30 de dezembro de 2017

Burrice ou comprometimento?

Num momento de suma importância, quando se discute a reforma da previdência e o governo de Temer precisa de apoio, credibilidade e respeito, ele enfia os pés pelas mãos.

Provocou um enorme desgaste, uma enxurrada de críticas.

Dizer que lhe falta despreparo político seria um absurdo; dizer que ele é burro seria injustiça, resta-me creditar a compromissos inconfessáveis, no nojento jogo de interesses, troca de favores,

Os dois vespeiros nos quais o governo meteu as mãos - repito, de forma intempestiva, açodada - renderam-lhe derrotas na esfera do Judiciário. E derrotas para mulheres. 

A primeira, que resultou na revogação da malsinada portaria que alterava critérios de fiscalização do chamado trabalho análogo ao de escravo, foi-lhe imposta pela ministra Rosa Weber, que suspendeu os efeitos da aludida norma. 

A portaria que não era da presidência, mas era endossada pelo governo Temer, foi um tiro n'água.  Ontem (29/12/17) foi publicada uma outra que corrige o erro, e na prática revoga a anterior,  

A segunda e mais vexaminosa, com maior repercussão negativa no meio político, na imprensa e junto à população, foi o decreto de indulto de Natal, que favoreceria seus apaniguados alcançados pela Lava-Jato. Sentenciados por prática de crimes de colarinho branco seriam favorecidos.

Entretanto a ministra Cármem Lúcia, em decisão monocrática, em sede de liminar, revogou parcialmente a norma baixado pelo presidente da República.

Se Temer não desistir, logo, logo, da amplitude deste indulto irá amargar grande derrota no colegiado, no início de fevereiro, quando o ministro Barroso irá submeter ao plenário o mérito da questão.

Ele ainda deu o azar do presidente do Peru, em ato idêntico em matéria de risco político, e palas mesmas razões de busca de apoio no parlamento, ter concedido indulto ao ex-presidente Fujimori, o que colocou o tema nos noticiários televisivos e jornalísticos.

Três mulheres impuseram acachapantes derrotas a Temer: as ministras Rosa Weber e  Cármem Lúcia,  e a procuradora-geral Raquel Dodge, sobre quem recaiam sérias suspeitas de ser aliada do presidente.


Raquel Dodge agiu rapidamente, nos limites de suas atribuições e recorreu ao STF intentando uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, contra o "insulto de natal" baixado por Temer. E Cármem Lúcia não vacilou em revogar parcialmente o ato presidencial, em decisão liminar que deverá ser referendada pelo pleno, no mês de fevereiro. Opinião minha.

É o emponderamento feminino cantado em prosa e verso nos últimos meses.





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