9 de fevereiro de 2013

Sitting Bull and General Custer


Acho que já contei aqui que na minha infância e pré-adolescência, por causa dos filmes americanos, principalmente os faroestes, minha opinião oscilou ora a favor dos índios ora a favor da cavalaria, que reprimia os índios e circunscrevia o seu território.

Touro Sentado
Gen George Custer
Touro Sentado e o General Custer alternaram-se como meus heróis, segundo o enfoque dado pelo diretor do filme. Tá acerto, eu era criança e não tinha cultura nem discernimento.

Mas o que dizer de outra dúvida que me assalta, e esta até os dias correntes, já adulto, mas igualmente ignorante da história dos povos e das civilizações dos judeus e dos palestinos: quem tem razão neste conflito que parece não terá fim?

Alguém dirá que ambas as partes envolvidas têm alguma razão. Bonito mas mentiroso.

Os judeus que historicamente foram expulsos de vários estados independentes ou tiveram seu acesso e permanência limitados em sistema de quotas, agora têm território reconhecido e formam um Estado soberano admitido nos organismos internacionais.

Os palestinos que tinham um território, depois da segunda guerra mundial perderam metade dele, que foi outorgado aos judeus que lá criaram o Estado de Israel.

Esta partilha foi sacramentada pela ONU. Acontece porém que os povos árabes jamais aceitaram pacificamente esta divisão e os conflitos armados se sucederam.

Nestas guerras regionais, os israelenses acabaram por tomar e ocupar territórios que seriam dos palestinos. E permanecem em alguns destes territórios criando a situação de uma maioria palestina, em seu território, mas vivendo sob ocupação israelense.

E soube agora, lendo uma entrevista de Salam Fayyad, que vem a ser o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, que nem mesmo os impostos arrecadados em seus territórios ocupados por israelenses, decorrentes de transações comerciais, são repassadas pelos judeus para eles, (Autoridade Palestina), nem de forma parcial.

Ora, os palestinos não conseguiram se organizar em um Estado. Dos meus tempos de acadêmico de Direito, lembro que o conceito de Estado compreendia a existência de um território, um povo e uma organização político/jurídica. Sem esta organização, havendo apenas povo e território, a conceituação seria de que se tratava de uma nação.

Ou em outras palavras, o Estado seria a nação juridicamente organizada.

Por que os palestinos não conseguiram até hoje sua aceitação e reconhecimento junto a comunidade internacional? Porque jamais conseguiram organizar o Estado Palestino, embora estivessem autorizados pela ONU, em 1948, quando o território foi dividido exatamente para criação de dois estados independentes.

Os palestinos já estavam lá naquele território, que afinal era deles, quando da divisão e compartilhamento com os judeus, e diferentemente destes que se fortaleceram politicamente e militarmente, não conseguiu entendimento entre eles mesmos, com suas diferentes etnias.

É bem verdade que tem o episódio bíblico da Terra Prometida, que seria ocupada pelos israelitas, segundo decisão de Deus transmitida aos patriarcas. E o território é o mesmo em disputa eterna.

Distante dos conflitos armados, longe do alcance do foguetes e bombas e sem ter parentes ou amigos próximos correndo risco de morte, a única coisa que tenho certeza é que está faltando bom senso, e decisão política, dos dois lados.

Até para perceber que para alguns poucos não interessa a paz e o convívio pacífico. Faz-me lembrar, aqui no Brasil, a famosa Comissão do Vale do São Francisco, que ara um fim em si mesma. Se a comissão resolvesse o problema, estaria decretando seu fim, sua extinção por falta de objeto.

Bem, lá no oriente médio alguém há de ter razão, mas já foi dito que não é importante ter razão, o importante é ser feliz. E ninguém pode ser feliz com o permanente temor de que uma bomba incendiária pode atingir sua casa ou a escola de seus filhos?

Hoje, quanto aos índios e aqui no Brasil, tenho uma opinião formada. Chega de tutela. Depois de mais de 400 anos de convívio com outras raças, já são grandinhos e espertos o suficiente para cuidar da própria vida. Basta de protecionismo e privilégios.
  

5 comentários:

Jorge Carrano disse...

Na batalha de Little Bighorn enfrentaram-se de uma lado o então respeitado 7º regimento de cavalaria do exército norte-americano, liderado pelo famoso General Custar (meu xará George) e de outro lado uma parceria de Sioux e Cheyennes liderados por dois bravos guerreiros indígenas: Touro Sentado e Cavalo Louco.
Os soldados foram massacrados. Inclusive o General Custer perdeu a vida. Vitória retumbante dos índios.

Anônimo disse...

O assunto não é um pouco árido para dias de alegria, com samba, birita e muita mulher pelada?
Semana que vem eu prometo comentar.
:D Fernandez

Jorge Carrano disse...

Você não deixa de ter razão, Fernandez. Mas tem sua razão de ser. Nem todo mundo é folião e está bebericando ou admirando as mulheres desnudas na TV ou nos blocos de rua.
O post é para estas pessoas que pensam o tempo todo.

Freddy disse...

Não gosto de debater esse assunto. Principalmente porque é complexo, envolvendo História, Direito Internacional e Religião.

Eu sou cristão, por acaso católico mas não vem ao caso. Conheço budistas. Conheço islâmicos. Porém os JUDEUS, que pra mim é uma religião e não um povo, se acham no direito de ter uma terra pra si. PQP, não dá pra frequentar sua sinagoga em paz morando no Brasil ou nos EUA e fazendo dali a sua terrinha pessoal?

Palestinos estão na mesma linha. Por azar, querem a mesma terra que os judeus. Aliás, islâmicos também têm seu culto ligado a um lugar, mas não vamos mexer com eles, por enquanto.

Será que Deus, que apesar de ser um só dá a impressão de estar dividido em partes por um esquartejador cósmico, será que esse Deus quer mesmo que todos que o louvam se matem e matem os "hereges" o tempo todo, séculos sem descanso?

Não dá para colocarmos em prática os ensinamentos de John Lennon em "Imagine"?

>:-/ Freddy

Freddy disse...

Índios e raças. Já cansei. É proteção a vermelhos de um lado, a negros de outro, benesses, privilégios, sempre patrocinados pelos demais, obviamente. Interessa com certeza a um monte de gente.

Assim como a guerra. Os EUA são os maiores beneficiários (economia interna) da manutenção de guerras mundo afora. Só quando a coisa ameaçou seu território em 2001 é que a "brincadeira" quase acabou.

Dizem que guerra é um motor para o progresso da ciência e que acaba trazendo benefícios à população civil. Eu acho que desafios científicos, astronômicos, aeroespaciais, fariam o mesmo sem sacrifício direto de vidas, mas parece que é bem mais difícil convencer o congresso a aprovar as verbas de pesquisa. Com guerra é mais fácil.

É o mal do bicho homem.
E vamos ao Carnaval!
<:o) Freddy