14 de fevereiro de 2014

Gestos, atitudes e perguntas desnecessárias


Vamos começar com o português (língua) utilizado no título. Meus filhos, vira e mexe, depois de visitarem o blog,  corrigem (via e-mail) minhas agressões ao idioma pátrio.
Meu amigo Ricardo dos Anjos andou fazendo o mesmo umas quantas vezes, o que me deixava grato.
Mas e o título? Como deve ser feita a concordância? Quanto ao número parece não haver dúvida, é plural. Mas e quanto ao gênero? Escrevo desnecessárias para combinar com perguntas? Ou coloco no masculino, para combinar com tudo: gestos, atitudes e perguntas?
Cartas para a redação.
Vamos aos gestos e/ou atitudes  desnecessários.
Se você está numa parada de ônibus, com outras pessoas, quatro, cinco ou mais, repare que todas farão sinal para o veículo quando da aproximação deste. Parece que se você não fizer o sinal não poderá embarcar porque o motorista parou atendendo ao sinal efetuado pelo outro.
Hoje eu já estava no ônibus  (linha 53) e observei que ao se aproximar de uma parada na rua Tavares de Macedo, as cinco pessoas que aguardavam fizeram o sinal agitando os braços. E, interessante, parecia um movimento sincronizado visto do ônibus. Levantaram e agitaram as mãos conjuntamente.
Outra situação, ainda no campo das atitudes, absolutamente dispensáveis, mas inevitáveis é quando você está aguardando o elevador no quinto ou quarto, ou qualquer outro andar e se aproxima outra pessoa. Ela certamente ira até o botão e o acionará.
E tantos quantos venham para descer farão a mesma coisa. Digo mais, podem observar, algumas pessoas,  mais impacientes, apertam o botão de chamada várias vezes, como coisa que a máquina registrasse as novas chamadas e, preocupada com a insistência do passageiro, viesse mais rápido ao andar.
O mesmo acontece no embarque no elevador, todas irão ao botão indicador do "térreo", mesmo que o botão esteja aceso pois acionado.
E as perguntas tolas, meramente retóricas, ou de início de conversa?
Você vai ao mercado São Pedro e pergunta ao peixeiro: esse robalo é fresco?
Na piada antiga, o peixeiro responderia: “não, o jeitão dele é assim mesmo.”
Vou dar um tempo de reflexão e entendimento da piada. Algumas pessoas são mais lentas de raciocínio.
 
 
Deixemos de lado a piada e vamos a um caso corriqueiro. Você entra no Mercado São Pedro, com o indicador aperta a carne do cherne e pergunta ao balconista: este peixe está fresco? Que resposta você espera? Certo, essa mesma.
Seria surpreendente se ele dissesse que “não, não está fresco, ele está aqui na banca há duas semanas e ontem faltou gelo; se eu fosse o senhor não compraria”.
Pergunta tola, seja apertando o peixe com o indicador para ver a consistência da carne, seja abrindo e examinando as guelras.
Outra pergunta formal,  tola e desnecessária. No restaurante, onde você está pela primeira vez,  depois de examinar o menu, chama o garçom e pergunta: “como está este traseiro de cabrito, está bom?”
Ele, na certa, vai se curvar até próximo ao seu ouvido e em voz sussurrada dirá: “esse cabrito está mais para bode velho, carne dura”. E acrescentará “pede o macarrão à bolonhesa, porque a carne moída está há muito tempo no freezer, mas a massa foi comprada esta semana.”
É essa a resposta que você espera, ou ficará aliviado se ele disser que “está ótimo, com tempero e molho excelentes, feito com bom vinho.”
Se você é realista, faça as perguntas cujas respostas são conhecidas. Se é otimista peça para que o traseiro venha  bem assado. Agora ingressamos no rol dos pedidos que nunca são atendidos
Pedido o ponto do bife, por exemplo, você será servido de uma carne estorricada, dura e sem gosto como palha.

9 comentários:

Jorge Carrano disse...

As pessoas que corrigem meus inúmeros e frequentes erros de grafia, concordância e significado de palavras, por um lado alegram meu coração, pois leram o texto, por outro lado enriquecem este mesmo texto.
Obrigado a todos.

Jorge Carrano disse...

Ocorreu-me escrever sobre as perguntas tolas porque hoje ao comprar aimpim, perguntei ao vendedor se iria cozinhar bem e ficar macio.KKKKKK

Riva disse...

É aimpim ou aipim ?

Riva disse...

Voltando ao post .... eu ando me policiando sobre correções da língua portuguesa. Os motivos são simples :

- todos erra
- todos não sabe escrever mais , sem falar na horrorosa caligrafia
- todos reclama das minhas desagradáveis correção que costumo fazer, quando vejo alguma coisa escrita errada
- o Twitter virou uma escola de burrice .... e os aluno é tudo bom aluno. Eles aprende rápido.

O mais preocupante nisso tudo é a imagem da empresa ... vejo cada email sair da empresa ! Sou de uma geração que primava pelo bom português (embora minha nota máxima tenha sido 6, no Primário rsrsrs), e boa caligrafia.

Fazer o que ?

Quanto às tolas perguntas e gestos .... realmente, uma loucura geral mesmo.

Mas tolas mesmo são as atitudes que presencio dentro do 49, de vez em quando :
- Oi, alô, estou chegando ...não...to em frente à Pedra do Índio. Beeeeeijo.

2 minutos depois :
- Oi, ainda não, estou chegando ... tá bom .... estou em frente à Presidente Backer. Beeeeeeeeeijo.

A Oi/Claro/Vivo/Tim agradecem ... ou agradece.

Alguém vai de corda aí ?

Jorge Carrano disse...

Caro Riva,
O certo é macaxeira ou mandioca (rsrsrs).
O cara que vende, na Tavares de Macedo com Pereira da Silva, diz aimpim, mas os mais atentos e cultos, como você, dizem e escrevem aipim.

Jorge Carrano disse...

Para enforcar quem, Riva?
Aos que cultuam o idioma casto e puro ou àqueles que o agridem o tempo todo?
Se é para os segundos faltará corda no mercado. (rsrsrs).

Jorge Carrano disse...

Para quem ainda não entendeu a piada explico que no passado (na época desta piada)fresco era uma forma eufemística para viado. Assim como bicha.
Agora seria gay, mas ai estraga a piada.

Riva disse...

Amigo, no Twitter a corda é utilizada por nós mesmo .... os que cultuam as coisas naturais e "corretas" .... todos se enforca ! rsrs

Freddy disse...

Vou contar uma, infelizmente esse garçom faleceu pouco depois de se aposentar. Grande Góes...
Era o meu preferido no ótimo restaurante Solar do Tâmega, à R. Senador Pompeu, 106. Eu, que não gosto de lula, salivava quando alguém a pedia com arroz e brócolis. Que aroma delicioso, mas a textura dela não desce... Bem, quando me apetecia frutos do mar, optava pelo camarão com arroz e brócolis, que era excelente.

Voltando ao Góes, eu perguntava, por exemplo:
- Góes, como está a coxa de frango hoje?
Ele me respondia, sério como sempre:
- O bife à milanesa está excelente, doutor Carlos!
Fecha o pano!
<:o)
Freddy