Antes do provável recesso, quero fazer alguns comentários. Se
no Rio meu time vai muito mal das pernas, na Inglaterra meu Arsenal, para
surpresa de muitos críticos e até de alguns gunners,
estamos na liderança isolada do campeonato.
A equipe está bem entrosadinha, só não tem elenco para
aguentar a disputa da Premier League
e da Europa Champions League
simultaneamente. Quem sabe fazendo umas três contratações pontuais na próxima “janela”,
em janeiro, o elenco fique reforçado e em condições de continuar competindo com
chances de titulo, pelo menos o nacional.
Desde há muito o Arsenal não tem o time mais competitivo, mas
tem a equipe que joga mais bonito. Dizem até que o Arsenal não tem torcida, tem
plateia. E seu estádio, em Londres, o Emirates, é lindo e moderno. A seleção
brasileira já fez vários amistosos naquele estádio.
Lembra um pouco o time do América, aqui no Rio, na década de
1960, que jogava bonitinho, bem entrosado, bola de pé-em-pé, costurando o
adversário. Só não tinha capacidade de conclusão, de definição das jogadas. Mas
era bom de ver jogar.
O Vasco depende de muita sorte. Só da sorte, porque mérito e competência não tem, para escapar do
rebaixamento. Não tem mérito porque foi mal desde o início e não se arrumou. E
não tem competência, com um “timeco” que está mesmo no nível da segunda divisão
e olhe lá.
Nesta última partida, contra o Nautico, último colocado e já
rebaixado, ficou clara a pobreza do futebol do Vasco. Teve só disposição,
aplicação e luta, mas nenhuma organização, nenhuma disciplina tática.
E o Nautico, se jogasse como jogou esta partida durante toda
a competição, não teria caído para a segunda divisão.
Já notaram como agora quando a bola está no ar, nenhum
jogador passa para o companheiro com a cabeça?
Mesmo na Europa (na Espanha, na Inglaterra e na Alemanha), campeonatos
que acompanho, o que se vê é o passe de peito, como no futebol de areia. Se a
bola vem à meia-altura, o passe para o companheiro mais próximo é de peito. São
modismos. E com a globalização do esporte, todo mundo joga igual, seja na
América do Sul, na Europa, na Ásia ou na África. Um jogo do campeonato alemão, recentemente
disputado, entre Borussia Dortmund e Bayern de Munique, foi transmitido para
106 países.
Nós precisamos nos organizar pra passar a exportar o
espetáculo (o jogo) e não os artistas (os jogadores). E ganhar muito dinheiro
com isso.
Os jogadores, mundo afora, fazem os mesmos cortes de cabelo e procuram
imitar seus ídolos no estilo de jogo. No outro dia vi, no campeonato inglês, um
jogador pouco conhecido fazer uma jogada “à la Zidane”, girando sobre a bola e
puxando-a com a sola da chuteira, para iludir o adversário e passar por ele. Só
que o danado do imitador, fez duas vezes seguidas a jogada de girar sobre a
bola. Ou seja, aperfeiçoou o que já era bonito e eficaz.
Morreu Nilton Santos, o lateral esquerdo que primeiro jogou
como ala, embora sem esta denominação. Lembro da partida inicial do Brasil, na
Copa de 1958, quando nosso lateral esquerdo avançou com a bola, margeando a linha lateral do campo, até chegar
à área do adversário e chutar em gol. E fazer o gol. Durante todo o tempo da
avançada de Nilton Santos, esse era o lateral esquerdo, o técnico Vicente Feola
se esgoelva “volta Nilton, volta Nilton”.
Mas Nilton Santos, felizmente, não o ouviu. Sabia mais que o
técnico.
Nenhum epíteto foi tão adequado quanto o conferido ao Nilton
Santos: Enciclopédia. Ele sabia tudo mesmo.
Botafoguense, de camisa e espírito, como acontecia
antigamente, quando o atleta tinha amor à agremiação que defendia.
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