25 de maio de 2020

Refletores, reflexos, reflexões


Muita gente não resiste aos holofotes, aos microfones e câmeras.

E esta pandemia tem propiciado o surgimento de "especialistas" que têm conselhos e sugestões sobre tudo. Todo mundo dá pitaco. Tem opinião e achismo para todos os gostos.

São coisas inimagináveis, mas que não escapam ao meu espírito criativo. Vou-lhes dar exemplos:

Um especialista em cães com "síndrome down", é convidado para um debate sobre os riscos destes cães saírem de casa sem máscara.

"Existem muitas cadelas vadias, sedentas de amor e carinho, no cio, dispostas a desobedecer ao distanciamento social recomendado e dar  uma copulada."

Recomenda o tal especialista que o seu cão deverá usar camisinha, mesmo que destas caseiras, feitas com bola de soprar (bexigas para os paulistas), se tiver que sair de casa. E arremata todo senhor de si, que é preciso que os cães com down fiquem em casa, se possível.

O entrevistador pondera que a entrevista é sobre coronavírus e não sobre AIDS.  O especialista diz que se refere ao sexo oral e que o corona se transmite pela boca. AH!!! 

Noutro canal o especialista em mico-leão-de-cara-dourada, espécie em extinção, manifesta preocupação com a possível embriagues de alguns dos indivíduos da espécie, e explica. As pessoas estão visitando a reserva onde estão confinados, para fins reprodutivos os citados símios, e passam tanto álcool em gel nas mãos que os macacos estão desprezando as bananas e lambendo as cascas.

Soluções recomendadas: ou não vá até a reserva ou se tiver mesmo que ir (leve comprovação para poder transitar pela rodovia), for inevitável, apenas lave as mãos com água e sabão antes de pegar as bananas que oferecerá aos bichinhos.

Ignore a placa "não dê alimentos aos animais". Ela está em local errado. Deveria estar em praça repleta de pombos.

Em priscas eras, quando fiz os cursos primário e ginasial, havia uma matéria chamada "Ciências naturais". 

Havia então, não sei se persiste porque na ciência tudo muda, uma teoria de que alguns seres unicelulares eram difíceis de classificar, porque tanto poderiam estar na cadeia dos vegetais quanto dos animais.

Não sei porque mas esta lembrança me remeteu ao presidente. A explicação é simples. Antes de desenvolver meu  raciocínio devo admitir que ele já alcançou, na cadeia evolutiva, o status de uma ameba. Portanto não há que confundi-lo com um vegetal, digamos urtiga. Causa coceiras, mas por outras razoes.

Acompanhem-me. Nenhuma cidade do mundo seria capaz de atender a um só tempo toda a sua população se ficassem contaminados com um vírus. Vamos além, não teriam como atender metade de sua população, em lugar nenhum do planeta. Quer tornar mais significativa nossa assertiva? Nenhuma cidade na Terra teria infraestrutura de atendimento simultâneo de um terço de seus habitantes.

Faltariam hospitais, leitos de UTI, respiradores, tomógrafos, profissionais de saúde, EPIs para tais profissionais, faltaria tudo.

Estamos enfrentando um vírus com elevado nível de letalidade e grande velocidade de propagação. Não dispomos de vacinas e tampouco de medicamentos de eficácia cientificamente comprovada para curar a doença.

Qual a solução lógica, razoável, inteligente, para diminuir o nível de infestação? Reduzir o convívio entre as pessoas. Pelo menos reduziremos a velocidade da contaminação.

O distanciamento, como barreira para contágio permite que um menor número de infectados tenha necessidade de atendimento nos hospitais disponíveis.

Em palavras simples, temos que tentar colocar o número de contaminados, necessitando de tratamento, dentro do esquema de atendimento montado.

Estão denominando o esforço como  achatamento da curva de progressão. Não vamos diminuir muito a número de contaminados, mas vamos conseguir que não fiquemos todos ao mesmo tempo infectados.

Se o processo de recuperação de quem pegou o vírus estiver no mesmo ritmo de novos casos da doença, somado ao fato de que novos hospitais, provisórios ou não, estão em fase de construção, e mais  a celeridade na  compra de equipamentos, chegará o momento em que haverá capacidade instalada de atendimento a tantos quantos contraiam a Covid-19. Assim, podendo ser possível atender aos infectados adequadamente, certamente a letalidade cairá a níveis normais de epidemias de síndrome respiratória.

Isso só é possível com o distanciamento social o isolamento. Todos os habitantes do planeta, de todas as etnias, de todas as crenças religiosas, de todos (?) os sexos, sabem disto, aceitam isto. 

Menos um ser tão perigoso quanto o corona, que acha que todos devemos ir para as ruas, para nossos locais de trabalho.

E tem mais. Se o sistema de saúde entrar em colapso, o número de mortes por outras causas, em razão da incapacidade de atendimento, também aumentará muito: infartos, acidentes vasculares, etc.

Proponho a denúncia dele a tribunal internacional como autor de crime contra a humanidade.

6 comentários:

Carlos Lopes Filho disse...

Bom dia, Carrano. Prometi a mim mesmo, em respeito aos demais frequentadores do seu blog, não comentar política neste seu espaço. Quando eu quiser falar sobre isso, mesmo sabendo que de pouco vai adiantar, escreverei no meu próprio blog, onde, quem me lê, conhece minhas posições a respeito do momento atual do Brasil. Mas, li com interesse sua matéria de hoje, que, aliás, você me mandou também por e-mail. Concordo inteiramente com sua manifestação, misto de revolta e perplexidade. Aliás, sobre exposição na mídia, sobre a busca pelos holofotes, eu até já escrevi uma matéria algum tempo atrás lá no meu blog.

Jorge Carrano disse...


Bom dia, queridíssimo amigo. Vou pela enésima vez admitir que votei em Bolsonaro, por me parecer, na época, um mal menor pera o Brasil.

Aliás, minto e já me corrijo. Como não conhecia a atividade parlamentar dele, que ao cabo de 28 anos de mandato parlamentar não apresentou um único projeto de lei de interesse da população brasileira, não fez, da tribuna, um discurso digno de nota, nunca presidiu uma comissão na câmara, nunca ... até alimentei a esperança de ser alguém que já em fim de carreira parlamentar iria se revelar como gestor eficiente da coisa pública, líder democrático algo parecido com um estadista.

Para reforçar minha esperança, algumas pessoas atribuíam a ele o apodo de "mito". Vi e ouvi, em passeata na Praia de Icaraí, parte dos seus seguidores atribuindo-lhe este epíteto: mito.

Entretanto, minimamente, queria alguém anti-PT, anti-adepto do socialismo bolivariano. E isso acreditava ser possível pelas bandeiras dele como candidato, tendo na chapa um general.

Não vou ficar eternamente me penitenciando, votei neste destrambelhado porque fui ingênuo, faltou-me sendo crítico, tal minha aversão pelo PT e sua quadrilha de corruptos.

Na formação de sua equipe ministerial já me pareceu equivocado. Botar para comandar a pasta da educação, uma das mais importantes em qualquer país, se não a mais importante, alguém apenas alinhado com sua vocação fascista, sem capacidade de diálogo com os estudantes, sem ideias e programas, senão os ideológicos. Colocar um astronauta (inodoro e insípido) que, com todo o respeito, não tem cabedal para comandar outro relevante setor como o da ciência e tecnologia. Inventar a tal de Damares, esta que em reunião ministerial prega a prisão de governador, passa dos limites de minha capacidade de deglutir sapos e lagartos, em nome do que quer que seja. Mesmo o Moro, foi em equívoco.

Encerro estas mal traçadas linhas, meu estimadíssimo amigo, lamentando profundamente o que ouvi do Bolsonaro na malsinada reunião com ministros e assessores, cuja gravação é agora trazida a luz. Disse o presidente, em alto e bom som que quer armar a população para que possamos nós, quando inconformados com governantes, sejam municipais sejam estaduais, possamos enfrentá-los e afrontá-los para que mudem de orientação.

Ou seja, ele quer confronto armado, ele quer guerra intestina, ele é um maluco, irresponsável, idiota.

Peço perdão aos que têm compreensão em contrário, mas manifesto meu direito de opinião sobre alguém que ajudei a colocar no poder, mas agora quer apeá-lo de lá.

Não escrevi aqui um só palavrão, uma palavra obscena como é do feitio do ex-capitão, em respeito as senhoras que nos honram com suas leituras. Mas ele mereceria.

Jorge Carrano disse...


Na vida tudo passa, para o bem e para o mal.

RIVA disse...

Armamento, e de guerra, vagabundo pode.

E eu não posso ter uma arma legalmente dentro da minha casa ??????
Creio que a população já respondeu a esse questionamento ......

ARREGO, BRASIL.
Guilherme Pádua sorrindo nas mídias com nova namorada ..... deveria ser olho por olho , ou não ?

RC disse...

Concordo com a análise, inclusive os comentários sobre o inacreditável "mito". Consegue ser o pior em uma longa sequência de governantes incapazes. Dá medo extrapolar para o próximo.

Jorge Carrano disse...


E nem posso comemorar que não estou obrigado a votar, em razão da idade provecta.

Vai que um perigo maior se apresenta e ...