Os jornais, no Brasil, geralmente apoiam o poder constituído.
Exatamente o reverso da clássica
expressão associada ao anarquismo: “Hay gobierno? Soy contra.”
Já critiquei aqui neste espaço, exaustivamente, as
Organizações Globo pela guinada em sua linha editorial e pela reconsideração ao
apoio que deu nos primeiros momentos (e enquanto se beneficiou), aos governos
militares. A rejeição, o arrependimento, tinham a clara intenção de agradar ao PT, imagino
que por conta das gordas verbas publicitárias do governo (órgãos públicos e
estatais). Ou, quem sabe, financiamentos do BNDES?
Bem, com o PT em baixa, no CTI político, em vias de morrer, os
veículos de comunicação dos Marinho já dão claros sinais de se alinhar com o
novo poder constituído.
A história de que os jornais devem/precisam ser isentos,
apenas informar, deixando o juízo de valor para os leitores é conversa fiada, p'ra boi dormir.
Um jornal tem que ter opinião, tem que ter personalidade, sem
embargo de seus interesses comerciais porque são um negócio como outro qualquer.
Como harmonizar independência e liberdade de expressão, com opinião e
interesse comercial, é o segredo que grandes veículos de comunicação têm em seus
cofres.
Vejam, por exemplo, o “The New York Times” (NYT), que é, sem dúvida, uma referência na imprensa
mundial. Circulando ininterruptamente desde 1851, anos de sua fundação, embora
enfrente problemas financeiros por conta da era digital, poderia colocar a
frente de sua filosofia/ideologia, o interesse econômico e apoiar Donald Trump,
mas faz, às claras, abertamente, exatamente o oposto, emprestando seu apoio a
Hillary Clinton.
Leiam a opinião do jornal utilizando os links a seguir:
O curioso, como se pode verificar, é que todos os jornais
(importantes) brasileiros, noticiaram o fato colocando em manchetes o editorial
do NYT, de apoio a candidata Hillary Clinton. Por que não têm a coragem, a independência de apoiar este ou aquele abertamente aqui no Brasil?
Imagino que sendo empresário, empreendedor, Donald Trump
estaria muito mais perto dos interesses econômicos do “The New York Times”,
porque é um anunciante em potencial. Além de ser republicano, mais conservador,
mais à direita, mais radical, se é que se pode assim classificar aquele partido
norte-americano. Hillary é democrata.
Hillary, seu perfil e história política estão muito
mais próximos da filosofia do jornal (livre iniciativa, economia de mercado, valorização
do mérito, interesses nacionais)? O jornal a apoia explicitamente,
oficialmente, sem subterfúgios, sem dubiedades, porque tem filosofia própria, linha ideológica definida.
Parabéns ao NYT. Aqui, a meu juízo, até a gora apenas o “Estado de São Paulo” (Estadão), tem
se mantido coerente e com uma linha editorial que mais se aproxima com o que
penso.
Apoiar um governo não significa deixar de denunciar fraudes,
corrupção, omitir malfeitos, mascarar ou camuflar notícias, mas sim apoiar a
democracia verdadeira, rechaçar todas as formas de populismo, comunismo e
outros ismos.
Este é o jornal que eu quero ler.
Um comentário:
Não ouvi e nem nunca li uma matéria jornalistica sobre um general-presidente que tenha se locupletado as custas de corrupção.
Nem eles mesmos e nem seus filhos e outros parentes, se é que me entenderam.
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