coisas do que as outras crianças.

Lembro perfeitamente dos meus lanches nos recreios das manhãs : o café com leite que eu levava, e um pão com manteiga. Mas eu sempre estava de olho no pão com ovo frito que um colega ia buscar em casa no recreio, pois ele morava exatamente ao lado da escola. Acho que é por isso que adoro pão com ovo até hoje .... só de escrever já me deu vontade de ir na cozinha fazer um !

Lembro da mobília do Marília Matoso : cadeirinhas e mesinhas de madeira azul escura. Lembro também de uma vez que fui ao banheiro, que era individual, e tive que gritar para me tirarem de lá, pois a porta emperrou ...rsrsrs.

Uma coisa muito interessante aconteceu comigo, exatamente como ocorreu com a Cláudia : em 1959, com 6 anos (faria 7 em junho), estava dentro da sala de aula da 1ª série primária, quando uma professora veio e me tirou da sala, me colocando em outra sala, com crianças “maiores” do que eu. A ficha demorou a cair, até eu entender que estava “pulando” a 1ª série, e tinha sido colocado direto da Alfabetização para a 2ª Série, pois como minha mãe depois falou, “eu era muito inteligente para estar naquela outra sala” (sic).

Não sei como consegui me adaptar, mas sei que não foi nada fácil. E logo logo comecei a ser usado em competições indiretas da minha mãe, tal como com meu irmão Freddy, para ser o 1º da classe. Meu rival era um tal de Mauro Valente. O problema é que eu era eu, Freddy era Freddy, e Mauro era Mauro ...  #simplesassim.

Da 2ª Série Primária, também me recordo do medo que senti por ocasião do episódio das Barcas Rio-Niterói incendiadas, das manifestações em Niterói naquele 22 de maio de 1959. Estava na escola quando meu pai chegou de carro para me levar para casa, antes do recreio, e as crianças dizendo que a cidade estava pegando fogo !

Não sei porque lembrei-me agora da minha capa de chuva, de plástico, que eu achava fedorenta e não suportava usar nos dias de chuva. Estou sentindo agora, exatamente agora, o seu cheiro ! rs.

Foi nessa época que despertou em mim a atração por canetas e lapiseiras (coleciono até hoje), e ganhei a minha primeira lapiseira 0,9 mm azul, que era minha cor preferida. Meu irmão Freddy ganhou uma igual, verde, que era sua cor. Acreditem, até hoje vende-se essas lapiseiras em NY, numa papelaria chamada Arts Brown. Emocionante reencontrá-las.

Não tenho recordações da 3ª Série Primária, mas lembro como se fosse hoje do episódio que determinou minha saída da escola Marília Matoso. Prova de português, tirei 7 e Mauro Valente tirou 9 ou 10. Minha mãe recebeu o boletim que levei para casa. No dia seguinte, fui para a escola no ônibus tradicional, e lá pelas tantas, fui retirado da sala por uma funcionária e entregue à minha mãe e meu pai no pátio.

Estava fora da escola, e imediatamente transferido para o Externato Halfeld, na rua Álvares de Azevedo, em Icaraí. Acho que era setembro ou outubro, de 1960. Eu já tinha feito 8 anos de idade.

(continua)

14 comentários:

Jorge Carrano disse...

Quem frequenta o blog já conhece, para quem está de passagem informo que o Riva, que na pia batismal recebeu o nome de Paulo Ricardo, é tricolor "de coração", como no hino, e aprecia Led Zeppelin acompanhado de um Johnnie Walker, ou vice-versa.

Jorge Carrano disse...

A Claudia citada no texto está, no blog, em
http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2014/05/parece-que-foi-em-outra-encarnacao.html

(copy and paste)

Helga Maria disse...

Se tirar nota 7 tivesse como consequência mudar de colégio eu teria frequentado todos da Serra Gaúcha, desde Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Carlos Barbosa, Gramado e Canela só para citar as cidades mais conhecidas.
Deve ter outra razão oculta.
Helga

Freddy disse...

A lapiseira é Eversharp, se não me falha a memória. Não a tenho faz tempo.
Boa lembrança, a da capa de chuva! Era de plástico mesmo, mal cheiroso, e como era absolutamente impermeável, eu ficava tão molhado por dentro (suor) como por fora! Trauma: nunca mais quis usar capa de plástico, apesar de ter de fazê-lo algumas vezes em Bariloche, Orlando e Gramado. À força!
O que Riva lembra com relação à merenda versus pão com ovo é similar ao que aconteceu comigo com relação ao pastel no Alzira Bittencourt.

Vale observar que até hoje não vejo explicação para o que foi feito com a vida escolar de Paulo (Riva). Com certeza teve como motivação a obsessão de nossa mãe pelo desempenho e competição, não permitindo a ele evoluir em seu ritmo pessoal. Como hoje se sabe, o sucesso profissional tem menos a ver com as notas na infância que com a perseverança quando adulto.
=8-)
Freddy

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

Posso estar enganado, mas conheço esse cara do Abel. Peladeiro. KKKK
Beto

Jorge Carrano disse...

Peladeiro é ? KKKKK
E aí Riva, vai deixar barato?
Esse Beto deve ser um Roberto ou Alberto que não joga nada e está tirando sarro.

Jorge Carrano disse...

Riva,
Cadê você?

Riva disse...

Por partes rsrsrs :

Parte 1
Estava viajando, e depois estudando. Aterrissei no planeta Azul há pouco.

Parte 2
Helga, o problema é de simples compreensão. Freddy, meu irmão, só tirava 10, e sua concorrente Sheila Mara só tirava 9.
Eu só tirava 7 e meu concorrente Mauro Valente só tirava 9 ou 10. Ele era melhor do que eu.
Mas minha mãe achava que era perseguição da professora, e me tirou da escola. #simplesassim

Parte 3
Beto ??? Hmmmm ... ou é um médico nanico que jogava igual a uma enceradeira (girando sobre o próprio eixo sem passar a bola pra ninguém), gente muito boa, ou é o Betão, violento, porrada pura kkkk, e grande amigo das inesquecíveis noites do Abel ! Goleiraço e zagueiraço. Foram 21 anos ali rsrsrs

Parte 4
O último parágrafo do comentário do Freddy .....

"Vale observar que até hoje não vejo explicação para o que foi feito com a vida escolar de Paulo (Riva). Com certeza teve como motivação a obsessão de nossa mãe pelo desempenho e competição, não permitindo a ele evoluir em seu ritmo pessoal. Como hoje se sabe, o sucesso profissional tem menos a ver com as notas na infância que com a perseverança quando adulto."

Voei alto nessa !

Nunca a obsessão de nossa mãe foi motivação para mim ....na verdade, sou engenheiro para sacanear ela, pois como Freddy, o primogênito, já tinha escolhido ser engenheiro, ela decidiu que eu tinha que fazer Medicina. E fiz Engenharia.

E muitas outras coisas ... música clássica x rock, piano x violão, etc .....

Na verdade, agradeço a ela essa obsessão, porque tomei todos os caminhos certos na minha vida, de acordo com o meu DNA !

E o mais legal disso tudo é que aprendi a respeitar, a entender a diferença entre as pessoas, irmãos, criados sob o mesmo teto ...são indivíduos diferentes.

E assim criei meus 3 filhos, totalmente diferentes uns dos outros, sob o mesmo teto, sem conflitos, amigos, e pessoas maravilhosas. Valeu mamãe !

Em resumo : ao contrário do que Freddy acha que aconteceu, segui meu ritmo, diametralmente oposto ao de Freddy, pq somos diametralmente opostos, apesar do esforço de nossa mãe em tornar-nos iguais.

Isso deve acontecer aos milhares por aí, e aconteceu conosco. O resultado final foi bom : ele é ele, e eu sou eu kkkkkkk !

Incógnita disse...

Parece que este blog vai desencadear um processo de catarse.
Recordações de infância, família, traumas, competições... Vale como uma sessão de terapia.

Freddy disse...

Acho que escrevi algo em português ininteligível. Relendo a frase, admito que errei a colocação da ideia. Talvez eu devesse ter escrito:

"O motivo do comportamento de nossa mãe trocando Paulo de escola mais de uma vez pode ter sido sua (de nossa mãe) obsessão por desempenho e competição, não permitindo a ele seguir seu ritmo normal"

Mas tentar consertar agora não tem mais importância alguma. Que valor esses detalhes acrescentam a quem está lendo o blog?

=8-/
Freddy

Jorge Carrano disse...

Incógnita,
Este blog é refratário e inoxidável (rsrsrs).
Temos sofá virtual e confessionário estofado, também virtual, para não machucar os joelhos.
Atendimento com hora marcada. Aceitamos todos os planos de saúde.

Riva disse...

Esse blog é sensacional !

Voltando ao ponto de ?! : meu ritmo normal foi seguido, apesar da impressionante obsessão de nossa mãe em nos fazer iguais .... duas pessoas totalmente diferentes.E "caía no roçado", como diz meu amigo Paulo Ranquine, para não ficar em casa sob esse jugo.

Em relação aos estudos, virei uma espécie de CDF somente nos 2 últimos anos da Faculdade de Engenharia, por 3 motivos simples :
- as matérias eram muito interessantes, e focadas realmente em engenharia civil. Eu já trabalhava na construção civil, e o que era ministrado em sala de aula me ajudava no campo, e vice-versa. Acabou aquela tortura FDP de Física, Química e Cálculo Numérico ! Argh !!!
- eu sabia que se não "metesse a cara" não me formaria. E resolvi estudar muito.
- e precisava me formar para poder me casar, pois já estávamos noivos.

Conclusão : toda aquela competição implementada em casa por nossa mãe, entre nós dois, e entre nós e alguns amigos, foi-me super benéfica, para entender muito cedo que duas pessoas NUNCA serão iguais, mesmo criadas dentro do mesmo ambiente. As diferenças EXISTEM, e devem ser respeitadas.

Eu captei isso, e lutei para ser eu mesmo. Deu certo, com algumas escoriações não generalizadas ! rsrsrsrsrs.

E tudo isso valeu demais !

Sds TETRAcolores, vamos trucidar a ITALIA !!!

Jorge Carrano disse...

Gostei da primeira frase. Irretocável sob todos os aspectos: forma, conteúdo, grafia e concordância gramatical
Obrigado, Riva.
No final do ano não esquecerei e enviarei canetinha esferográfica, calendário e chaveirinho do Generalidades Especializadas.
Abraço