Já contei aqui que até os dez primeiros anos de vida, aproximadamente, tanto eu quanto meus amigos na escola e na vizinhança, chamávamos o preservativo de "camisa de vento".
E nunca havia visto um ou uma. O que só ocorreu bem mais tarde, depois que meu pai mandou o Evaristo, taxista em Miguel Pereira, ainda distrito de Vassouras, levar-me a casa das primas, um enorme casarão (estilo colonial) nos arredores da cidade.
Segurei a surpresa quando adquiri a primeira: ah! É isso? Só com meus botões.
Bem, isto foi só uma introdução aos erros de linguagem que cometi até bem depois da juventude, e muita gente ainda deve cometer.
Refiro-me a certos ditados populares.A ideia de corrigi-los colocando-os no contexto original não é minha. Recebi de amiga um vídeo de Evelyn Diana Moraes que ela pinçou no Facebook ou Instagram, já não lembro, que esclarece como verbalizar e escrever corretamente.
Vamos a eles:
1. Erra aquele que diz "quem não tem cão caça com gato". O correto é "quem não tem cão, caça como um gato".
2. E o já esquecido "batatinha quando nasce se esparrama pelo chão." Não! Não! Diga "batatinha quando nasce espalha rama pelo chão".
3. "São os ossos do ofício". Até faz sentido pois alguns ofícios têm mesmo ossos ou espinhos. Mas parece que a ideia era definir "são os ócios do ofício", no contexto de então.
4. Outro cujo pronunciamento, na real, muda inteiramente o sentido em que usamos, o que me leva a duvidar de quem nos corrige, é "quem tem boca vai a Roma". Mas no tal vídeo somos corrigidos posto que o correto seria "quem tem boca vaia Roma". Será? Não é nem engraçado, se este era o propósito da divulgadora do vídeo.
5. Já o "hoje é domingo, pede cachimbo" na versão que seria a correta fica assim: "hoje, domingo, pede cachimbo". Sem dúvida faz mais sentido cachimbar num domingo vadio, calmamente.
Se non è vero è bene trovato que "cor de burro quando foge", não estaria em consonância com a ideia do criador do adágio. O correto seria "corro de burro quando foge". Muda o sentido, mas é prudente correr de burro fugido que pode ser brabo e sair dando coice a torto e a direito.
"Cuspido e escarrado" é bobagem, por isso nunca usei para não parecer (mais) ignorante. O correto é "esculpido em carrara". Sendo este uma tipo de mármore próprio para tal finalidade artística.
E "bicho carpinteiro"? Parece mais consentâneo com que o queremos dizer é que o menino parece "ter bicho no corpo inteiro".
Humorismo, ou correção pertinente, o certo é que em alguns casos seguirei o relator e direi, por exemplo, quem não tem cão caça como gato. Não o que ele quer caçar.
Não posso deixar passar a oportunidade de explicar porque não utilizo a expressão "via de regra".
Deduziu? Não? É simples, via de regra é vagina.
Não, não, você entendeu mal, não uso (ou usava) na escrita e na oratória.
Um comentário:
Outros sobre os quais parece não haver dúvidas:
- Ri melhor quem ri por último.
- Em terra de cego quem tem um olho é rei.
- Mas vale um pássaro na mão do que dois voando.
- Nem trepa e nem sai de cima.
- Jacaré no seco anda?
- Dou um boi para não entrar em briga, e dou uma boiada para não sair.
- Cu de bêbado não tem dono.
- Devagar se vai ao longe.
- Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.
- Fruta que você gosta, como até o caroço.
- Quem vai ao vento perde o assento.
- Missa se espera na igreja,
- Quem dá muito fica largo.
- Quem com ferro fere, com ferro será ferido.
- Bananeira que já deu cacho.
- Quem tudo quer, tudo perde.
E frases de origem conhecida, clássicas em seu contexto:
- Meu reino por um cavalo.
- Vim, vi e venci.
- Dai a Cesar o que é de César ...
- Até tu Brutus?
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