31 de maio de 2016

Marienplatz, um complemento




Por
Carlos Frederico March
(Freddy)





Complementando informações do post “Marienplatz, München” (24.05.2016), é interessante conhecer a razão da construção da estação de metrô que fica debaixo dessa praça, que acabou se tornando o embrião de todo um fantástico sistema de metrô (U-Bahn) e trens rápidos de superfície (S-Bahn): havia necessidade de mobilidade para atender aos Jogos Olímpicos, que seriam realizados em Munique em 1972.

Nota: foi durante esses jogos que houve o famoso atentado terrorista ao setor israelense da Vila Olímpica (05/09/1972), com 11 atletas assassinados, além dos seqüestradores e de um policial. Olho vivo, Rio de Janeiro!
 
Vila Olímpica no Olympiapark
Havia originalmente duas malhas ferroviárias, uma de cada lado da cidade. Hauptbahnhof (Estação de Trens Principal) era de onde saíam trens de Munique para toda a Alemanha, além de linhas para bairros periféricos e algumas cidades bávaras. Ostbahnhof (Estação de Trens Leste) era uma estação menor e atendia somente bairros e cidades próximas, mas do lado oposto a Hauptbahnhof.

O Parque Olímpico de Munique - Olympiapark - fora construído numa área periférica (na época) sem atendimento algum. Para permitir ao público chegar até ele, construíram parte de uma linha de metrô (U3, que hoje é bem maior) a partir de Marienplatz, que como sabemos ficava bem no centro de Munique.

Olympiapark München

Sim, mas e Marienplatz? Como chegar a ela?

O toque de gênio foi interligar as estações Hauptbahnhof e Ostbahnhof através de uma única via subterrânea que cortava o centro da cidade, como se fora um metrô. Em Marienplatz ocorreria a baldeação de todas as localidades servidas pelos S-Bahn para a única linha de U-Bahn que servia ao Parque Olímpico! 
 
Mergulho dos S-Bahn em Ostbahnhof
em direção a Hauptbanhof

Assim, reorganizou-se toda a rede de trens que servia a capital da Bavária, com linhas de S-Bahn que se cruzavam compartilhando o trecho central, do qual me lembro como se fosse hoje: Ostbahnhof - Rosenheimer Platz - Isartor - Marienplatz (integração com metrô U3) - Karlsplatz - Hauptbahnhof. Para aumentar a capilaridade interna nos bairros da metrópole, a prefeitura integrou trens e metrô com ônibus e bondes, uma solução admirável.

Testemunhei o sucesso da solução em 1977, tendo morado 7 meses no bairro de Giesing, a 2 estações de distância de Ostbahnhof. Hoje em dia, Giesing cresceu e Munique é cortada por inúmeras linhas de U-Bahn e S-Bahn, numa rede impressionante.
 
S-Bahn na estação de Giesing

Nos idos de 1977, os meios de transporte de Munique (que no seu todo formam o chamado MVV), eram totalmente públicos - eficientes e pontuais ao extremo! Atualmente, seguindo novas tendências, o sistema integrado do MVV é operado por uma parceria público privada.  Segue abaixo um mapa da Schnellbahnnetz (Rede de Trens Rápidos), atualizado para 2012:

                                              Rede de S-Bahn e U-Bahn de Munique

Algumas curiosidades do Schnellbahnnetz:

- Bem no meio temos o corredor central do sistema, atualmente interligando Pasing (4 estações depois de Hauptbahnhof) a Ostbahnhof.

- Linhas S1 e S8 (meia direita, no alto): vão até o Aeroporto de Munique, facilitando sobremaneira o acesso à cidade e periferia.

- Linha S2 (no alto, bem à direita): vai até a cidade de Erding, berço da famosa cerveja Weihenstephaner, a mais antiga do mundo, fundada em 1040.

- Linha S2 (meia esquerda, pouco acima): passa por Dachau, cidade onde se encontra um famoso Campo de Concentração, preservado para visitação pública. Cavernoso... Talvez mereça um post.


Créditos:
Fotos, tiradas em 1977: acervo do autor.
Mapa Schnellbahnnetz: obtido no Google.

Post citado em:

29 comentários:

Freddy disse...

A foto da Vila Olímpica foi tirada de cima da Torre Olímpica, que tem 190m de altura (incluindo antena). O mirante fica a uns 130m do solo e dá uma visão espetacular das redondezas.

Muito perto fica o curioso prédio da BMW, em formato de cilindros de motor. Via-se também um quartel americano. Na época a Alemanha era dividia e o lado Ocidental ainda era monitorado pelos aliados. Americanos, ingleses e franceses tinham bases dentro de seu território.

Sim, a situação da Alemanha Oriental era bem pior, submetida ao comunismo.

Tenho fotos, mas não é o assunto do texto por isso não as incluí.

Freddy disse...

A foto do Parque Olímpico tem alguns detalhes interessantes. Observa-se que está coalhado de gente espalhada na grama, porque estava sendo realizado um concerto gratuito de uma banda (não sei qual era) no chamado Theatron, um espaço na beira do lado que tem um palco semicircular. Além do mais, era um domingo de sol e alemão não costuma dar mole com essas graças do destino!

Os mais críticos notarão um risco horizontal na foto do Parque. Foi decorrente de um defeito inicial da minha nova câmera Canon AE-1 (mais tarde furtada no Rio). Algum ressalto interno provocou esse risco nos primeiros rolos de filme, depois deve ter se desgastado pois não aconteceu mais.

Os mais críticos ainda dirão que o risco não está perfeitamente horizontal e é verdade. Na edição do slide eu promovi ligeira rotação porque o original estava um tico torto. Preciosismo...

Diria que esse belíssimo parque merece um post... Ainda mais que estamos tão próximos de Olimpíada no Rio. Como aqui, os alemães tiveram de construir seus estádios e vila para acomodar os atletas. Tiveram também de construir linha de metrô integrado a S-Bahn para proporcionar mobilidade. A torre foi para transmissão de TV - existe similar em vários locais no mundo numa época em que ainda não se usava satélites.

Só que, ao contrário do que a maioria das cidades olímpicas atuais fazem, Munique optou por construir todo o parque olímpico num único local. E foi 7 x 1, sendo que o 1 é a nota triste, o já citado sequestro de 11 atletas realizado por 5 extremistas anti-semitas.

Freddy disse...

A foto do metrô em Gieseng também merece comentários. A composição era formada por 1 a 3 módulos de 3 vagões cada. Dependendo do horário e da linha, poderia chegar na estação 1, 2 ou 3 módulos. Quando chegava 1 ou 2 somente, no quadro de aviso era mostrado em que ponto da estação eles parariam...

Sem contar que os “malditos” relógios da cidade inteira marcavam exatamente a mesma hora com precisão de segundos. Os pulsos eram enviados através das linhas de distribuição de energia e todos os relógios elétricos de Munique os recebiam. Esse aspecto era fundamental dentro do esquema de integração de trens, ônibus e bondes, que dependia dessa precisão.

Como curiosidade, Apollinaris (anúncio na lateral dos vagões) era o nome de uma água mineral que me “deixou trauma”! Imaginem que Mary tem um hábito saudável: tomar água o dia todo. Quando em casa, sem problemas, a água que saía da torneira em Munique era potável. Mas em passeios, tinha de comprar água. Só que a garrafinha de Apollinaris com 250ml de água custava mais caro que uma também saudável garrafa de 500ml de cerveja, qualquer que fosse a marca!
<:o)

Jorge Carrano disse...

Alternativas:
1) Não levar a Mary em suas viagens para o exterior.
2) A Mary se acostumar com cerveja (mais barata do que a água).
3) Levar água do Brasil, em cantil, garrafa térmica ou em odres.
4) Negociar com o vendedor de água a isenção para idosos (diz que a lei brasileira favorece quem tem mais de 60 anos)
5) Consegue uma atividade remunerada porque ganhando mais não sentirá o custo da água na Alemanha.
6) Outras sugestões com preço sob consulta (rsrsrsrs).

GUSMÃO disse...

Belas as instalações da Vila Olímpica.

Jorge Carrano disse...

Quanto ao sistema de transportes públicos (conforto, respeito aos horários, segurança) realmente nós estamos muito atrasados em relação aos países de primeiro mundo.
Somos emergentes a caminho de submergentes.

Freddy disse...

Ainda mais que crescem as chances de volta da Dilma...
=8-/

Jorge Carrano disse...

????????

Riva disse...

Freddy, fala um pouco das fichas telefônicas de gelo ....

(pano rápido)

GUSMÃO disse...

O mergulhão de S-Bahn em Ostbahnhof lembra o Vale do Anhangabaú, em São Paulo.

Jorge Carrano disse...

Bem observado, Gusmão. Quando morei em São Paulo, na década de 1970, aquela área do Anhangabaú no centro da cidade, incluindo a Praça da Bandeira, tinha uma configuração semelhante.
Aquela trecho em desnível, o mergulhão, enchia nas chuvas mais fortes e complicava o trânsito.

Jorge Carrano disse...

O pessoal chamava de buraco do Ademar.
Lembra disso Gusmão?

Freddy disse...

Nunca usei as fichas telefônicas de gelo.

Havia, sim, um truque que os brasileiros passaram a usar, relacionado a chamadas DDI para o Brasil em telefone público pagando apenas uma chamada local. 2 deles foram presos em flagrante e tiveram de pagar fiança na delegacia para não serem enjaulados e a Siemens agiu para que não fossem processados e extraditados.

Dizem que, sendo época da ditadura militar, havia um acordo secreto com a polícia alemã para permitir essas chamadas, que eram grampeadas para procurar ativistas que porventura estivessem agindo no exílio. Alguns falaram que na França também tinha essas cabines.

O fato é que os 2 caras que foram apanhados deram mole. Com várias cabines disponíveis na cidade, fizeram fila numa das 10 que ficavam na praça atrás da Neues Rathaus, a única do local que permitia o macete... Putz, 9 cabines disponíveis e apenas uma com fila... =8-)

Pouco depois conseguimos a instalação de um telefone num dos apartamentos dos brasileiros (ao lado do meu), de modo que passamos a receber chamadas em vez de fazer. O chato era agendar o horário para que o destinatário estivesse junto ao telefone na hora em que pintasse a ligação...
<:o)

Freddy disse...

Sobre a Dilma, Romário (PSB-RJ) é um dos que ameaçam trocar de lado. O outro é Acir Gurgacz (PDT-RO). Confiram em

http://oglobo.globo.com/brasil/dois-senadores-ja-admitem-rever-voto-pelo-impeachment-19404106

Lembrem que havia 55 votos pró-impeachment no Senado e que a debandada de apenas 2 faz com que não se atinja o mínimo necessário para concretizar o impeachment, que são 54...

Jorge Carrano disse...

A ser confirmada a delação do Odebrecht, muita água irá rolar debaixo da ponte ainda:

http://oglobo.globo.com/brasil/marcelo-odebrecht-inicia-negociacao-para-delacao-premiada-19407178

Freddy disse...

Agora a terra vai tremer!

Riva disse...

Freddy não explicou a técnica das fichas de gelo ! Diminuiu a importãncia, relevância, ousadia do fato.

E isso em plena atividade do .... Baeder Meinhoff !!! ... só isso !! PQP

Isso numa época em que vc chegava na Alemanha, e se as autoridades cismassem, os passageiros tinham que descer do avião, e ficar na pista enquanto suas malas eram revistadas em plena pista !

Riva disse...

Complementando .... tb acho que a Desgraça pode voltar .... nem consigo imaginar uma situação dessas no Brasil de hoje. Seria o caos.

Freddy disse...

Fichas de gelo só ouvi falar e não foi na turma da Embratel. Em Munique, as máquinas de cigarro e cerveja aceitavam moedas. As de tickets de transporte aceitavam notas e moedas.
Portanto nenhuma aceitava fichas. O expert nesse tipo de fraude não sou eu.
<:o)

Jorge Carrano disse...

O crime já prescreveu, Freddy, pode confessar.

Aproveita e faz uma delação premiada e entrega o Riva em outros malfeitos.

O que está dito acima é uma heresia jurídica, mas vale como chiste.

Jorge Carrano disse...

Por falar em trens, vejam que maravilha:

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/06/suica-inaugura-tunel-ferroviario-de-57-km-o-mais-longo-do-mundo.html

(copy and paste)

Freddy disse...

Lendo o sufoco dos passageiros em recente acidente no Eurotúnel fico muito receoso de entrar numa geringonça dessas. O maior túnel ferroviário que entrei foi na base do Zügspitze, Alpes entre Alemanha e Áustria. Eram 4,5km dentro da montanha e terminava num imenso elevador. Só então você revia a luz do dia. E o elevador deu uma pequena pane, ficando parado e fechado por vários minutos - sem ascensorista! Teve gente que deu chilique!
<:o)

Jorge Carrano disse...

Tão arriscado quanto atravessar o Canal da Mancha, pelo Eurotúnel, com cerca de 38 quilômetros submerso, a uma profundidade média de 50 metros.

Hoje, trafegar pela Linha Vermelha, por exemplo, é mais perigoso. Ou tem arrastão nos congestionamentos ou bala padida em confrontos entre marginais e polícia. Ou entre facções inimigas.

Riva disse...

Essa do túnel me lembra um dos brinquedos do parque Animal Kingdom, em Orlando. Chama-se Mount Everest, e é uma montanha russa.

A fila de espera chegava a 1 hora ! Eu e a matriarca na fila e já olhando a trajetória da montanha russa, os gritos mesclados de euforia e terror dos usuários, e conversando sobre ... desistirmos do passeio.

Mas aí olhamos um casal de "velhinhos" na fila (como se nós não fôssemos velhinhos também), e pensamos, se eles vão, nós vamos. E fomos ....

Por ser engenheiro e ter uma ótima visão espacial de tudo, sabia que na arrancada, aquele trem da montanha russa não poderia despencar lá de cima, pois seria uma queda de 90º. E eu tinha razão ... não despencou. Voltou de marcha a ré a toda velocidade e entrou num túnel escuro fazendo loopings !

Entreguei a alma a Deus e ao Diabo. Nunca passei tão mal na minha vida kkkkkkkkkkkk !! Saí batendo as pernas e querendo vomitar, fraco, e fiquei uns 30 minutos me recuperando à base de Coca-Cola.

PS1 : a matriarca adorou o brinquedo.
PS2 : nunca mais entrei numa montanha russa.

Jorge Carrano disse...

Já que falamos de grandes obras de engenharia (tuneis, viadutos, etc) pergunto aos engenheiros de plantão se não foi uma irresponsabilidade apenas apoiar a pista da ciclovia sobre a viga de sustentação (é pilar que se chama?).

Não deveriam, pelo menos, colocar um Durepox ou Super Bonder? (rsrsrs)

Fomos capazes de construir a ponte Rio-Niterói e fracassamos numa obra de muito menor porte e dificuldade. Ou estou enganado?

Riva disse...

Amigo, trabalhei apenas 18 anos com esse tipo de estrutura isostática.

Foi simplesmente uma "varada" de projeto não amarrar/ancorar as lajes nos pilares, bem como não dimensionar corretamente a estrutura para uma força de baixo para cima de impacto das ondas.

Eu diria ..... doloso, sem intenção de matar, mas matando !

(pano rápido)

Freddy disse...

Li em algum canto que o CREA decidiu que a firma que ganhou a licitação não tinha capacidade técnica para encarar a obra. Se isso é verdade, é decorrência de um misto de corrupção (sempre tem) com a malfadada lei que quem vence é o mais barato. Infelizmente em licitações públicas não costuma haver um mecanismo para alijar algumas firmas concorrentes por incompetência.

Para dar um exemplo de exceção, eu fui à Alemanha porque quem ganhou a concorrência para construir a expansão de então Rede Nacional de Telex do Brasil (que começou com centrais japonesas NEC) foi a Siemens com seu sistema EDS. Não era a mais barata, mas ganhou pois foram consideradas alguns detalhes paralelos de qualidade e... bem, dizem que houve interferência política para viabilizar um acordo Brasil-Alemanha que estava sendo costurado na época.

O fato é que, efetivamente (verdade, eu sabia disso) o sistema EDS da Siemens era o mais avançado da época e se houve macetes para que a Siemens vencesse a concorrência não sendo a mais barata foram muito bem-vindos.

Voltando à ciclovia, portanto, só de olhar a gente sente a fragilidade do projeto. Mesmo que houvessem ancorado as pistas sobre os pilares, mais cedo ou mais tarde aquilo ia acabar ruindo. O projeto é pífio.

Já que foi citada a Ponte Rio-Niterói, parece realmente bem construída. Já passou por crises diversas, contorceu-se como uma cobra em ventanias e ainda lá está. A lamentar apenas a velocidade máxima, típica da época de caça-níqueis que estamos vivendo, a chamada indústria de multas. Se podemos trafegar a 100km/h dentro dos túneis da Linha Amarela, ou a 90km/h na Linha Vermelha, por que apenas a 80km/h na Ponte? Quando ela foi inaugurada, o limite era de 100km/h, pombas...
=8-(

Freddy disse...

Montanhas russas... Gosto bastante.
Infelizmente, meu retinólogo me recomendou que nunca mais ande nelas nem em simuladores que sacudam demais a cabeça (quase todos). É pra me garantir com relação à retina esquerda, que é a minha única boa.
Sniff...

Riva disse...

CREA ...... fui ali ....