16 de maio de 2015

O Jornal Nacional vem perdendo credibilidade

Lembram do "Reporter Esso", nos tempos áureos do rádio? Se alguém perguntava as horas, e ficava em dúvida com a resposta informativa, aquele que estava com o relógio confirmava: acertei pelo Repórter Esso.

Claro que os mais jovens não lembram, mas acreditem que era assim. O horário oficial do Brasil era ditado pelo  noticiário patrocinado pela Standard Oil Company, empresa petrolífera (como indica seu nome), fundada por John Rockefeller.

Bem, se me lembro corretamente não havia a Rádio Relógio. E as pessoas não tinham telefone e o serviço do 102 da CTB  (depois Telerj, depois Telemar e agora OI) não existia.

O jornalístico era “o primeiro a dar as últimas”. Era quase um órgão oficial. Se noticiado pelo Heron Domingues ou pelo Luis Jatobá, é porque acontecera, era verdade.

Quando a Globo lançou um telejornal de alcance nacional, que entra no ar mais ou menos (na medida do possível) em horário certo (20:30h), foi um grande avanço. E a credibilidade do telejornalismo global era grande. Se não fora noticiado no Jornal Nacional, não acontecera, como ocorria com o "Repórter Esso". Mais ou menos assim,  descontado o meu exagero.

Mas o jornalismo da Globo vem perdendo credibilidade. A ponto da emissora promover uma revolução no telejornal para recuperar prestígio. Reformulou cenário, utiliza recursos técnicos mais modernos, mas não era, como não é, no visual que o JN deixava a desejar.

Tanto o Bonner, quanto suas colegas de bancada, desde a Fátima Bernardes passando pela Patrícia Poeta e, agora, Renata Vasconcellos, são competentes e de boa postura. Fotografam bem e são elegantes.


Fátima Bernardes, a mais competente

Patricia Poeta, por onde anda?

Renata Vasconcellos, muito charme

O problema da perda de audiência está no conteúdo e não na forma do telejornal.

A Globo, claramente, se vendeu ao governo federal, como nunca o fizera na história da emissora. As pessoas percebem, não são tolas. 

São, no jornalismo, um pouco mais críticos em relação aos governos estaduais e municipais, mas blindaram, à soldo, Dilma e o PT.

E a linha agora é sensacionalista, apelativa. Onde a sobriedade, a austeridade que algumas noticias exigem. E como a Globo consegue documentos "com exclusividade" como apregoa frequentemente. Sejam documentos (peças)  de processos judicias, sejam inquéritos policias, inclusive da Polícia Federal? Prestem atenção como diariamente divulgam "documentos obtidos com exclusividade pela Globo".

Por que a exclusividade? Compram, subornando os detentores dos documentos? Ou as outras emissoras é que são incompetentes, acomodadas, lentas?

Segundo noticiado, a Globo ocupa o 17º lugar no ranking dos conglomerados de mídia, em todo o mundo. Seu faturamento, em 2014, atingiu a cifra de R$ 16,4 bilhões. É muita grana, não é não?

Nada contra, antes pelo contrário; acho entretanto que isto deveria permitir mais liberdade, menos dependência do governo. Você  dirá que uma enorme parte desta receita provém de empresas públicas e órgãos governamentais que veiculam propaganda institucional.

É verdade. Este é o ponto. É assim que o governo compra a midia. E o que mais me irrita é que na maioria dos casos é propaganda enganosa. Tudo mentira. Como por exemplo criar um slogan tipo "Brasil pátria educadora", quando as universidade não têm verba sequer para pagar pessoal da limpeza.

Ora, sua produção de dramaturgia, dela Globo, é boa (atores, cenógrafos, etc) e tem aceitação em quase todo mundo. Seria melhor se tivesse autores mais inspirados e de maior cultura. Os roteiros têm lugares comuns, situações parecidas. E o pior: situações inverossímeis até mesmo para a ficção.

Mas voltando ao JN, as mudanças introduzidas geram polêmica quanto ao estilo de apresentação. Estão quebrando regras sedimentadas as quais nos acostumaram, na linguagem e no mise en scène.

Chamar repórter por apelido – Maju -  como fez o Bonner com a “Moça do Tempo” – Maria Julia Coutinho – é uma novidade, é uma informalidade nem sempre aceita pelos telespectadores mais conservadores.

Um texto com linguagem mais popular, para não dizer vulgar, como “tá”, ao invés de “está”, com franqueza é uma descontração, uma informalidade desnecessária e que tira credibilidade da notícia. Ou não?

Há uma regra universal. Quando você se dirige a um público grande e diversificado culturalmente, deve falar como se dirigindo e ao nível dos mais qualificados.

A movimentação dos apresentadores, que agora levantam da bancada para interagir num telão com os repórteres de campo e com a Maju, se me permitem a intimidade proposta por eles mesmo em relação a Maria Julia, ficou uma coisa falsa, forçada,  sem naturalidade.

E, cá para nós, quem foi o gênio que achou que passariam a ideia de improviso, na apresentação da previsão do tempo, com a já citada Maju, quando um dos apresentadores, de pé, faz as perguntas para as quais as respostas já estão editadas e talvez no teleprompter (equipamento acoplado a câmera) que exibe o texto a ser lido.

E o mais engraçado (ridículo, bizarro), o que fica na bancada faz perguntas de lá, como se fosse uma iniciativa sua, quando visivelmente a Maria Julia não foi apanhada de surpresa, antes pelo contrário aguardava a pergunta para poder concluir seu texto.

A naturalidade, a espontaneidade passou longe, ao largo.

Notas do editor:
1) para quem questiona porque eu critico tanto o jornalismo da Globo, mas assisto, informo que não assisto diariamente (como no passado), porque agora temos muitas outras opções em TV aberta e por assinatura , além da internet.
2) A informação sobre o faturamento em 2014, tem como origem a consultoria Zenith Optimedia.
3) Mais  sobre o JN em http://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/televisao/para-ficar-atraente-jornal-nacional-quebra-duas-regras-em-uma-semana-7848
4) Imagens pinçadas na internet.

26 comentários:

Anônimo disse...

Na GloboNews é diferente.

Calfilho disse...

Concordo com quase tudo o que você disse, Carrano. Realmente, a GLOBO se acha a dona da verdade, aquela que consegue tudo com exclusividade, sempre ao lado dos governos, inclusive na época da ditadura. Lembro, com saudade, como você bem salientou, dos tempos do sóbrio e correto Repórter Esso, inicialmente apresentado pelo Heron Domingues e Luiz Jatobá, mais tarde pelo Gontijo Teodoro. Hoje, o Jornal Nacional é apenas show, espetáculo, às vezes apresenta algumas notícias. Mas, o que importa mais são as caras e bocas da Fátima e da Patrícia e as mudanças de penteados da Renata nos intervalos. A Maju, então, é simplesmente ridícula, bem como a Mariana do Jornal do meio dia ou a Ana Paula do Jornal da manhã, com a repetição constante dos seus "né?" ou "tomara". A Globo se considera a formação de opinião do povo brasileiro, por isso enche sua programação com novelas bobas, iradas, onde sempre existe uma traição entre mulher e homem, entre amigos e amigas, mulheres raivosas explodindo sua ira a todo momento, filhos adulterinos, como se tudo isso fosse realidade, fosse verdade. Toma conta do futebol, pagando regiamente os clubes para que alguns jogos sejam realizados às dez horas da noite, pouco se importando se o pobre torcedor vai voltar para casa depois da meia noite, enfrentando os perigos da madrugada de nossas cidades. Isso tudo para colocar sua novela no ar em horário nobre. Por isso, hoje, graças a TV a cabo, pouco sintonizo a GLOBO. Infelizmente, a grande maioria do povo brasileiro ainda não consegue ter acesso à TV a cabo, por isso fica refém da péssima influência da Globo.

Jorge Carrano disse...

Obrigado pela visita virtual e pelo comentário muito bem articulado e peretinente.
Vou aproveitar sua alusão à TV a cabo para responder ao anônimo que mencionou a GloboNews.
Abraço

Jorge Carrano disse...

Caro (a) Anônimo (a),
A GloboNews difere um pouco, porque eleitores do PT não assistem TV a cabo.
São pessoas que pensam que Shakespeare inventou a sobremesa goiabada com queijo, nunca leram Saramago.
Agora, segundo o governo em sua propaganda ridícula, estas pessoas viajam e têm cartão de crédito.
Esquecem de dizer que estão devendo até a alma, e que agora com a crise econômica estão perdendo o emprego e perderão os bens que adquiriram com crédito fácil e irresponsável, porque não conseguirão pagar os finanaciamentos.

Paulo Bouhid disse...

Já ouvi falar desse JN, não me lembro onde nem quando...

Jorge Carrano disse...

Carlinhos,
Não preciso explicar que pretendi escrever pertinente e fui traído pelo teclado e minha desatenção.
Abs.

Jorge Carrano disse...

Deve ter sido quando ocorreu um incêndio no cenário do programa da Xuxa e a Globo mobilizou seus jornalistas em todos os noticiário da emissora, obrigando o Luis Edgar de Andrade (bom jornalista, já falecido) a escrever um editorial defendendo a Globo e a Xuxa, no sentido de mascarar a irresponsabilidade e isentar a emissora de reparar danos.
Até enalteceu o Instituo Carlos Éboli pelo laudo isento, imparcial e conclusivo, que eximia a emissora de culpa.
O mesmo Instituto que, algum tempo antes, quando houve um acidente no estádio da Vasco, com queda de alambrado o que ocasionou ferimentos em torcedores, foi desqualificado pela mesma Globo, sob alegação de despreparo material e humano.
Assim é o jornalismo da Globo, caro Paulo.

Jorge Carrano disse...

Como você não assiste, Paulo, a Globo é tão mercenária que não demora, no JN, quando informarem alguma medida positiva do governo, dirão que a notícia teve o patrocínio da Friboi (rs).
Sim, não demora haverá patrocínio (receita) para cada notícia.

Jorge Carrano disse...

Pena a moda não pegar aqui no Brasil:

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/05/corte-egipcia-condena-morte-ex-presidente-mohamed-morsi.html

(Copiem o endereço e colem na barra do navegador)

Riva disse...

Sabem o que é um sujeito ou uma empresa ou um programa "coxinha" ? É aquele que tenta ser engraçado, desprendido, sem o ser. Mas não consegue enganar ninguém, porque a falsidade aflora.

Assim tem sido a GLOBO, no JN (que vejo as manchetes ), naquele ridículo programa de bandas que tenta imitar o The Voice americano, e muitos outros.

Dá pena ver, mas dá mais pena ver tanta gente vendo ainda ! Não tenho certeza se é porque, como disse o Carrano, a população não tem acesso a uma TV a cabo. Tem sim, e como ! Ligações clandestinas, é verdade, como com a luz e a água, mas tem !

De novo : tive uma banda de rock entre 82 e 85, na época da Maldita FM, rádio Fluminense de Niterói. Uma banda famosa no meio underground da época, que se chamava Camisa de Vênus, não conseguiu tocar no Chacrinha, por causa do nome.

Vocês têm visto o teor das novelas da GLOBO de hoje ?

Minha leitura continua a mesma disso tudo : criou-se lentamente aos olhos de todos nós um BRASIL BANDIDO. Nada vejo ser construído para reverter o processo. Só esporádicas ações reativas, nada proativo.

Não estarei por aqui, mas as próximas gerações vão ter que se adaptar a um cenário muito ruim, ou então, quem puder, tentar a vida numa sociedade mais justa.

Freddy disse...

Não existe mais jornalismo puro. Existe jornalismo patrocinado, e ponto final. Se a notícia faz menção a concorrente direto ou patrocinado por outrem, esquece.
Tive exemplo claro na 4ª feira e, por conta deste post, me dispus a pesquisar. Achei a resposta! Lá vai:

Queria eu assistir aos 3 excitantes confrontos da Copa Libertadores: Corinthians x Guaraní-PAR (20:00), Cruzeiro x São Paulo (20:00) e Internacional x Atlético-MG (22:00). Inocentemente ligo a TV e sintonizo SporTV: Copa do Brasil. SporTV2: Copa do Brasil. Putz... Revejo a programação e, sim, ia ter Corinthians x Guaraní e Cruzeiro x São Paulo às 20:00.

Então pensei com meus botões: não está na grade de programação da SporTV. Entubei o fato e lá fui eu: fiquei assistindo bobamente a Santos x Maringá tentando me manter atualizado quanto aos resultados dos demais jogos. Ao menos isso, não? Jornalismo esportivo.

NÃO! Durante todo o jogo Santos x Maringá fiquei sabendo dos demais jogos da Copa do Brasil e do mundo, nada de Libertadores.

Nada? Minto! A todo instante os narradores abriam espaço para os preparativos de Inter x Atlético-MG. Chegada de jogadores, fotos de camisas nos vestiários... Estranhei... Era jogo da Libertadores, também. E a porra dos outros jogos da Libertadores em andamento? NADA! É como se não estivessem acontecendo...

Fecho o comentário como comecei. Hoje fiquei sabendo que Inter x Atlético-MG fora comprado pela SporTV à Fox. A Fox Sports detém a exclusividade da transmissão da Libertadores na América Latina, mas há um acordo de troca eventual de transmissões.

Mas vejamos... SporTV é um canal esportivo (Grupo Globo). A mais importante competição de futebol em andamento na América do Sul é a Copa Libertadores e havia 5 times brasileiros em campo lutando por vagas na 4ª feira. Nada disso importou, jornalismo zero. Nenhuma menção aos que não estavam ligados ao patrocínio global. Nada! Somente notícias relacionadas com o único jogo comprado.
=8-(

Freddy disse...

Complemento meu comentário anterior com observação curiosa, que já fiz em outro post mas vale o repeteco por se referir à Globo. Ao final da transmissão de Vasco x Botafogo, havia gente pra cacete em campo comemorando o título, incluindo Eurico Miranda. A gente o notava de longe pelos suspensórios. Não, não era o Carrano em campo, isso a gente sabia! (rs rs). Contudo, os câmeras da Globo faziam o diabo para não incluí-lo nas imagens tomadas no gramado.

Só que na hora da entrega do troféu não teve jeito: Eurico subiu ao pódio e exigiu que a taça lhe fosse entregue primeiro. Só então ele a repassou a Guiñazú, nosso capitão. E a Globo teve, finalmente, de mostrá-lo em close, com suspensório, charuto e tudo!
<:o)

Jorge Carrano disse...

A Globo tem uma pinimba antiga com o Eurico Miranda.
Aliás é clara a preferência e torcida da emissora pela Beija Flor e pelo Flamengo.
Apregoa isenção, imparcialidade, mas na prática faz ao contrário.

Riva disse...

Freddy, vc tem o SporTV e não tem a FOX ?

Eurico e aquela jogada sensacional do SBT nas camisas do Vasco, na final de 2000 contra o São Caetano !! kkkkkkkk Genial !

Anônimo disse...

Vejo que todos aí criticam o JN, mas assistem. Tanto que comentam.
Tentem os telejornais da Record, da Band ou do SBT, são ágeis, são bem apresentados e sem encenações.

Riva disse...

Eu não assisto o JN. Vejo quase sempre as manchetes, embora já saiba tudo que está acontecendo pela web, e depois volto a ver o que estava assistindo. Uma espécie de vício, sei lá o que ...(errar é humano).

Record, Band, SBT .... aversão total antiga ... esses nem manchete consigo ver.

Eu navego por vários sites de notícias, sintonizo algumas vezes na CNN, na Globo News e na Band News (essa muito pouco).

Bom mesmo é o Twitter, onde se sabe de tudo com antecedência. Mas para funcionar, vc tem que montar uma boa rede de contatos, assertivos, confiáveis. Tenho mais de 600.

Carrano, estou hoje com 342 páginas em formato A4 das minhas crônicas/posts no seu/nosso blog.

Que título vc sugeriria para um livro, com a sua autorização ? rsrs

Jorge Carrano disse...

Acho que o Anônimo não leu atentamente os comentários.
A maioria não assiste ou o faz esporadicamente.

Jorge Carrano disse...

Caro Riva,
Os texto são seus, portanto você detém os direitos autorais (rs).
Quanto ao título, sei não, precisaria reler todos para buscar um ponto comum, ou um post que se destaque por essa ou aquela razão.

Jorge Carrano disse...

Riva,
Que tal "New York, Fluminense, Led Zeppelin e outras paixões" ?

Luvanor Belga disse...

Ah, Sr. Carrano, parece-me que a Globo teve suspensa a publicidade institucional do governo (Petrobras, etc) por sugestão do PT/Lula. Favor observar.
No mais, queira o ilustre editor acatar minhas saudosas saudações que ora emito daqui do Pantanal mato-grossense.

Jorge Carrano disse...

Seja bem-vindo, de volta, caro internauta pantaneiro.
Apraz-me o recebimento de seu comentário, com a informação de que o PT/Lula estão preocupados com a imagem da Petrobrás e outras estatais, a ponto de não querer que suas imagens sejam conspurcadas com veiculação numa emissora tão desprestigiada (rsrsrs).
Minhas saudações, em retribuição, também são saudosas.

Freddy disse...

Riva, vejo tão pouco TV que não sabia que tinha a Fox no canal 27 da Sky. Percebi também que meu pacote não tem a versão HD desse canal.

Quando ligo TV, em geral sintonizo a 39-1 (SporTV HD) e dou uma escorregada pra baixo (38-1, SporTV2 HD) e pra cima (40 GNT, que não tenho em HD).

Todo esse debate sobre Globo/JN, Band News, SBT, etc, desconheço por completo. Minha informação tem vindo única e exclusivamente via internet.

And that's all, folks!
<:o)

Anônimo disse...

Concordo plenamente, meu caro Dr. Jorge. Esta última encenação do Jornal Nacional:o Bonner levantando-se e indo até ao outro reporte, é uma teatrinho mal ensaiado.E o teatrinho comemorativo dos 50 anos da TV GLOBO?O Bonner não cabia em si, como se fosse algo demais...50 anos.MarildaBon.

Jorge Carrano disse...

Obrigado pelo comentário, dona Marilda. Sua opinião para mim é valiosa.

RC disse...

Recomendo BBC World News.

Para quem quer ver imagens de gente sendo esfaqueada, e outros vídeos sensacionalistas, cotidianamente capturados pela câmeras de segurança, a Internet ainda é melhor que a Globo.

Não vejo motivos para assistir a TV aberta brasileira. É um lixo!

Jorge Carrano disse...

Racismo NÃO!!!

http://revistaquem.globo.com/QUEM-News/noticia/2015/07/william-bonner-sai-em-defesa-de-maria-julia-coutinho.html