Por
Ana Maria Carrano
Este é o título de um
sambinha composto por Chico Buarque com o pseudônimo de Leonel Paiva e Julinho
da Adelaide numa tentativa para driblar a Censura que havia proibido diversas
composições suas.
A música foi lançada
no disco Sinal Fechado, em 1974.
Acorda Amor
Composição: Leonel
Paiva / Julinho Da Adelaide
“Acorda, amor
Eu tive um pesadelo
agora
Sonhei que tinha gente
lá fora
Batendo no portão, que
aflição
Era a dura, numa muito
escura viatura
Minha nossa santa
criatura”
A música foi composta
durante o Regime Militar que vigorou no Brasil no período de 1964 a 1985, e
esta primeira estrofe retrata a sistemática adotada pelos órgãos de repressão
aos grupos que ameaçavam a segurança do Governo.
Os militares atuantes
no DOI (Destacamento de Operações e de Informações) apreendiam os suspeitos, na maioria das vezes, durante a noite e
chegavam em carros escuros e não identificados.
Atualmente, os
investigadores da Operação Lava Jato, conduzem os suspeitos e acusados para
depoimento em condições semelhantes: de manhã bem cedo o Japonês da Federal
aparece de surpresa.
“Acorda, amor
Não é mais pesadelo
nada
Tem gente já no vão de
escada
Fazendo confusão, que
aflição
São os homens
E eu aqui parado de
pijama
Eu não gosto de passar
vexame. ”
Os guerrilheiros e
militantes de grupos de esquerda que almejavam a implantação de regime similar
ao de Cuba e Rússia, sabiam-se investigados e por este motivo mudavam
constantemente de endereço, sendo que os líderes, muitas vezes, não dormiam
duas noites no mesmo local.
“Se eu demorar uns
meses
Convém, às vezes, você
sofrer
Mas depois de um ano
eu não vindo
Ponha a roupa de
domingo
E pode me esquecer”
O DOI, mais conhecido
como DOI-CODI, com a inclusão de outro Setor destinado a análise de
informações, a coordenação dos diversos órgãos militares e o planejamento
estratégico do combate aos grupos de esquerda, CODI, tinha por objetivo
identificar células comunistas e seus militantes para neutralizar suas
atividades que incluíam ações de guerrilha e crimes comuns.
Por este motivo a
detenção durava longos períodos e, em algumas ocasiões resultava no
desaparecimento ou morte de alguns presos.
O governo brasileiro,
após o afastamento dos militares do poder, reconheceu a existência de 356 vítimas,
sendo 216 mortos e 140 desaparecidos.
A Comissão da Verdade,
criada por movimentos e partidos de esquerda para investigar este momento
histórico, concluiu que foram
191 mortes, 210
desaparecimentos e 33 dados como desaparecidos cujos corpos foram localizados
posteriormente.
A tortura nos porões
do DOI foram lamentáveis ações de um grupo de militares radicais, não se
constituindo regra geral. Haja visto que a Comissão de Anistia aprovou 40.300
pedidos de indenização, sendo as vítimas fatais menos de 1% dos presos.
Na ditadura na
Argentina (1976 a 1983), foram registrados cerca de 30.000 desaparecidos, visto
que o regime vigente não deixava mortos.
Em Cuba, no regime
admirado pelos nossos esquerdistas, foram comprovadas 136.288 vítimas fatais do
regime mantido há 45 anos pelos irmãos Castro.
“Acorda, amor
Que o bicho é brabo e
não sossega
Se você corre, o bicho
pega
Se fica não sei não
Atenção!
Não demora
Dia desses chega a sua
hora
Não discuta à toa, não
reclame”
As pessoas alvo das
ações do DOI CODI sabiam exatamente o porquê de sua prisão.
Nunca li nenhum relato
de presos inocentes no regime militar, diferentemente das vítimas das ações das
guerrilhas urbanas ou rurais, estes sim inocentes.
Finalmente, na sua
música, Chico Buarque inclui, após cada estrofe, o refrão:
“Clame, chame lá,
chame, chame
Chame o ladrão, chame
o ladrão, chame o ladrão”
Tanto chamou e clamou,
que deu no que deu.
Nota : Eu tinha 19
anos quando começou o Regime Militar. Trabalhava e estudava e sentia os
reflexos das ações da esquerda. Sentia-me insegura, assim como a grande maioria
dos brasileiros.
Sites para consulta.
http://www.ternuma.com.br/index.php/parameditar/1753-involucao-de-fidel-castro-pode-ter-fuzilado-20-mil-pessoas
6 comentários:
Muito bem colocado. Análise clara e precisa daquela página da história do Brasil.
Os militantes eram presos porque tramavam, conscientemente, contra nossas tradições democráticas. As manifestações nas ruas, em passeatas de apoio aos militares, eram a prova de que rejeitávamos à ideologia esquerdista que pretendiam nos impor, através de uma república sindicalista.
Se houve excessos, depois, por parte dos militares, a explicação é simples: tudo na vida tem limites.
Ou não temos vontade, algumas vezes, de dar umas bolachas no Cunha, no Lula, no Falcão, e outros da mesma laia, que insistem em negar seus crimes mesmo diante de evidências e provas concretas de malfeitos?
Caras de pau. Haja paciência.
Ana Maria e Gusmão,
Já escrevi mais de uma vez aqui no blog, que não foi sem razão que nunca me candidatei a cargo público (delegado, juiz e outros) porque investido de autoridade iria extrapolar limites do munus do ofício.
Tenho opinião e nem sempre provas de autos judiciais iriam me convencer a agir diferentemente de minha intuição, meu feeling.
Acho que também por isso minha pretendida carreira militar foi abortada em razão de problemas de visão (sou daltônico e queria a aeronáutica).
Eu, autoridade, muito provavelmente mandaria dar umas porradas nos recalcitrantes.
E quantas pessoas num desentendimento de trânsito vão as vias de fato e se agridem, se matam? Vocês já viram, pelo menos no cinema, como se comportam alguns investigados e interrogados por autoridades. São irônicos, desrespeitosos, enfim, despertam nossos piores instintos. E se você é "autoridade", perde mesmo o juízo e age violentamente. Basta ser humano.
Padres e humanistas não podem ser repressores por isso. São muito tolerantes.Pecar é uma coisa, transgredir as leis é outra.
Tenho pavio curto e Deus não deu asas a cobra, com toda razão.
Estou admitindo que faria o mesmo e compreendendo aqueles que se excederam com os comunas de meia tijela.
Não é uma apologia à tortura, sou a favor da eliminação sumária das frutas podres, como fez o Fidel nos paredões. Aí você é perdoado.
E umas porradas muitas vezes corrigem rumos. Mesmo um vergalhão torto, se martelado com força, fica de novo esticado, reto.
Apoiei os militares. Rigidez, firmeza, são necessárias. Torturas sádicas são outra coisa.
Ainda sobre o post. Admiro a obra musical do Chico. Ele é bom no jogo de palavras. O mesmo não digo da obra ljterária, que acho chinfrim.
O homem eu não queria como amigo, porque discordo de suas "convicções" políticas.
Quanto ao apoio aos militares, não me arrependo. Diferentemente da Globo que mudou de opinião acho que por dinheiro.
As torturas, se houve, são equiparáveis ao cárcere privado a que foram submetidas autoridades diplomáticas estrangeiras. Sequestro, para mim, é crime abominável.
Por isso a guerrilheira Dilma jamais terá meu perdão. E a guerrilha urbana perpetrou crimes de morte também.
Estes grupos de esquerda assaltaram bancos, agora no poder assaltaram as estatais sem armas, só na fraude e corrupção.
A autora do post foi muito feliz ao pagar a música do Chico e fazer analogia com o quadro atual.
Também apoiei a revolução de 1964. Não sei de desvios de dinheiro público para partidos políticos na época, não sei de generais ou seus filhos, que tenham ficado milionários. Não sei de coronel que ganho apartamento triplex de empreiteira.
Os militares de hoje, no exército, inclusive pela mudança de formação na AMAN, resistirão ao extremo uma intervenção na política.
Ana, parabéns pelo texto, pela analogia à letra do cara, pela análise, por tudo.
Show de bola (para não deixar o futebol de fora rsrsrs).
Quanto ao período da chamada "ditadura militar", só posso dizer que tive uma adolescência maravilhosa, em todos os sentidos, fiz uma boa universidade, casei e tive meus filhos maravilhosos, em resumo, foi uma fase muito feliz da minha vida, que era 100% focada em me divertir, estudar (mais tarde rsrs), constituir uma família e trabalhar no que mais gostava de fazer.
#simplesassim
#cadaumfezseucadaum
PS: desculpem os raros comentários, mas tenho chegado tarde todos os dias. Acabo ouvindo um som para relaxar ao invés de entrar na web.
Riva,
Minha velha avó portuguesa, de nome Ana, que era a matriarca da família, viúva duas vezes, com seis filhas e um filho, genros, nora e muitos netos, tinha sempre na ponta da língua um ditado de sua terra natal: "primeiro as obrigações, depois as devoções".
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