Não esperem encontrar aqui comparações entre estas duas
antigas profissões, senão uma observação de que as primeiras já
asseguraram em lei os direitos
trabalhistas inerentes a todo os trabalhadores. As segundas ainda não.
E foi uma matéria sobre a luta das putas para assegurar um
mínimo de direitos, publicada no jornal A Tribuna do Advogado (nº 525,
abril/13) que me chamou a atenção para alguns fatos.
Pularei a época da escravatura e me vejo nos anos 1940. Além
das primas do interior, os jovens iniciavam sua vida sexual com as domésticas.
Não, não eram todos os jovens, e nem todas as domésticas se dispunham, mas era
muito comum.
Naquela época, os pais de filhos homens apregoavam “prendam
suas cabritas porque meus cabritos estão soltos”. E coisas do gênero. Os
adolescentes que possam estar lendo agora este texto não acreditarão, mas
muitos casamentos foram realizados para reparar “o mal” que um rapaz teria
feita a uma donzela. Por vezes com a coação irresistível de arma apontada para
o garanhão e/ou seu pai.
Mas as domésticas, assim como algumas escravas no tempo
senhorial, tinham que abortar se, eventualmente, engravidavam.
Recursos como preservativos, pílulas e outros não estavam
disponíveis ou eram de difícil obtenção para os jovens. A hoje popularizada
camisinha, anunciada até na TV, era comprada a alto custo, na surdina.
Tive um amigo que, já por volta dos 15/16 anos nem sabia o
nome correto do preservativo, e que para gargalhada dos demais da turma falava
“camisa de vento”. Ou seja, ele só
conhecia de ouvir dizer e ainda assim ouvindo errado.
Bem, vamos as putas.
Falo das profissionais que estão em luta pelo reconhecimento de seus direitos.
Não mencionarei as amadoras, diletantes, tipo “se acaso me quiseres, sou dessas mulheres que só dizem sim”. Estas só
procuram prazer, ou se contentam com uma “coisa à toa, uma noitada boa” ou até,
antecipando a letra do Chico Buarque, um “sonho de valsa”.
Para os desavisados, informo que Puta foi uma deusa na mitologia romana, de pouca significância, no ramo da agricultura, dedicada apenas a poda das árvores. Muito pouco mesmo. Mas em compensação suas sacerdotisas, nas louvações na época da poda, promoviam orgias e bacanais. Daí que...
Ainda demonstrando erudição wikipediana, acrescento que a palavra puta etimologicamente vem do latim e significa poda, que se grafa não com "ph", mas somente com "p" mesmo em português.
Para os desavisados, informo que Puta foi uma deusa na mitologia romana, de pouca significância, no ramo da agricultura, dedicada apenas a poda das árvores. Muito pouco mesmo. Mas em compensação suas sacerdotisas, nas louvações na época da poda, promoviam orgias e bacanais. Daí que...
Ainda demonstrando erudição wikipediana, acrescento que a palavra puta etimologicamente vem do latim e significa poda, que se grafa não com "ph", mas somente com "p" mesmo em português.
As profissionais procuraram a pessoa certa para patrocínio de
sua causa. O deputado, ex-BBB, defensor de putas e viados, Jean Wyllys, isto
porque o antigo defensor dos direitos das putas – se dos veados não lembro –
Fernando Gabeira, deixou o congresso nacional, onde fora, também, deputado.
Aqui não somos politicamente corretos e usamos a linguagem
que o povo usa nos botequins da vida.
Mas o que exatamente as putas, através da ONG “Davida e da
grife Daspu” estão buscando? Deve ser esta a pergunta que estão fazendo.
Vamos tentar resumir. Querem diminuir a exploração dos cafetões que hoje ficam com boa parte da grana
dos programas. Em alguns casos, segundo consta, 50% do valor cobrado. Estes,
por sua vez, caso este projeto prospere e vire lei, ganharão status de
empresários, ganharão respeitabilidade e colocarão sua atividade na legalidade,
eis que hoje a exploração da prostituição é crime capitulado no Código Penal.
Entregar por
amor, ou a troco de dinheiro, por hora,
por peso ou orgasmo, o próprio corpo,
não é crime. Logo, a puta não comete delito se da o que é dela e recebe
sem intermediários. Mas o rufião, proxeneta, cafetão, explorador da prostituição, é criminoso.
Com a legalização buscada, elas ganharão ambientes de
trabalho nos padrões usuais aceitos pela sociedade, com controle da vigilância
sanitária, dos procons, etc. em endereços que poderão ser divulgados, sem
clandestinidade ou rótulos hipócritas como termas, casa de massagem ou boate.
Os bordeis poderão funcionar sob fiscalização, o que dará
mais segurança as vendedoras de sexo e aos clientes (ou fregueses?), e poderá
evitar a exploração de menores, pelo menos nestas casas autorizadas a vender
sexo ao vivo, para consumo no local.
Não vou expressar opinião sobre a luta das profissionais do
sexo, primeiro porque passei da idade de
consumidor dos serviços (e tem as que “só dizem sim”), segundo porque não li o
projeto e não sei se será mais benéfico para elas ou para seus futuros patrões,
os atuais cafetões.
Mas suspeito de uma coisa: muitas mulheres irão considerar
seriamente esta nova oportunidade de trabalho legal, amparado por lei, e que
parece rendoso. Sem contar que “lavou tá novo”.
Nota do Editor: Projeto de Lei nº 4.211/2012 (regulamentação
da atividade de profissionais do sexo)
3 comentários:
Gostei de você ter coragem (peito?) de abordar tema tão controverso. Eu não tenho nada a acrescentar ou a retirar do que já disse, o texto está excelente!
Faz tempo que espero que a mais antiga das profissões seja legalizada pelos vários motivos já abordados por você. Já é fato em vários países avançados socialmente. Espero apenas que os radicais religiosos (de inúmeras vertentes) não interfiram.
Abraço
Freddy
Valeu, Freddy.
Bem, aprendi que puta é corruptela da palavra prostituta. O que me parece mais correto, visto que deusas e sacerdotizas não praticavam rituais de fertilidade por dinheiro.
Quanto a legalização do ofício, acho justo. Sem perseguição policial, deixaria de ser necessária a presença dos "protetores " e poderiam ser melhor controlados os aspectos sanitários e os locais de trabalho.
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