Por
Carlos Frederico March
(Freddy)
Na coluna Vida Digital do Pedro Doria no Globo de 05/05/2015, foi noticiado que o empresário Elon Musk fez o que foi considerada a melhor apresentação já feita de um novo produto. O elogio partiu do Vale do Silício, o que não é dizer pouco.
Carlos Frederico March
(Freddy)
Na coluna Vida Digital do Pedro Doria no Globo de 05/05/2015, foi noticiado que o empresário Elon Musk fez o que foi considerada a melhor apresentação já feita de um novo produto. O elogio partiu do Vale do Silício, o que não é dizer pouco.
Elon
Musk é dono e/ou co-fundador de importantíssimas empresas, tais como:
Tesla
- fabricante de carros elétricos
SpaceX
- mercado de foguetes espaciais
SolarCity
- arrendamento de painéis solares de
baixo custo
PayPal
- sistema de pagamento via internet
Tesla
Energy - a nova companhia, que produzirá... baterias!
A
coisa é visceral do ponto de vista estratégico. Como sabemos, produzir energia
é assunto que leva os países produtores e consumidores a comportamento extremo
como, por exemplo, guerras. A bola anterior nesse imenso jogo de interesses era
(ou ainda é) o petróleo, tendo como coadjuvantes as hidrelétricas e usinas
nucleares, mas a bola da vez tende a ser uma fonte qualquer ecologicamente
correta e sustentável - e de preferência barata.
Fala-se
de energia eólica, de aproveitamento das marés, do uso de biomassa... Todas são
tentativas infrutíferas de esconder a verdade que está exposta ao mundo, só
falta admitir: a ENERGIA SOLAR. Gratuita, inesgotável (do ponto de vista
prático), disponível no mundo todo. Em alguns lugares mais que em outros, mas o
ditado já avisa: o Sol nasce para todos!
Geração
alternativa de energia já foi tema de um post. Havendo interesse, favor
consultar a referência 1 ao final deste texto.
A
situação atual, contudo, não é das melhores... Mesmo que se invista na captação
de energia solar, e as novidades vêm chegando velozmente com as pesquisas na
área, um gargalo tem sido “como armazená-la para uso?” Quem tem celular,
tablet, laptop, sabe o quão importante é uma bateria de vida longa.
O
mercado de carros elétricos, outra bola da vez, tem caminhado mancando porque a
autonomia atual das baterias é insuficiente. Para aumentá-la o carro fica
extremamente pesado. Não bastasse,o preço ainda é elevado por conta da baixa
demanda.
O
que Elon Musk inventou, então, que virá revolucionar esse segmento? A “Power
Wall” (Parede de Energia), uma bateria com imensa capacidade de armazenamento. Pode ficar pendurada interna ou externamente, individualmente
ou em grupo, podendo mesmo ser embutida numa parede.
No
momento, estão em linha de montagem (com fila de espera já entrando 2016
adentro) dois modelos caseiros com propostas diferentes:
- 7
kWh, suportando 5.000 recargas e custando US$ 3000
- 10
kWh, suportando entre 1.000 e 1.500 recargas e custando US$ 3500.
O
modelo de 10kWh consegue abastecer uma residência americana média e está sendo
testado num programa piloto em 500 casas na Califórnia.
A
intenção inicial de Musk ao projetar a Power Wall era instalá-la em garagens
para abastecer carros elétricos (não perca de vista que ele é proprietário Tesla,
fabricante de carros elétricos), mas logo percebeu o alcance de seu invento.
Siga
o raciocínio: instalada como parte de um sistema de captação e geração de
energia através de células ou painéis solares, a alta capacidade de armazenagem
da Power Wall tornaria virtualmente gratuito todo o futuro consumo de energia
do feliz proprietário do sistema! Conta de energia zero! Iluminação,
eletrodomésticos, equipamentos de comunicação e informática, automóveis,
ciclomotores... Tudo oferecido gratuitamente pelo astro-rei!
Amplie
o conceito para pequenas e médias empresas. Monte bancos de bateria Power Wall
conjugados a sistemas de painéis solares e nunca mais precisaria pagar um
centavo pelo consumo diário de energia, que hoje é vendido a peso de ouro por
ser derivado de petróleo, hidrelétricas, vento, materiais radioativos, etc.
Com
a disseminação do processo de fabricação em escala industrial, a natural disputa
do mercado consumidor iria produzir soluções cada vez mais eficazes e baratas. Sim,
ainda vejo um empecilho no uso da Power Wall, que é a relativamente baixa
capacidade de recargas sucessivas, principalmente no modelo de 10 kWh, o que
exigiria a reposição periódica dessas baterias - custos!
Outra
evidente necessidade do mercado seria baterias capazes de alimentar não somente
pequenas casas e negócios, mas empresas bem maiores. De fato, a Tesla Energy também atacou esse segmento através do
modelo chamado de “PowerPack”, com capacidade de armazenamento de 100kWh a um
preço estimado em US$ 250 / kWh. Como de hábito, o crescimento da demanda fará
esse preço cair.
Mas...
Já perceberam quem esse homem está peitando? “Só” a atual economia mundial
inteira! O que dizer da vida do nosso estimado Elon Musk? Na bolsa de apostas
de Londres não valeria um centavo! Não demoraria e ele estaria conversando com
as raízes das árvores. Ou servindo de alimento para os peixes.
Mas
há alternativas e Elon Musk tem uma inteligente maneira de se manter vivo. O
conceito já foi abordado numa série de ficção científica escrita por Robert A.
Heinlein e compilada pelos editores como “A História do Futuro”. Já até escrevi
sobre um de seus livros: “Amor sem Limites”, mas não cheguei a comentar o uso
de energia gratuita, que é cotidiano nessas histórias. Havendo interesse no
livro, favor consultar as referências 2 e 3 ao final deste texto.
A
solução: como já vem fazendo com os desenhos de seus carros elétricos Tesla, ele
decidiu divulgar o projeto ao mundo no chamado padrão “open source”. Ou seja,
qualquer empresa, pequena, média, grande, poderá fabricar sua Power Wall sem
lhe pagar um tostão de royalties. A tecnologia está sendo deliberadamente
divulgada como domínio público.
O
futuro bate sorridente à nossa porta. Nossos filhos e netos usufruirão de um
mundo sem poluição química por resíduos energéticos. Olharão para o passado e
se perguntarão como é que conseguíamos viver num mundo tão primitivo,
poluído e dependente de cartéis de
produção de energia.
P.S.:
Elon Musk voltou a ser notícia por ter peitado o ensino escolar regular e
criado uma escola experimental para seus filhos, com um público ainda restrito:
a Ad Astra. O objetivo dessa escola é ter um currículo adaptável às aptidões
individuais das crianças, em contraste com
formatá-los a uma grade de ensino pré-estabelecida. Coisa de bilionário
excêntrico, mas faz sentido. E como!
Referências do texto:
(1) Energia Alternativa no Brasil
http://www.jorgecarrano.blogspot.com.br/2013/02/energia-alternativa-no-brasil.html
(2) Amor sem Limites - I
http://www.jorgecarrano.blogspot.com.br/2014/05/time-enough-for-love-i-amor-sem-limites.html
(3) Amor sem Limites - II
http://www.jorgecarrano.blogspot.com.br/2014/05/time-enough-for-love-ii-amor-sem-limites.html
Imagens colhidas no Google
18 comentários:
Mais uma notícia envolvendo Elon Musk, que parece ser “o cara”!
A U.S. Air Force acaba de certificar a SpaceX (citada no post) para lançamento de satélites militares e de espionagem, concorrendo diretamente com Lockheed Martin e Boeing, que detinham o monopólio destas atividades estratégicas nos EUA.
Em junho próximo a SpaceX terá sua primeira oportunidade de participar da licitação para lançamento de satélites GPS fabricados pela Lockheed.
Musk foi beneficiado pela lei que proíbe a partir de 2019 o uso de motores russos em foguetes americanos lançadores de equipamento militar estratégico. Os foguetes Atlas 5, de fabricação conjunta Boeing/Lockheed, ultimamente vêm usando esses motores por dificuldades relacionadas com orçamento e demanda.
Prenderam José Maria Marin.
Acusado de corrupção envolvendo, entre outras, a organização da Copa da FIFA de 2014 na gestão Dilma. Isenção de impostos para a FIFA, construção de elefantes brancos para as partidas, contratos de exclusividade, etc...
Será que agora vai?
O destino tem meandros próprios para resolver dificuldades.
Com Al Capone foi imposto de renda.
Com Dilma será futebol?
Caro Carlos Frederico,
Achei bem interessante o post, como tive oportunidade de dizer em minha resposta ao e-mail que o capeava. Instrutivo e informativo.
Ainda mais num blog de generalidades a matéria se encaixa à perfeição.
Alerto entretanto que o assunto despertará o interesse de poucas pessoas. Assim como as revistas científicas vendem menos do que as semanais de assuntos variados.
Obrigado pela colaboração.
Apuração dos financiamentos do BNDES ao Grupo JBS poderá ser uma porta entreaberta.
Com a prisão de Marin, Romário está rindo a toa. Ele vinha criticando o dirigente ha muito empo.
http://espn.uol.com.br/noticia/513268_romario-festeja-prisao-de-marin-e-o-inicio-de-um-grande-futuro-para-o-futebol
Freddy, parabéns pelo post, realmente acena com um mundo muito melhor para as próximas gerações. Principalmente as americanas. Viva a America !!
Celebration, uma cidade-bairro próxima de Orlando, tem legislação específica para seus carros elétricos, que circulam apenas nos seus limites - estacionamentos próprios, impostos, etc. A maioria da população circula nos carrinhos silenciosos.
Freddy, não entendi : " O modelo de 10kWh consegue abastecer uma residência americana média e está sendo testado num programa piloto em 500 casas na Califórnia.". Eu aqui consumo em média 450 kWh mensalmente. Me explica essa conta sua.
Quanto ao Marin, com 83 anos, vai passar mal e se internar, para fugir da prisão. Aguardem.
Mas e o Blatter, o escândalo dos ingressos da Copa 2014 abafado, o Havelange, o Ricardo Teixeira ?
Aproveitem e investiguem o Marin em relação à morte do Herzog também ....
Já disse o poeta popular:
"Se gritar pega ladrão, não sobra um".
Riva, o meu consumo mensal médio, dividindo o que gasto no ano por 12, é de 305,7 kWh. Cada mês em média tem 30 dias, portanto meu consumo médio diário seria de 10,2 kWh. A bateria tem capacidade de fornecer 10kWh com 1 carga mas ficaria ligada permanentemente ao sistema de geração de energia solar.
O sistema deve contar com captação por placa solar, gerador/inversor e bateria em flutuação. Significa que a bateria alimenta o consumidor quando o que vem das placas não é suficiente. Em tese, ela estaria alimentando a casa apenas quando não houvesse sol (noite) ou em eventuais picos de consumo, quando o que vem das placas não é suficiente. Portanto ter capacidade por carga de 10 kWh por dia me parece bastante adequado. Se não para uma casa na Califórnia, para a minha residência ao menos.
Como ela é recarregada praticamente todo dia (por causa do consumo noturno que toda residência tem), eu acho que o gargalo atual na hora de investir na Power Wall é a quantidade de recargas de cada modelo. A reposição periódica pode ficar mais cara que pagar a Ampla.
Mas e onde entra a consciência ecológica?
E o inevitável avanço tecnológico que virá a partir da massificação do uso das mesmas? A capacidade individual deve aumentar, o número de recargas idem. É questão de tempo, parece-me.
<:o)
O artigo do Pedro Doria é menos bombástico que o meu. Eu mirei no futuro da sociedade, com a massificação do uso de energia solar gratuita.
Já Pedro Doria foi mais pé no chão, mais imediatista. Ele viu utilidade para já com o uso das Power Wall como back-up em localidades em que as concessionárias prestam um serviço irregular, com diversas interrupções diárias - como no interior dos estados, longe das capitais.
<:o)
Agora, respondendo ao Carrano:
Agradeço sua preocupação em me alertar que artigos que não sejam ativismo político e futebol internacional terão pequena repercussão no blog. Já estou escolado e até conformado quando a "pneus".
Se bem que evitar pneu é fácil: é só fazer um "selfie"
<:o))
Ademais, tem sido comum usar o espaço de comentários para postar notícias de última hora que às vezes provocam intenso debate, que nada tem a ver com o tema do dia. Hoje, p.ex., foi a prisão do Marin e o início de uma esperada devassa no BNDES - contratos com a Friboi. É como se o blog fosse um local de encontro de amigos. O tema está lá, mas se houver algo mais interessante no dia e que suscite debate, bola pra frente!
=8-)
Muito bem, Freddy. Este pode ser mesmo um lugar onde se reúnem os amigos. Lembro que em algum post do passado mencionei que o nome do blog poderia ser Umuarama, que segundo fui informado, na linguagem indígena significa exatamente isso.
Quanto a enveredarmos por outros temas (atuais) lembro que você inaugurou o assunto Marin, em seu segundo comentário (rsrsrsrs).
Depois de seus últimos comentário o assunto ficou ainda mais interessante. Oportuno. Atual e futurista.
Freddy, agora entendi, porque no post, quando vc fala em 10 kWh, vc não disse que era consumo diário. Agora tudo faz sentido.
Se eu entendi, me corrija : a residência é abastecida pela energia armazenada nas placas. E as baterias só entram em "descarga" à noite, quando as placas não recebem radiação solar. Ou seja, as baterias funcionam como uma espécie de "no break" quando falta energia na linha principal.
É isso, Freddy ?
PS : vai cair a casa do Blatter, do Del Nero, e mais algumas federações estaduais por aqui.
Complementando : na California as residências gastam muito pouca energia. São extremamente conscientes do problema e seus custos, e eles têm hoje talvez o mais avançado centro de geração de energia solar no planeta.
Lembram quando o governo lançou o programa de redução de consumo, sobretaxando quem consumisse mais, isso há uns 25 anos ?
Pois bem, anotem aí como se desperdiça qualquer coisa quando o laço está frouxo : meu apartamento hoje é plenamente operacional com um consumo médio mensal de 450 kWh.
Na época desse programa, acreditem, eu consumia aqui, no mesmo apartamento. simplesmente 1.890 kWh por mês !!
Sentamos os 5 na mesa, abri a planta elétrica do apartamento, e expliquei à minha esposa e aos meus 3 filhos onde estavam os 1.890 kWh. E juntos, montamos um programa de redução, sem perda da qualidade de vida, do nosso conforto.
No 1º mês reduzimos a 900, no 2º mês a 750kWh, no verão !
"Em casa de ferreiro, espeto é de pau" !! rsrsrs
Parabéns e obrigado aos irmãos pela troca de experiências e informações úteis. Economizar energia é importante para o país e mais ainda para nossos bolsos.
Muito interessante o tema. Lamento apenas que estas formas de energia, certamente não serão popularizadas enquanto eu estiver nesta dimensão.
Eu temo por algo pior, em se tratando de Brasil...
Assim como ocorre com carros (IPVA) e residências (IPTU), o governo pode criar um imposto relacionado à mera posse de tal equipamento em casa. E foi-se a esperada economia no bolso!
=8-(
Há alguns anos o Ceará criou um Fundo de Incentivo à Energia Solar (FIES), e teve ade$ão de outros países, com investimentos de mais de 150 milhões de reais.
Não sei o desenrolar disso, mas sei que para variar, o governo federal não abraçou a causa, como não abraça nenhuma outra : infraestrutura, segurança pública, saúde e educação.
Um país com as nossas dimensões não tem como dar certo, sem total autonomia estadual para implementação de projetos. Mas acho que mesmo assim não daria certo, porque o DNA é ruim.
O cenário está tenebroso.
Passeando pelo Nordeste, tenho visto muito gerador eólico. Em alguns estados venta forte e quase constante, o que leva a esse tipo de solução. Interessante como alternativa ecológica. No entanto, investir em energia solar na região é quase óbvio!
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