4 de dezembro de 2017

Dois dedos de prosa sobre futebol

Tenho andado meio afastado do futebol. Não da prática, eis que isto ficou num passado muito remoto.

Falo do assistir e torcer. E, como a maioria dos brasileiros, debater, discutir.

Acreditem que fiz uma opção inteligente, ler mais e me aborrecer menos.

Com efeito, trabalhar, manter o blog, ficar atualizado com a política e a economia, caminhar na praia, ajudar em pequenos afazeres domésticos, assistir seriados de TV, tudo isso e muito mais, é uma carga pesada por demasia para um velho com praticamente 78 anos de idade.

Andei meio afastado dos livros e a eles estou retornando.

Mas fui um amante do futebol.

Meu pai foi presidente de clubes de futebol, em Niterói e em São Gonçalo. Meninote,  eu gostava de acompanhá-lo para assistir jogos de campeonatos municipais. Perdia um tempo enorme assistindo campeonato de futebol de areia. Enfim, até mesmo peladas me atraiam. Por favor, no duplo sentido.

Quem lembra ou ouviu falar do Carioca, do Metalúrgico, do Mauá, do Tamoio, do Vidreira, todos de São Gonçalo; ou do Manufatura, do Ipiranga, do Fluminense, do Fonseca, do Byron, estes de Niterói?

Pois sé, estes campeonatos municipais eram bem disputados, e acompanhados por alguns aficionados. Revelavam bons valores para o futebol da capital, onde era disputada a mais charmosa competição do país: o campeonato carioca de futebol.

E os times que sequer eram federados? Em São Gonçalo, o Estrelinha, com sede na casa de meu tio João (presidente do clube), irmão de meu pai, revelou o excelente Altair (Altair Gomes de Figueiredo), que antes de chegar ao Fluminense (jogou mais de 500 partidas pelo clube) e mais tarde à seleção nacional (foi reserva de Nilton Santos em 1962), passou pelo Manufatura, em Niterói.


Altair, no Estrelinha, era médio volante. Depois, como profissional,  virou lateral esquerdo.

Feita a digressão, chego ao ponto que me motivou falar sobre futebol, numa recaída Estou pasmo com a comemoração do Flamengo, ao ganhar, numa semifinal, de um timéco da Colômbia.

Com efeito o Junior de Barranquilla (Club Atlético Junior), não disputaria a série “B” do campeonato brasileiro. Trata-se de um dos mais medíocres, inocentes e sem preparo que vi jogar uma competição internacional.

Ganhar deles é tomar bala das mãos de criança, é empurrar cego escada abaixo.

Cá para nós, o que esperar de um clube que disputa a segunda divisão de competição continental? Não esqueçamos que a principal competição sul-americana é a Taça Libertadores da América; a tal Copa Sul-Americana (que o Flamengo disputa) reúne equipes que se classificam nas posições intermediárias nas competições nacionais.

Já pensaram os 4º, 5º e 6º colocados no campeonato colombiano? Que podem render?

Já ouvi falar no Atlético Medellín, no Deportivo Cali, no Milionários, no Santa Fé, no Once Caldas, e até no Colima, mas este Junior é novidade para mim.

E a fase ainda é semifinal, ou seja, há que enfrentar, ainda, o Independiente, da Argentina, este sim, com história, não fora o maior ganhador da Libertadores da América, com sete conquistas, sendo três de forma consecutiva.

Você perguntará, mas com tantas conquistas o Independiente foi parar na Copa Sul-Americana. Eu respondo: o Brasil não perdeu de 7X1 da Alemanha, jogando em casa? O Vasco não foi rebaixado três vezes? O modesto Leicester não conquistou, em 2016, pela primeira vez a Premier League?

Acidentes acontecem. O Junior de Barranquilla foi um acidente. Nem o Vasco perderia esta fase semifinal para este bisonho time colombiano.

Mas a mulambada comemora ruidosamente.

E querem saber mais? O Flamengo com um orçamento 27 vezes maior conquistou o mesmo número de pontos (56) do Vasco. 

https://globoesporte.globo.com/rj/futebol/brasileirao-serie-a/noticia/colados-na-tabela-distantes-nas-cifras-fla-investiu-27-vezes-mais-que-vasco-no-ano.ghtml

E não fora o penalti irresponsável  do zagueiro do Vitária, o Vasco ficaria na frente.

Mérito do Vasco? Não! Claro. Temporada medíocre da urubuzada.

Lamento pelo Botafogo, que pela campanha ao longo da temporada, com um time modestíssimo, morreu na praia.

Por fim, o primeiro tempo do jogo do Grêmio contra a Lanús, foi perfeito.

5 comentários:

Hugo disse...

Acho um absurdo que todo mundo consiga algo, para Libertadores, atualmente estamos com um G9. Ou seja, 9 times brasileiros em um campeonato de elite?

Daí tem o que vão para Sulamericana e no final das contas, com exceção do primeiro time que escapou do rebaixamento, todo mundo consegue alguma coisa. Até o 15° colocado consegue algo.

Querem fazer o mesmo com a copa do Mundo, que com 32 seleções está inchada, mas querem colocar mais, talvez para termos mais jogos como Panamá x Senegal?

Estou abandonando o noticiário, seja ele esportivo ou político/policial, atesto que minha vida melhorou. E acredito que as notícias verdadeiramente importantes chegam até mim, se os marcianos pousarem uma nave do tamanho do Maracanã no meio da Europa, estou certo que ficarei sabendo.

Obrigado pelo espaço.

E tenha um bom dia.

Jorge Carrano disse...

Eu é que agradeço a ocupação que você faz do espaço, Hugo.

Venha quando quiser.

Apenas um reparo, ainda não garantimos G9. Depende do resultado da Copa Sul Americana.

Riva disse...

Libertadores vulgarizou. Perguntem a um europeu o que é Libertadores da América ? 99% não saberá responder, ignoram o futebol de clubes das Americas.

Sulamericana então é piada até para mim !! Vale NADA !!

O que eu valorizava na Libertadores não existe mais, por motivos de GRANA : era campeão e vice de cada país e pronto.

Meu perfil mudou demais, até gosto agora de assistir o campeonato inglês, muito bom tecnicamente e taticamente. Não suporto os demais : espanhol, alemão, francês (argh) e italiano (horrível).

Parei com o PFC no meu processo de desapego ao Fluminense. Está difícil, mas não desisti de desistir do clube. Muito sofrimento por nada. Bons passeios e encontros ignorados para ver esses mercenários em campo. Chega !



Jorge Carrano disse...

Pois é, Riva, veja o absurdo a que chegamos. Dos 20 clubes que disputam a primeira divisão (série "A"), 15 se classificam para copas sul-americanas: 8 ou 9 na Libertadores, e 6 ou 7 na Copa Sul Americana, uma especie de segunda divisão. Depende do Flamengo.

Praticamente somente os rebaixados ficam fora do rebu.

Os interesses financeiros, sobretudo as redes de TV, incharam e aviltaram o calendário, encavalando competições.

Ainda bem que parece que desistiram da tal da Primeira Liga, competição esdrúxula, sem clubes paulistas e sem Vasco e Botafogo.

Você tem razão, o futebol está perdendo o encanto e deixando de ser apaixonante como foi no passado.

A Premier League ainda resiste bravamente, mas lá meu time vai mal das pernas.

Riva disse...

Vem aí mais uma Copa do Mundo. Claro que contra não vou torcer, mas não me empolga nem um pouco uma seleção brasileira. Não enxergo no elenco o Brasil de chuteiras, como era nos anos 60 e 70.

E mais uma vez, teremos uma Copa um pouco antes de eleições presidenciais. Há quem ache que não há influência nenhuma, mas eu sei que há. O impacto positivo ou negativo na Copa tem muita influência no eleitorado, no otimismo ou pessimismo da população. E pode ter certeza, isso será explorado pelos candidatos.