Ontem tive que ir ao centro do Rio de Janeiro, na Av. Erasmo
Braga, onde fica o Forum.
Como há muito não fazia esta travessia, via barcas ou lanchas
ou catamarãs, fiquei observando as pessoas, a estação de embarque, o mar,
enfim, olhando as coisas ao meu redor, já que era uma das pouquíssimas pessoas
que não estava com os olhos grudados em smartphones ou tablets.
As coisas mudaram um pouco, desde que eu fazia este percurso
Niterói-Rio, diariamente, utilizando as lanchas, barcas e aerobarcos da
Cantareira, da Frota Barreto e, eventualmente, em tempos de greves, nos
pequenos navios (rebocadores, avisos) , colocados emergencialmente. Até na
barcaça Valda, alternativa para travessia de veículos que atracava na Ponta D’Areia.
Na estação uma primeira norma que não havia e que me pareceu
muito bem empregada. Há duas catracas de ingresso na estação, para uso dos
idosos, deficientes físicos, etc. E, já no interior do recinto de espera, um
corredor para embarque prioritário destas pessoas, que assim (como nos embarques
aéreos) podem caminhar sem atropelos, no seu ritmo.
Os avisos veiculados
no sistema de som também mudaram na forma, mas mantiveram o conteúdo. Ouvi
tanto, tão exaustivamente (afinal foram 13 anos viajando p’ra lá e p’ra cá) que
até hoje lembro dos alertas e recomendações que então eram feitas:
“Senhores passageiros, certifiquem-se de que não esqueceram
seus pertences no interior da estação”.
Ou ainda este outro, que recomendava
que os passageiros não obstruíssem a proa, pois os mais afoitos postavam-se
logo ali na frente para poderem viajar olhando o mar (jogando balufa ou palitinhos) e, mais importante,
desembarcar primeiro do outro lado. Excetuando-se alguma antigas barcas, as
embarcações precisavam manobrar para virar em direção ao seu destino.
Este outro aviso era assim: “ A permanência na proa dificulta
o embarque dos demais passageiros e atrasa a saída da embarcação”. Realmente
era difícil entrar na barca tal era a aglomeração na proa.
Outra coisa que me chamou atenção foi que não vi ninguém,
talvez umas duas pessoas, numa lancha superlotada, lendo jornal impresso. As
pessoas ficam nos seus tablets ou leitores eletrônicos de livros (e-Reader).
Uma das boas coisas, já que era inevitável a viagem de
lancha, era poder continuar lendo o livro da vez, na ida, e na volta lendo o jornal para ficar inteirado das últimas notícias.
Outra boa diferença está nos assentos, agora estofados. Os
antigos eram de madeira e nas primeiras embarcações eram bancos grandes e não,
como mais tarde, individuais.
Próximo ao cais de desembarque, uma gravação alerta que o
recomendável é aguardar até a embarcação estar inteiramente parada. E ter
cuidado com o espaço entre a embarcação e o flutuante. Ah! Sim. E que os
passageiros que estejam com bicicletas deverão desembarcar por último, para
segurança de todos e facilidade no desembarque.
E outra novidade. É proibido viajar nos degraus que levam ao piso superior. Muita gente, à falta de lugar, sentava nas escadas mesmo. E, claro, atravancavam o caminho.
E outra novidade. É proibido viajar nos degraus que levam ao piso superior. Muita gente, à falta de lugar, sentava nas escadas mesmo. E, claro, atravancavam o caminho.
A viagem continua sendo agradável, em especial nos dias de
sol e céu limpo, como ontem. Aquela brisa, na medida certa, é muito gostosa.
Na volta notei uma coisa que nunca tinha observado. Há uma
pequena praia, como a que existia na Rua Visconde de Rio Branco, defronte as ruas Santa Clara e Silva Jardim. Esta
pequena praia que nunca havia notado, fica bem defronte ao prédio dos Correios.
E povoada de pombos, que ali buscam alimentos. Já disse e repito, os pombos como
hoje os conhecemos, acabarão por virar aves marinhas.
Que bom que é cada vez menor o número de pessoas que alimentam
pombos, que vivem de uma reputação positiva, fruto de marketing. Seriam aves símbolos
da paz, quando na verdade acima e além disto, emporcalham templos e monumentos
e transmitem doenças.
Lembram do slogan criado pelo Duda Mendonça para o candidato
Lula? Foi “Lulinha paz e amor”. Puro marketing. Só marketing. Deu
no que deu...
11 comentários:
Acho que a última vez que andei de barca foi quando estava fazendo o curso de produção musical no IATEC, julho/2012. Foram algumas semanas, principalmente usando catamarã Charitas.
É impressionante como os hábitos do cotidiano das pessoas mudaram em apenas 3 anos... Hoje tudo está nos smartphones ou tablets.
Estou, sim, esperando o dia em que um desavisado vai cair no mar ao desembarcar olhando o smartphone em vez de prestar atenção ao vão entre o flutuante e a embarcação...
=8-O
Por uma destas coincidências que só acontecem em blogs onde abundam talentos escrevendo, com muita inspiração, aconteceu do Riva, correligionário, amigo, ex-cliente, seguidor e colaborador deste espaço, mandar um texto tangenciando o mesmo tema de hoje, só que com uma abordagem diferente.
Melhor para os internautas que ainda insistem em frequentar este blog, onde até a professora Rachel e o Anônimo são bem-vindos (rsrsrs).
Aguardem pois amanhã tem mais, com as agruras dos que fazem a travessia diária da poluída baia de Guanabara, que por incrível que pareça ainda abriga golfinhos.
Pombo disputando com gaivota? Vão morrer de fome (hehehe)
O serviço das Barcas continua muito aquém do que necessitamos.
Os banheiros necessitam uma limpeza permanente, pelo menos a cada 2 viagens.
O desprepraro da tripulação para lidar com desabilitados é gritante. Os passageiros acabam ajudando eles mesmos.
O dimensionamento dos terminais continua muito ruim. As melhorias realizadas não resolveram o problema do funil que se forma, próximo às embarcações.
Os horários raramente são cumpridos, e constantes acidentes são noticiados na mídia, como o recente na Ilha do Governador.
A manutenção da empresa não tem nenhum carinho com detalhes das embarcações, como retoques de pintura bem feitos, limpeza das janelas, bancos quebrados e estofamentos rasgados.
Não tenho nada, infelizmente, para elogiar no serviço, além do lamentável projeto dos catamarãs sociais, onde a altura das janelas não permite ao passageiro observar a bela paisagem da travessia.
E a nova embarcação, Pão de Açúcar, é tão grande (comprida) que não cabe no cais, impedindo a utilização das suas portas todas .... lamentável.
Na travessia Charitas-Pça XV os problemas são exatamente os mesmos. Já cheguei a assistir a tentativa de retirar uma pessoa do catamarã, que necessitava de uma cadeira de rodas. Sem exagero, foram mais de 10 minutos para realizar o desembarque !
Nessa bela estação nas Charitas, até o projeto do trapiche, do Niemeyer matou qualquer tentativa dos passageiros de curtirem a belíssima paisagem enquanto esperam o embarque. O túnel não tem janelas translúcidas ! Incrível !!
E para arrasar com a beleza local, o PT, com certeza propositalmente, construiu um conjunto habitacional tipo Minha Casa Minha Vida, em frente à estação. Só falta algum petralha aparecer por aqui pra dizer que essas construções são bonitas ......
Fiz a travessia Niterói-Rio em 70 e 71 (faculdade), e depois, de 96 a 2014. Posso falar de cadeira ! rsrs. Não evoluímos, porque não entregamos a quem tem experiência nesse serviço.
A xenofobia aliada à corrupção e incompetência de gestão não permitem uma evolução nessa área, como vemos em diversas cidades pelo mundo, que não têm 1% da beleza que temos nessa travessia.
Quanto à leitura, continuo folheando, cheirando e rabiscando meus livros, e a travessia são 40 minutos diários para devorar meus livros.
Riva,
Nada posso retrucar ou endossar porque, como mencionei, não viajo regularmente para o Rio, de barcas ou lanchas, desde os anos 1980.
Houve mudanças desde então. Na lancha em que viajei não identifiquei os problemas apontados, exceto quanto aos sanitários poque não usei.
Estava limpa. A lanchonete funcionando sem atropelos, com eficiência.
Os corredores (piso) estavam limpos e as cadeiras em perfeitas condições.
Pelo que vejo dei sorte (rsrsrs).
Houve uma espera de cerca de 10 minutos o que achei razoável na ida, e na volta tive que dar uma corridinha para não perder a embarcação.
Nos horários de pico é uma tragédia ... parecemos gado !
Na estação Praça XV, dividimos o espaço interno com pombos, com seus voos rasantes, espalhando doenças pra todo lado.
Não, não vi evolução. Quase 20 anos é muito tempo. Deveríamos estar num estágio muito mais avançado nessa prestação de serviço, com dimensionamento correto das estações, das embarcações, facilidade de acesso e de desmbarque, facilidade para aquisição de passagens, serviços pela web, exploração de passeios pela baía nos fins de semana, e até a construção de um belo museu sobre esse histórico serviço entre as cidades.Em qualquer cidade americana ou na Europa, com certeza existiria um museu sonre esse transporte tradicional daqui.
A disputa envolvendo a travessia de barcas/catamarãs é muito mais profunda do que a gente está conversando. Demorou demais a ter a linha Praça XV - Ribeira, também a Praça XV - Charitas.
O maior escândalo envolve a São Gonçalo - Praça XV, pois é a mais óbvia de todas mas (dizem) mataria o centro de Niterói, em termos de comércio - que fora o Plaza é de baixíssimo nível. Foda-se! Arranje-se motivação para as pessoas quererem frequentá-lo, ora!
Claro que sabemos que tem toda uma máfia de empresas de ônibus por trás disso tudo...
Sem contar a parte turística, pois os toscos passeios que houve vez por outra pela Baía não atraíram o público justo por serem embarcações inadequadas com serviço de bordo medíocre.
Em resumo, há forças do submundo agindo e atravancando o progresso desse transporte.
=8-(
Aproveitando para destacar opinião de Pezão sobre segurança na cidade/estado, veiculada no Globo: "não adianta a Polícia prender se a Justiça solta".
Cristalina dedução, meu caro Watson!
Solta mesmo depois de condenado e preso!
Se for menor, como tem sido o caso, nem prender pode!
A quem interessa manter o código penal do jeito que está? Hummm?
=8-(
Nem queira saber, caro Freddy. A cozinha do Judiciário é um ambiente sujo. Assim como não comeríamos em certos restaurantes se visitássemos suas cozinhas, também a maioria da sociedade, se conhecesse as entranhas do judiciário, não acreditaria na Justiça.
Uma lástima. O Judiciário é uma entidade abstrata. Os homens que nela operam é que são o problema. E que problema!
Carrano, não sei em que horário fez as travessias, mas gostaria de acrescentar que no verão esses catamarãs sociais viram uma sauna.
O estofamento plástico aliado aos encostos muito altos impedem a circulação de ar e vento entre os passageiros sentados. Na barca antiga, o encosto era baixo e a ventilação total.
E sem ar condicionado, apesar de estranhamente as instalações existirem (repare, olhando nos tetos).
Em resumo : um projeto muito mal feito, inadequado para nós.
Como narrei fui ao Forum no Rio. De lacha convencional. Ida às 11. Volta em torno das 13 horas.
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