Já comentei sobre minha decepção com o “Pequeno Dicionário
Brasileiro da Língua Morta”, de Alberto Villas. Não que seja ruim. Os verbetes
estão bem explicados e os comentários estão conformes.
Minha decepção está na medida em que não tem uma palavra ou
expressão que esteja fora de meu
vocabulário usual ou que já não lembrasse.
Essa expressão do título, por exemplo, uso rotineiramente.
Para quem não lembra ou jamais ouviu, encher linguiça é ”a arte de preencher espaços vazios com
enrolação”, para utilizar o mesmo significado dado pelo autor.
Já “enrolação”, no sentido aqui empregado, não consta do
dicionário em questão. E nem no Aurélio, não pelo menos na versão digital que
tenho no computador.
Mas encontrei na rede, no dicionário informal que é
encontrável no endereço
http://www.dicionarioinformal.com.br/
http://www.dicionarioinformal.com.br/
Está lá, “enganar alguém com o passar do tempo”.
Então o que temos: “arte de preencher espaços vazios”, e aqui o espaço vazio é a página do “word” onde
escrevo. Com enrolação: a enrolação no
caso, não é só com o passar do tempo, mas também no escrever “abobrinhas” nada
de concreto ou objetivo.
“Abobrinhas” no significado de besteiras, que encontrei no
dicionário informal supracitado (http://www.dicionarioinformal.com.br/abobrinha/) nem é tão fora de uso. Os paulistas usam muito: "fulano me cansa, fica falando
abobrinhas o tempo todo".
A verdade é que falar abobrinha dá certo, assim como dá outro
recurso muito usado por cronistas que têm que produzir textos semanais para
publicação nos jornais mais importantes.
O tal recurso é começar a crônica escrevendo exatamente isto, que está
sem assunto na cabeça, sem inspiração.
João Ubaldo |
Pronto, já tem um início, um ponto de partida. Um dos
cronistas de minha predileção, leitura dominical obrigatória, que já utilizou
mais de uma vez este artifício, é o João Ubaldo Ribeiro.
L. F. Veríssimo |
Ora, uma coisa puxa a outra e vou enchendo linguiça falando de meus cronistas prediletos. No momento o Veríssimo ocupa uma posição de destaque nas minhas preferências, mas o rol é bastante extenso, e cito assim de memória Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino, Ivan Lessa e, entre as mulheres, Rachel de Queiroz e Lygia Fagundes Telles, as mais antigas e no tempo presente Martha Medeiros.
Já tenho aqui uma lauda e meia. Acrescento umas fotos
ilustrativas e pronto: já tenho o post de hoje.
Se você leu até aqui, muito obrigado e desculpe pela
enrolação. Enchi linguiça mas com boa literatura (Sabino, Braga, Lessa, Veríssimo e outros) e com informações úteis, tal como e existência no sitio http://www.dicionarioinformal.com.br/ do dicionário informal da língua portuguesa.
Rachel de Queiroz |
Martha Medeiros |
4 comentários:
Carrano, eu uso o Houaiss, que define "enrolação" assim:
Substantivo feminino
Regionalismo: Brasil.
Uso: informal.
Ato ou efeito de enrolar, tapear; embromação, enrolada
Pois é, embromou legal, procurarei ajudar se puder! Veríssimo, infelizmente, está internado. Esperamos que se recupere rápido.
Abraços
Freddy
Freddy,
Fui surpreendido com a notícia sobre o Veríssimo, ontem à tarde.
Logo mais, às 13 horas, entra no ar, um post de louvor, uma apologia, escrita pelo Riv4, evocando glórias do Fluminense.
Assim a "enrolação" terá vida curta, como teve ontem pois assim que entrou no ar, chegou o texto do Ricardo W Carrano sobre o Thanksgiving.
Só posso dizer que a Isa faz uma abobrinha maravilhosa, refogada ... rsrsrs
Quanto às linguiças, eu as prefiro enchendo meu pão de cachorro quente.
Dica ? O melhor do mundo, na esquina da São José com Rodrigo Silva. Manda colocar o molho por baixo da linguiça ... hehehe
Força, Veríssimo !
Abrs,
Para nossa alegria, Veríssimo deixou o hospital.
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