15 de fevereiro de 2013

Energia alternativa no Brasil




Por
Carlos Frederico March
(Freddy)






Com a recente reativação das poluentes usinas termoelétricas, de modo a complementar as necessidades de consumo num cenário de estiagem (por sinal previsível para quem faz uso da ciência em planejamento de médio e longo prazo), reabre-se a discussão sobre alternativas energéticas no Brasil.


Poluente usina termoelétrica

Aqui nós temos uma queda de braço desigual entre os interesses de grupos que auferem ganhos legítimos e/ou escusos pela implantação de usinas tradicionais, e o de grupos que defendem as soluções mais limpas, em franco crescimento no Primeiro Mundo e além.

Até a reativação do Programa Nuclear Brasileiro já renasceu das cinzas, enterrado que estava desde o acidente com a Usina da Fukushima no Japão. O maior problema com essa alternativa energética nem é a segurança das instalações, mas sim onde depositar os resíduos radioativos ao longo de sua vida útil. Problema para gerações à frente... (ref: *1)

Obviamente a construção de usinas hidrelétricas salta aos olhos como solução tupiniquim dada a abundância de recursos hídricos no Brasil, mas ultimamente o que está na berlinda é a alteração radical em ecossistemas por conta das imensas transformações ambientais ao redor das mesmas. Belo Monte não me deixa mentir.

Então, onde poderíamos investir sem afetar o meio ambiente? Em energias ditas hoje alternativas, como solar, eólica, de marés, etc. Em termos de realidade brasileira, vou me ater neste texto às modalidades eólica e solar.

O uso de energia eólica não seria uma solução de âmbito nacional, por ser uma solução particular de regiões pródigas em ventos constantes. Mesmo assim, porque não aproveitar essa fonte ecológica nos sítios favoráveis? O litoral nordestino é um deles. No Rio Grande do Sul temos o famoso Minuano.

Mesmo que não seja durante o ano todo, mesmo que sejam soluções pontuais, o alívio que traria à matriz energética nacional já seria uma grande ajuda.


Ecológica planta de geradores eólicos
Energia solar: as “gralhas e corvos” insistem em esquecer que o uso do Sol é a mais importante e ecologicamente correta forma de produzir energia no futuro próximo, dado que nossa estrela não
cobra pela energia que nos manda e, por mero acaso, o Brasil é o país com a segunda maior área de insolação contínua do mundo, perdendo apenas para o Deserto do Saara. (ref: *2)

Apenas em 2009 se percebeu (ou foi conveniente perceber) que o Brasil tem um potencial maior que a Europa para aproveitamento de energia solar. Até mesmo um estado como Santa Catarina, com
pouco sol, tem 60% mais potencial que a melhor região usada na Alemanha, país que é reconhecido como um dos maiores interessados nesse tipo de energia. (ref: *2)




A justificativa de que painéis solares ainda são volumosos e caros é mera questão de investimento (falo em âmbito mundial, não apenas Brasil). Não faz muito tempo celulares eram verdadeiros tijolos que precisavam de várias recargas diárias. Por pressão da demanda, que estimulou as pesquisas, hoje temos aparelhos quase que como cartões de crédito com carga para vários dias de uso. Portanto, basta haver uma necessidade real e logo as soluções práticas, eficazes e baratas irão florescer, tanto para uso doméstico como para fazer parte da matriz energética das nações.


Quanto a uma alegada feiura arquitetônica, em caso de uso residencial, com design cuidadoso se consegue um belo telhado misto de telhas e painéis. Soluções mais inventivas vem sendo tentadas e hoje já há painéis que emulam telhas comuns. Contudo, para mim, a busca dessa similaridade configura saudosismo, dificuldade de aceitar mudanças. O futuro será de telhados totalmente compostos de painéis solares, quando não também todas as paredes voltadas para o Sol. Questão de necessidade e bom senso.

Não descarto (parece até terreno da fantasia) que assim que soluções eficazes de aproveitamento da energia solar se tornar cotidiano, todos os automóveis, caminhões, ônibus, trens, em vez de serem pintados, terão uma cobertura especial para captação dessa energia. É mera questão de adaptação da sociedade. Ter carros que não fossem pretos foi uma quebra de paradigma, homens vestidos
com roupas coloridas idem, piercings em umbigos, tatuagens no corpo todo, mochilas nas costas de executivos de terno, etc etc...

Fechando... Estamos sob a ditadura de grupos poderosíssimos que ainda lucram com fontes antigas e poluentes. Petróleo, carvão, usinas nucleares, e até grandes hidrelétricas são o status quo. Mudar a mentalidade para o uso de uma energia que não tem custo de matéria prima (sol e vento) mexe com interesses político-econômicos internacionais.

Temos do outro lado a pressão ecológica. Não podemos perder o planeta por conta de interesses econômicos de poucos, mesmo que poderosos. A parcela esclarecida da população tem de pressionar pelas soluções científicas limpas. As gerações futuras (nossos filhos e netos) agradecerão.




Créditos de fotos:
Usina termoelétrica (www.baciariograndemp.blogspot.com.br)
Geradores eólicos (www.renovacaoenergetica1.blogspot.com.br)
Painéis solares em telhado (www.10decoracion.com)
Telhas solares (www.fc-solar.com)
Placas solares (Wikipedia, a enciclopédia livre)

Referências bibliográficas:
(*1) http://oglobo.globo.com/economia/governo-volta-discutir-instalacao-de-novas-usinas-nucleares-7539636)
(*2) http://oglobo.globo.com/economia/miriam/ (texto de 08.02.2013)

6 comentários:

Jorge Carrano disse...

Seja bem-vindo, Zé Roberto Graúna.
Como sempre escrevo a cada novo seguidor, opine, sugira, conteste, questione.
Não raro os comentários adicionais, seja na linha da concordância seja na de questionamento, é que valorizam os posts.

Gusmão disse...

Em algumas viagens ao exterior constatei que muitos países utilizam a energia eólica.
O que não sei é se a energia gerada é significativa.
Por exemplo uma cidade de cerca de 200 mil habitantes pode ser suprida apenas com a energia obtida com ventos?
Abraços

Freddy disse...

Caro Gusmão, eu não tenho dados concretos para respondê-lo, mas também tenho visto o uso desse modelo de geração em sítios pequenos. No Rio Grande do Norte tem bastante, é uma região com muito vento (e constante) na costa.

Contudo, creio que a energia solar é que deve ser o foco quando se pensa grande.
Abraço
Freddy

Freddy disse...

Gostaria de informar aos leitores e comentaristas desse blog que Zé Roberto Graúna (ver acima) é um grande amigo meu, fotógrafo, desenhista e cartunista. Foi meu orientador quando eu ainda caminhava inseguro na fotografia de modelos e ainda hoje é meu guru nessa área (para irritação de minha esposa - beijinhos, querida! - ela lê o blog - rs rs).
Zé Roberto mantém um blog focado no mundo do desenho. Quem quiser conhecê-lo melhor, visite "Desenharte" em http://www.zerobertograuna.blogspot.com.br

Abraços
Freddy

Ana Maria disse...

E o meteorito, Carlos Frederico?
Ah! Certamente o Ricardo dos Anjos faria deste questionamento um poema. rs

Riva disse...

Do meteorito, além do próprio ter impressionado-me bastante, impresionaram-me também mais 2 detalhes :
1) A NASA ou sei lá quem não saber que o danado estava a camminho, e perigoso demais.
2) A incrível explicação para tantos automóveis na Rússia terem fotografado o bicho no céu : é que lá na Rússia quase todos têm câmera frontal no automóvel para, acredite, filmarem os malucos que se atiram na frente dos carros para ganhar seguro e ação contra o motorista ! A filmagem os inocenta.
(pano rápido)