8 de maio de 2016

Proa e popa

Miriam Leitão
Roberto Campos














São duas personalidades distintas, com trajetórias diferentes e até ideologias diversas, mas a leitura das obras dos dois, senão obrigatória, seria conveniente.

Ressalto que não estou comparando os dois personagens, suas histórias. Não são comparáveis. Apenas e tão somente faço um link entre suas obras.

O passado, desde a II Guerra Mundial, político e, sobretudo, econômico, descrito por Campos, ajuda-nos a compreender o presente; e o  futuro rascunhado por Miriam contém fundamentos e perspectivas bem plausíveis, bem consistentes.

Estou me referindo aos livros “A lanterna na popa”, quase uma autobiografia, de autoria de Roberto Campos, de 1994, com 1417 páginas (incluindo o índice)  e “História do futuro”, de Miriam Leitão, publicado em 2015, com 495 páginas (incluindo índice).










Ambos se colocam nas narrativas, como personagens, falando de suas experiências, ele como diplomata e ela como jornalista.

Roberto Campos exerceu papel relevante na história recente do país. Foi rotulado como aliado dos americanos, injustamente, como  fora rotulado de esquerdista no final da década de 1940, conforme ele mesmo conta em seu livro.

Por conta de seu alinhamento com a política externa americana, alguns humoristas, apoiados pela esquerda caviar, passaram a se referir a ele como "Bob Fields". Babaquice. Visão parcial, distorcida. Roberto Campos tinha humor, era culto e inteligente. E, claro, polêmico.

Não dá para comparar a cultura, o protagonismo e importância histórica de Roberto Campos com a dos seus detratores.

Campos conviveu, conheceu de perto, todos os chefes de estado e de governo de sua época (e monarcas),  como diplomata, representante do Brasil nos USA e na Inglaterra, foi membro participante de todas as conferências internacionais mais importantes, inclusive a de Bretton Woods, em 1944. Viu nascerem a Liga das Nações, a ONU,  FMI, o Banco Mundial.

Enfim, sua biografia é tão grande quanto sua importância, também no âmbito interno, como ministro de estado, deputado e senador. Criou o BNDES e o BNH.

Miriam Leitão, a julgar como verdadeiras informações  da Wikipédia, foi militante de esquerda, presa e torturada, em 1972,  durante o regime militar.

É jornalista, uma das mais laureadas, há mais de 40 anos. Produziu reportagens e entrevistou  personalidades das mais diferentes áreas, com ênfase nas que se destacam na economia e na política.

Para iluminar o futuro, antecipando a história, fincou pé em acontecimentos de ontem, avançando até as vésperas da publicação da obra. Ilustrou com depoimentos e casos nos quais atuou profissionalmente.

Concluo com a seguinte sugestão: se você realmente gosta de ler e tem disponibilidade mental para aprender, para saciar vontade de bem entender o mundo, de conhecer ações e reações, causas e consequências, tem que ler os dois livros.

Um ilumina o passado para nos dar compreensão; o outro joga um foco de luz no futuro para nos ajudar na caminhada.

15 comentários:

Jorge Carrano disse...

Antecipar a história exige muita informação sobre o presente. É necessário ter vivência rica em vários campos, em especial das atividades política e econômica.

É um exercício de futurologia arriscado pelas diversas variáveis fora de seu controle e ainda das que nem aparecem no cenário, por causa das novas tecnologias que brotam como cogumelos a cada instante.

Mas é uma leitura que nos instiga a pensar.

Se o livro da Miriam procura iluminar a proa, o do Campos lança luzes sobre a popa desta enorme embarcação chamada Brasil, que navega no turbulento planeta Terra.

Riva disse...

Reconheço o imenso valor dos dois escritores. Mas particularmente não gosto de ler sobre iluminações da proa, pelo fato de que muito rapidamente podem se tornar arcaicas, impossíveis de realizar, página virada.

Isso me lembra as Memórias de Churchill - li a edição condensada com mais de 1000 páginas. Ele conta que dava ordens para o front na África, pegava o avião para ir até lá, e quando chegava o cenário era completamente diferente daquele em que ele montou sua estratégia. O voo era longo, porque o avião tinha que contornar Portugal e entrar pelo Estreito de Gibraltar, por questões de segurança militar.

O cenário no Brasil está uma loucura total. E tudo vai parar pela assunção do Temer, montagem e implementação do seu governo, Olimpíadas, eleições, aí vem Natal, Reveillon e Carnaval. E já estamos em março de 2017 sem ter feito NADA !

E não esqueçam que se o louco do TRUMP vencer as eleições na AMERICA, o mundo nunca mais será o mesmo, por pior que esteja.

Não estou num bom dia, desculpem .... muito chocado com o assassinato da menina ontem, que veio do ES fazer uma surpresa para a mãe que chegava no aeroporto. Que Dia das Mães dessa criatura .....

Rio de Janeiro, uma cidade desgraçada !





GUSMÃO disse...

Parabéns pelo campeonato.
Bonita campanha.

Riva disse...

Parabéns aos vascaínos. Bicampeonato invicto !

Desmerecer ou diminuir uma conquista dessas vai parecer coisa de derrotado, de quem não participou da festa, como eu, tricolor. Não desmereço nem diminuo a conquista saborosa, mas constato que o Vasco foi o melhor entre diversos times horríveis. Foi disparado o menos pior.

Veio de uma queda para a Série B, tinha tudo para se desmotivar, mas se reinventou sob o comando da dupla Jorginho-Zinho, depois de um espetacular 2º turno no Brasileiro 2015.

Com certeza, no cenário atual, não merece estar na Série B. Mas em estando, que se cuide para voltar, porque sabem que não é fácil. É outro mundo a Série B.

Gosto muito da determinação do Vasco, chega a dar prazer ver o time partir para vencer qualquer jogo, mesmo com baixo nível técnico. Mas tem um grave e fatal defeito : depende demais de um único jogador. Nenê. O Vasco sem o Nenê em campo é ruim demais, como tem sido a maioria dos times do Rio de Janeiro, a cidade desgraçada.

Mas uma coisa é certa : não é só no Rio que as coisas estão mal em futebol. TODOS os grandes times do Brasil estão apresentando um futebol muito ruim. Tudo indica que o BR 16 será de baixíssimo nível técnico, daqueles em que clubes de baixo investimento lutarão pelas primeiras colocações.

Eu já contabilizei 14 derrotas certas do meu FLU, a começar pela do próximo domingo contra o poderosíssimo América MG.

Boa semana a todos !

PS1 : qual será a tragédia do Rio essa semana ?

PS2 : andrade Gutierrez assinou por 1 bilhão. CORJA correndo para os aeroportos ! Salve-se quem puder, mulheres e crianças por último ....



Jorge Carrano disse...

Obrigado Gusmão e Riva. O Botafogo foi um adversário valoroso, Gusmão, parabéns.

Riva, cumprimentos à matriarca. Alguém da família com bom gosto e sensatez.

Freddy disse...

É difícil para mim, vascaíno mas cartesiano, aceitar o fato de que o fraco time do Vasco tenha conseguido ser bicampeão invicto. Daí você classifica os demais...

Voltando na história, quem viu (eu ainda não era nascido) sabe o quanto representou o Expresso da Vitória no campeonato carioca. 3 dos 6 títulos invictos pertencem a esse período: 1945, 1947, 1949. Time respeitado no Brasil e no mundo, campeão do Sul-Americano de 1948, considerado o torneio precursor da copa Libertadores.

Outro título invicto digno de nota é o de 1992, que iniciou a campanha do tricampeonato 92-93-94. Belo time, em que se tinha real confiança quando entrava em campo.

O de hoje...
Um comentarista diz que é curioso que o Vasco tenha jogado esse ano 4 vezes com o Botafogo. O Botafogo teria sido o melhor em campo neles todos (há controvérsias sobre o primeiro dos 4 jogos) mas o Vasco venceu 2 e empatou 2.
Outra: o gol que deu o título nasceu de uma falta mal marcada...
Mais uma: todos (incluindo Riva) relembram que uma coisa é ganhar o campeonato do Rio, outra é encarar a série B! Ou seja, não reconhecem o bicampeão carioca invicto como capaz nem de chegar entre os 4 que vão ascender à série A...

Sim, estou feliz com o bicampeonato, mas com um sorriso amarelo.

Freddy disse...

Sobre Míriam Leitão, só não gostei do título. Conheço “A História do Futuro” mas é a coletânea de livros de ficção científica do falecido Robert A. Heinlein, que culminou no excelente “Time enough for Love”, abordado em 2 posts neste blog há quase exatos 2 anos (13 e 14 de maio de 2014).

Afora esse parêntese, sendo eventual leitor de sua coluna na edição virtual do Globo, parece ser uma boa indicação de leitura.

Contudo, perdoem-me... Bob Fields é demais pra mim.

Jorge Carrano disse...

Waldir Maranhão é o nome do canalha da vez. Maldito seja por todos os séculos dos séculos. Ou em latim: in saecula saeculorum.

Jorge Carrano disse...

MALDITO!
"Per omnia secula seculorum"

Riva disse...

BRASIL BANDIDO .... sempre falei.
Não estou surpreso.

Jorge Carrano disse...

Ia fazer um comentário, Riva, mas pensei na lei do retorno e o que penso a respeito dele e o que desejo para ele pode reverter contra mim e seria muito brabo.
Biltre, pulha, crápula, filho de uma égua.

Riva disse...

... e outras cositas mais .....

só olhar para a cara do sujeito .... já diz tudo !

Freddy disse...

Se ainda houver um resquício de justiça nesse país, a decisão será anulada, o biltre expulso do partido (PP) e inserido sem azeite na Lava-Jato, além de ver prosseguir um inquérito no STF sobre desvio de verbas.

Jorge Carrano disse...

Pois é Riva. Quando olho para a cara dele lembro de um dos autores mais citados em minhas aulas de direito penal, o formulador da teoria da antropologia criminal, chamado Cesare Lombroso.

Veja na wikipédia:

"Lombroso é creditado como sendo o criador da antropologia criminal e suas ideias inovadoras deram nascimento à Escola Positiva de Direito Penal, mais precisamente a que se refere ao positivismo evolucionista, que baseava sua interpretação em fatos e investigações científicas."

Traduzindo, o criminoso tem características físicas peculiares. Trocando em miúdos: bandido tem cara de bandido, numa livre interpretação minha.

Jorge Carrano disse...

Agora que estou no final da leitura de História do Futuro", da Miriam Leitão recomendo sem restrições.

Além de tudo o livro é um repositório de informações úteis.

Miriam não poupa Dilma, nem o PT.

Ao falar da degradação da diplomacia nacional, que era tida e havida como competente e era respeitada em todo o mundo, a autora comenta o episódio do constrangedor comentário de Dilma sobre retornar com a pasta de dente para dentro do dentifrício. Ou ela não houve seus diplomatas ou eles são despreparados.

E dá como exemplo um episódio do chanceler Saraiva Guerreiro, da velha guarda do Itamaraty.

A analogia entre os "coroneis" do passado e os programas sociais do governo
e o uso marqueteiro e mentiroso destes programas na campanha eleitoral estão muito bem colocados.

Os capítulos sobre educação e energia também são bem consistente.