3 de fevereiro de 2014

Educação por decreto


Antigamente, acreditem vocês mais jovens, ou não, as mães educavam seus filhos. Não estou fazendo ficção, era a pura realidade.

Como faziam? Com recomendações que se não obedecidas eram seguidas de castigos ou palmadas na bunda. Outra coisa que era possível, sem riscos de acusação de maus-tratos, pois era politicamente correto. E funcionava.

As recomendações eram sobre coisas triviais, comezinhas, como por exemplo: “não mastiga com a boca aberta”; ou “tire os cotovelos de cima da mesa”.

Como e quando elas - as mães - podiam fazer isto? Simples, nos horários de refeição. No almoço e no jantar, já então com o pai, geralmente, presente à mesa. Almoçavam todos juntos, mãe e filhos. Sobremesa só se comesse toda a comida (era pecado e desperdício deixar no prato). E ninguém levantava antes que todos tivessem terminado.

AH! Claro, as mães não trabalhavam (senão em casa). Por isso tinham o tempo e a oportunidade de ensinar. O papel de prover o sustento ou subsistência da família era função do pai, macho alfa.

Família? Você não sabe do que estou falando? Eu vou explicar. Um homem e uma mulher sentiam algum tipo de atração um pelo outro. A atração podia ser física, intelectual ou sentimental. Dai casavam (na maioria dos casos), ou simplesmente decidiam compartilhar suas vidas sob o mesmo teto.

Dormiam juntos e faziam sexo, não casual, na maioria das vezes. Ocorria das mulheres engravidarem e a criança que nascia tinha pai e mãe, cujos nomes constariam na carteira de identidade, passaporte e outros documentos.

Quando repetiam a dose (de fazer sexo), sem uso de preservativo ou adotando algum outro controle natural ou artificial, acontecia da mulher engravidar, de novo. Então já era um casal com dois filhos. A isto chamávamos de núcleo familiar. E esta família crescia porque os filhos casavam, pelas mesmas razões e, pelos mesmos meios tinham filhos que viravam netos do primeiro casal, encorpando a família. Acho que não preciso repetir o ciclo, deu para entender, pois não?

Voltando aos papeis do casal, formado por um homem e uma mulher – pode acreditar pois havia casais assim – cabia à mulher gerenciar a casa. Este papel compreendia tarefas domésticas cansativas e pouco valorizadas, e também a educação básica das crianças.

Se as tarefas domésticas eram cansativas e sem charme, levantar pela manhã cedo e pegar o bonde, a barca ou o trem para chegar no horário ao trabalho, também não tinha nenhum glamour. E isso era tarefa do homem.

Havia respeito e espelhos a serem seguidos. Dos pais e das mães.

A mãe, e o pai, ensinavam e pregavam o respeito aos mais velhos, com recomendações curtas e diretas: “não intervenha na conversa dos adultos”; “agradeça as gentilezas que lhe fizerem, diga muito obrigado”; “de prioridade aos mais idosos deixando-os se sentar no lugar mais confortável”; “deixe-os entrar na frente”.

E tinha os exemplos. Ocorria de num coletivo entrar uma senhora grávida e seu pai levantar-se para ceder o lugar. Você via aquilo de uma maneira tão natural que ficava incorporado aos seus hábitos.

Hoje, estas pequenas atenções com as grávidas e mais idosos é imposta por leis e regulamentos e ainda assim muita agente descumpre da maneira mais deslavada.

Hoje, mesmo, e não no sentido de atualmente como acima, estava sentado num dos bancos amarelos preferencialmente destinados aos deficientes, idosos e grávidas. A meu lado, na cadeira mais junto ao corredor uma adolescente (aparentava 17 anos). Entrou uma senhora e postou-se, por falta de assento disponível, diante do banco onde estávamos. Como a menina/moça/mulher não se mancou, pedi licença para poder passar e ceder o lugar para a senhora.

E a mulher/moça/menina continuou tranquila e serenamente sentada como se nada tivesse acontecido.

O que antigamente era ensinado em casa, pela mãe, hoje precisa de lei e nem assim é obedecido. E tem uma placa de advertência bem ao lado do assento, informando que a preferência é para as pessoas com estas condições.

É claro que já presenciei várias vezes pessoas cedendo ou oferecendo seu lugar, inclusive para mim que denuncio, pelos cabelos e barba grisalhos que já passei do ponto e estou muito maduro.

Engraçado é  que esta gentileza de oferecer-me o lugar é também de iniciativa de senhoras nem tão jovens (apenas mais do que eu), mas que tiveram mãe em casa ensinando  boas maneiras.

Vou voltar a este tema (e isto é uma ameaça), porque não escrevi tudo que pretendo deixar claro a respeito de algumas mudanças sociais que resultaram extremamente nocivas à própria sociedade.
Para encerrar de maneira mais amena e menos crítica, vou contar uma piada muito antiga, mas que os mais jovens não conhecem. É a propósito de ceder o lugar para grávidas nos coletivos. Entra uma jovem mulher e olhando para um homem sentado comenta em voz alta: "não tem mais cavalheiros que oferecem o lugar para as mulheres grávidas". O homem dá um salto, se desculpa e diz: "não percebi que a senhora está grávida (o ventre não denunciava). E ela sentando, retruca: "pudera, tem apenas meia hora". 

6 comentários:

Riva disse...

Nesse exato último fim de semana coloquei no Face da minha esposa um post sobre o assunto. Está cada dia mais difícil.

Assistimos diariamente cenas muito ruins de total falta de educação e desrespeito ao próximo. Minha esposa anda meio assustada porque ainda acho que tenho 25 ou 30 anos, e tenho reagido mal às vezes.

Nesse fim de semana parti pra cima de um motoqueiro (não é motociclista) em Friburgo, e ela ficou muito nervosa, porque o cara podia estar armado, etc, além do que, era bem mais novo que eu.

Tenho tentado me policiar, mas está no DNA.

Hoje cedo já comecei mal. O catamarã Charitas x Pça XV das 8 horas só saiu à 8:25h !! E que se danem os usuários !

Algumas pessoas esbravejaram com os funcionários da CCR, mas como sempre, foram vistos como ETs agressivos.

E foi assim, aos pouquinhos, aos olhos assustados e míopes da maioria, que o NAZISMO cresceu na Alemanha. Assim mesmo, exatamente assim.

No GROBO de ontem, o Gilson Monteiro colocou que a Prefeitura de Niterói está implementando uma máquina de marketing, para alardear os feitos da gestão, e bombardear as críticas ....

Lembram de Goebbels ?

Freddy disse...

O jeitão leve e solto do texto esconde pontos polêmicos como o atual papel da mulher no núcleo familiar. Por pressão econômica e mesmo pela realocação da mulher na sociedade, grande parte delas escolhe ter um papel parelho com o do homem.
Isso muda a relação intrafamiliar e torna praticamente impossível um enredo como o de antigamente.

O que falta, a meu ver, é uma adaptação, na qual se criariam novas oportunidades para pais e filhos se comunicarem com maior frequência quando juntos, porém há intransponíveis obstáculos...
Os maiores ofensores da família atualmente são o smartphone e seu primo tablet, que vieram jogar a pá de cal na TV, que foi a precursora da desagregação familiar.

Estudiosos de sociologia estão tendo de reescrever todos os livros (virtualmente, claro) mas não terão tempo de publicar suas conclusões porque o cenário já terá mudado novamente e novos livros teriam de ser escritos e o ciclo se repetirá cada vez mais veloz.
A humanidade, por vários motivos concorrentes, irá para o brejo.
=8-/
Freddy

Jorge Carrano disse...

O brejo é logo ali.
As novas famílias, constituídas a partir de duas pessoas do mesmo sexo, produzirão uma sociedade sem identidade, sem discernimento, sem valores éticos e morais. Teremos um mundo amoral (sem conceito de moralidade).
Nem vou continuar o post,como pretendia, pois iria enveredar por um caminho crítico que desagradaria aos fãs das novelas das 9 horas e aos que se acham politicamente corretos adotando discurso licencioso, de liberdade sem freio e contrapeso.
Espero não estar aqui para presenciar.

Helga Maria disse...

Estamos criando uma sociedade permissiva. Eu preservo valores e costumes adquiridos de meus antepassados. Mas sou careta para os mais novos da família.
Helga

Ana Maria disse...

Este tema é por demais complexo para ser resumido assim. Entre a fase das famílias que ele descreveu e hoje, aconteceram muitos fenômenos. O macho Alpha ficou incapaz de sustentar sozinho sua família (ou famílias que formava nos 4 cantos da cidade). O percentual de mulheres que criam sozinhas seus filhos, aumenta dia a dia.
Evolução ou involuçao ? Eu sigo minha vida aproveitando as benesses da vida moderna, porque sei que, a cada geração mudam os costumes e a ética da sociedade.

Riva disse...

Lendo os comentários, fiquei com a impressão de que não me inseri no contexto do post ..... rsrsrs

Abração