Não faz muito tempo era comum ancorarem em
nossas caixas se entrada de meios eletrônicos textos atribuídos a João Ubaldo
Ribeiro, Luis Fernando Verissimo e Arnaldo Jabor - mais a estes do que a outros
ilustres escritores e jornalistas - e que não obstante por vezes guardarem
semelhanças com seus estilos, não eram da lavra dos festejados cronistas
nomeados.
Tais textos apócrifos, alguns dos quais até interessantes, bem escritos, bem-humorados por vezes, não poderiam ser classificados como plágios. Tinham autoria desconhecida, e graças a tenologia cibernética propagavam-se velozmente por compartilhamento.
Mas porque estes anônimos se valiam de nomes conhecidos do grande público para divulgação de seus trabalhos literários? A reposta é simples, ou parece ser simples. Porque não dispunham de canais para veiculação de seus escritos.
Concedo ainda aos mesmos autores anônimos, o benefício da dúvida relativamente à reverência, tentativa de homenagem. Melhor que julga-los plagiadores, invejosos ou frustrados.
Ontem entrou em meu smartphone, via Whatsapp, um belo texto, impregnado de considerações aforísticas que nos levam à reflexão.
Leiam e vejam se concordam comigo. O autor (a) não usou nome alheio; entrou e reproduzo aqui como apócrifo:
"O dia em que a máscara nos mostrou
Em minha última ida ao supermercado fui recepcionada com uma borrifada de álcool gel nas mãos, antes de me infiltrar pelos vários corredores onde se encontravam outros mascarados como eu.
Quem diria? Sorri por baixo do tecido branco. Quem diria que nossas faces, algum dia, seriam representadas apenas pelos olhos? Quem seria capaz de apostar que chegaríamos ao ponto de ter que decodificar o sorriso (ou o mau humor) das pessoas que encontramos por aí, através dos olhares?
Enquanto selecionava produtos e enchia o carrinho de compras, fui me dando conta das vantagens de usar máscara, além da prevenção ao coronavirus.
Nunca fomos tão iguais, andando nos supermercados , nas ruas, em qualquer lugar. De repente o feio e o bonito, desapareceram por trás de um paninho mágico. De uma hora para outra ficou desnecessário e inconveniente usar maquiagem, porque a única coisa que temos a exibir são os olhos que, por sensatez, dispensam a moda exagerada dos cílios postiços.
Como um uniforme facial, independente da cor ou estampa, a máscara unificou as pessoas. E, ao mesmo tempo, induz a olhar para frente sem muito interesse no que este ou aquela está vestindo ou calçando. Se é rico ou pobre, elegante ou cafona, novo ou velho...a máscara encobriu estes aspectos da hierarquia social.
Tenho a impressão de que se num daqueles corredores houvesse alguém usando pijama e pantufas, ninguém acharia estranho desde que estivesse de máscara.
A máscara nos trouxe o verdadeiro sentido de igualdade que se apresenta no momento de vulnerabilidade. Todos podemos adoecer e morrer do mesmo jeito, e ainda que alguns achem que por serem mais jovens, fortes, atléticos, estão protegidos, não são capazes de se arriscar e descobrir que estavam equivocados. Pela primeira vez, os que ousam infringir a nova lei da normalidade não são considerados ousados ou revolucionários, mas sim desprovidos de inteligência.
Por muito tempo se ouvirá dizer que um vírus surgiu na Terra e tirou tudo do lugar. Mas eu gosto de pensar que um dia na Terra um simples pedaço de pano colocou o mundo inteiro no mesmo lugar.
Simplesmente assim "
5 comentários:
Agradeço a minha irmã - Ana Maria - o encaminhamento, e peço vênia ao autor para reproduzir.
Se o próprio achar indevida a publicação ou pretender que lhe seja dado o crédito, deletarei ou explicitarei a autoria, como preferir.
Interessante texto. A se julgar pelas participações, creio que estão confundido isolamento físico com virtual.
Comentar no blog não contamina. Pelo menos o covid 19.
Pois é, Incógnita.
Suponho que haja uma preocupação de que o gerenciador do blog seja vetor de um outro vírus, "forabozo". Que está se alastrando em grande velocidade.
Leio o blog diariamente. Realmente não tenho comentado com a mesma "fome" ultimamente. Aliás, por falar nisso, percebo de uns dias para cá que o isolamento começa a afetar as pessoas com mais força.
Um amigo está com depressão, e medicado recentemente. Outro iniciou terapia pela internet, alguns começaram a abandonar os grupos do Zapp porque não aguentam mais falar de Covid e de política, no Twitter a mesma coisa, os mesmos motivos.
Aki em casa criamos nossas defesas. A MV tem as dela, algumas coincidem com as minhas. Por mim posso falar ... meu dia a dia, cronologicamente escrevendo, é assim :
- acordamos aprox. às 9h. Sim, tarde mesmo, porque dormimos bem tarde.
- um bom café da manhã. Depois falo sobre o que já aprendi nessa quarentena.
- faço em média 1h30min de ginástica com música na varanda. Às vezes faço 2h. Termino quase ao meio dia. Um bom banho de Sol (vitamina D) e depois de água. Estou tb tomando 14.000 U de Vit. D por semana.
- a MV faz seu pilates com a treinadora pela internet.
- vou pegar as marmitas caseiras na portaria, devidamente mascarado (MV está fazendo máscaras lindas). Comidinha deliciosa a 16 reais.
- reunião com minha equipe por video às 14:30h. Demora de 1 hora a 1h30min, diariamente.
- aí começo a jiboiar ... Spotify, Netflix, Youtube, Sky (somente coisas bacanas). Não vejo notícias, somente as manchetes mais tarde, nada mais que isso. Checo as notícias internacionais na BBC e na CNN. GROBO LIXO nem pensar !!
Obs: estou há 50 dias sem ler uma página sequer de qqer livro, acreditem. Na verdade fui pego de surpresa, sem livros novos, e não suporto (ainda) leitura eletrônica.
Vamos nessa jiboiada até quase 2h da manhã, quando a MV engata na missa diária do Papa, que começa às 7h no Vaticano - 2h da manhã pra nós. E eu Zzzzzzzz. Ela, Zzzzzz mais tarde.
That´s all, folks ! Mas o GE faz parte da minha vida, todos sabem disso hehehe.
FLUi !!
Compreensível, Riva, seus distanciamento virtual do blog. Eu mesmo já não tenho o mesmo tesão para escrever, porque os assuntos dominantes são deprimentes, angustiantes.
Vou colocar em prática uma ideia que acalento há dias e não implementei por dúvida quanto ao funcionamento.
Abro amanhã o Pub da Berê e deixarei aberto pelos próximos quinze dias, pelo menos.
Assim quem chegar ou passar por lá falará do que achar conveniente, fará propostas,indagará ou simplesmente dará um alô.
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