Gusmão
(rodneygusmao@yahoo.com)
A Rede Globo de televisão, deveria mudar seu nome para
“Empório Globo”. Entretenimento e informação são meros subprodutos de seu principal negócio: venda de produtos e serviços.
Seu negócio, prioritariamente voltado para o comércio em
geral, tem nas novelas a galinha dos avos de ouro. Dizia o Tião Maia (grande
pecuarista) que do boi só se perde o berro. Com efeito, do boi aproveitam-se,
desde a alcatra e demais cortes, também
o couro, com ou sem pelos, os ossos, os chifres, o sebo e até os excrementos,
que acabam virando adubo orgânico
Paul Getty, magnata do petróleo, dizia que o segundo melhor
negócio do mundo era uma empresa de petróleo mal administrada.
Digo eu que atualmente o segundo melhor negócio do mundo é
produzir e veicular novelas.
Senão vejamos.
A novela exibida no horário nobre, valoriza ao extremo
aquela faixa da programação, elevando as aparições de comerciais para a casa
dos milhões.
Não tenho números atualizados, mas estou certo de que um comercial
básico, de 30 segundos, está na casa dos 500 mil reais cada inserção.
Dentro da própria novela, aparecem mais ou menos
disfarçadas, as chamadas as ações de merchandising, que custam alguns milhões
de reais. Bancos (Itau e Bradesco principalmente), fabricantes de produtos de
higiene e limpeza e outros negócios como cervejas e até mesmo hospitais e
restaurantes, pagam verdadeiras fábulas para aparecerem em cena. Esta é, sem
dúvida, uma ótima fonte de receita, inclusive para os atores nas cenas
correspondentes.
A trilha sonora sempre se transforma em CDs. Geralmente
dois: um da trilha nacional e outro da trilha internacional. E é claro que
vendem muito bem, em face da massiva repetição das músicas ao longo da novela.
De um tempo para cá, eles vendem também, pela internet, os
complementos, acessórios em geral (colares, bolsas, lenços) utilizados pelas
atrizes em cena. E até mesmo outras peças que compõem o ambiente, a decoração
das casas que servem de locação, sejam copos, jarros de água, abajures, bibelôs etc. E
vendem muito. Muita gente acha chic ter a mesa branca com tampo de vidro que
apareceu na novela ou o jogo de jarra e copos de refresco utilizados nas casas
do núcleo rico.
Bem, estas novelas são reprisadas ad nauseam na própria emissora, em diferentes horários, o que
significa que é uma programação que já está paga, e a custo zero preenche outros
horários da grade, que por sua vez vendem intervalos comerciais.
E são exportadas para vários países, em todo o mundo o que
gera receita em dólares.
Não é por outra razão que o “empório” mantém no ar pelo
menos 5 horários regulares de novelas. E um novo horário já está sendo testado
com êxito: o das 23 horas, que começou com remake
de Gabriela.
E não podemos esquecer dos casos especiais e minisséries
frequentes na programação ao longo do ano. Ou seja, a dramaturgia é um filão
inesgotável.
Não vejam nesta postagem uma critica à Globo. Eles têm
competência. O nível de suas produções é dos melhores do mundo. Seus artistas
em cena e os que estão atrás das câmeras são muito bons em seus misteres. E o
pessoal de maquiagem e cenografia dá
show.
Então eles têm méritos, mas convenhamos que seis horários
diários de novelas é dose para mamute.
14 comentários:
O que a pecuária tem a ver com novelas?
É que nem da pecuária e nem da novela se perde coisa alguma. Pensei ter ficado claro. Da novela também se aproveita tudo: trilha, merchandising, peças de decoração (que agora são vendidas), reexibições no "vale a pena ver de novo", no video show, exportação, etc.
O merchandising em cena é uma maneira muito mais palatável de se aturar propaganda, desde que realizado de maneira inteligente.
Não interrompe a narrativa e você ainda recebe a mensagem de maneira subliminar, o que pode ser mais eficaz para o anunciante.
Não existe coisa mais irritante na TV que ter seu filme ou show ou noticiário interrompido para as mensagens do patrocinador.
Eu não assisto mais TV como hábito faz tempo (décadas), quando muito ligo para ver algo e desligo logo após. Ontem tentei, por puro ócio, ver um filme no canal SyFy. Em 40 minutos perdi a paciência e desliguei. Já era a 3a interrupção para comerciais da própria emissora, e longos!
Sim, com certeza, se bem inseridos, os comerciais embutidos são mais palatáveis.
Abraços
Freddy
Isso me lembra a BRIGA DE FOICE que foi a histórica aprovação da fabricação do controle remoto para TVs nos EUA, há algumas décadas. Ficaram apavorados com a idéia do telespectador mudar rápido de canal, sentado na poltrona, quando entrasse um comercial.
As grandes emissoras chegaram a tentar alinhar comerciais ao mesmo tempo, o que se provou inviável, em virtude lógico das programações diferentes. Uma loucura.
Confesso que não me incomoda mais. Vejo TV com meu netbook na frente. Entrou comercial, vou navegar nos meus sites de preferência. Já estou habituado a fazer isso .... julguem-me, como dizem no Twitter ! rsrsrsrs
Quanto à GROBO (não assisto nada dessa emissora), ela aos poucos está hipócritamente se rendendo à pornografia, na busca frenética por pontinhos do IBOPE. Olhem como as coisas mudaram : no final da década de 70, a banda CAMISA de VÊNUS do Marcelo Nova foi impedida de se apresentar no Chacrinha com esse nome. E vcs sabem o que era o Cassino do Chacrinha ....
Sds
Espero que este modesto blog esteja entre os seus preferenciais (rs). Sugiro nele, os posts da lavra dos irmãos Carlos e Paulo March.
Abraço
Tudo bem, os comentários são válidos, mas o ponto que queria atingir é de que as novelas são um filão de ouro.
Não só para a Globo. Esta está num estágio mais adiantado de eficiência, só isso.
Abraços
Sou viciada em TV. A minha está sempre ligada, esteja vendo ou não. Assisto programação de todos os canais abertos, dependendo de minha disponibilidade e humor. Sou noveleira porque gosto de histórias. Leio, curto filmes e novelas. Como não tenho preconceitos, costumo zappear em busca da melhor qualidade. Por este motivo me detenho mais na Rede Globo, que assim como as outras, é uma empresa e visa lucro.
A mesma surpresa que me causam os valores dos anuncios, me provoca o custo das produções. O número de funcionários próprios e terceirizados, o custo da cenografia (desde cidades a pequenos cômodos), figurinos, locações, e salários de artistas, não poderia ser coberto senão com valorização da propaganda.
pergunto agora. E porque os anunciantes aceitam e disputam um espaço nos horários nobres?
Quanto a "sexualização" das cenas,, é a resposta aos anseios dos telespectadores. Gabriela, com suas cenas abusivamente sensuais, conquistou a audiência da maioria dos homens do Brasil. Alguns até que encontramos nesse Blog.
Modestamente posso citar meus sites super preferenciais (aliás, um post sobre essas preferências seria legal .... hmmm) :
- seu blog (não vivo sem rsrsrs)
- Wikipedia
- FOLHA
- G1
- Google, Google Maps, Google Earth, Google Tradutor, Google Imagens, Google qqer coisa rsrsrs
- Linked In
- YouTube
- Livrarias diversas
- Booking.com, Decolar.com e Kayak (viagens)
- Buscapé
- Baixaqui
- Facebook (da minha esposa)
- Twitter (viciadão)
São os mais visitados.
Sds
Riva, se você frequenta este espaço por causa de riso, vou dar oportunidade para você rir muito (eu me diverti), acessando este endereço:
http://www.youtube.com/watch?v=NZb0XKHgtjo&feature=youtu.be
Selecione e cole no seu navegador.
Abraço
Gusmão, retornando ao ponto rsrs .... sim , é o filão com certeza, porque deve ter um IBOPE muito alto.
O chato disso é que daqui a pouco teremos novelas das 11 às 23h, todos os dias, sem esquecer das Fátimas Bernardes, Anas Marias (as Bragas rsrs),e Faustões que enxertam a programação deles. Deus nos livre !
Será que conseguem "manter" a qualidade do produto, no nível que o pessoal gosta ?
Daqui a alguns anos - não sei quantos - as TVs estarão 100% integradas à web, na maioria das residências.
Vão ter que inventar/aperfeiçoar outro formato de propaganda - e o farão com certeza - para atingir-nos, e poderem bancar os custos das produções. Reinvenção total.
Quem já teve a felicidade de ir a Orlando (EUA) e andou num brinquedo chamado "Soaring" (em EPCOT), já teve uma pequena amostra do que está por vir em termos de propaganda televisiva.
Sds.
Até q enfim apareceu uma mulher que tem opinião e a defende com destemor e audácia.
Tbem sou um pouco assim, mas como estive isolada nos comentários, parei de palpitar.
Voila!
Helga
Gosto demais deste espaço porque ele preenche minha alma. Virtualmente é quase que como "meu bar ideal", assunto de recente post aqui publicado. Um local onde se vai e se encontra vez por outra um de nossos amigos ou meros conhecidos. Comentamos assuntos uns dos outros, por vezes jogamos nós mesmos os temas na mesa e aguardamos ansiosos as opiniões, tomamos umas e outras (longe uns dos outros, mas fazer o quê?), e vamos dormir engrandecidos.
Vez por outra rola um estresse entre participantes, como ocorreria numa mesa de bar real, mas logo o mediador resolve tudo com elegância. Eu já não sei viver sem esse blog.
Sim, novelas e propaganda embutida, que é o tema. No passado já segui novelas (destaco Pantanal, Roque Santeiro). Hoje não mais. Prefiro as minhas, que escrevo na calada da noite e, podem achar estranho, nem eu mesmo sei o que acontecerá amanhã. Sento-me à frente do teclado e deixo os dedos me guiarem. Por vezes, sai coisa boa, por vezes dá vontade de deletar tudo. Mas ao menos não tem comercial, o tema erótico romântico é de meu agrado e não sofro sanções da direção da emissora.
O único senão é que jamais serão publicadas, ainda mais depois da lei da moral e dos bons costumes hoje sancionada pelo Cabral. A hipocrisia anda solta, somos estuprados metaforicamente pelo Governos há anos, mas não se pode falar abertamente de sexo como ele é praticado por todos os animais. OK, é como a banda toca no Brasil.
Bom fim de semana a todos.
Freddy
Freddy,
Este espaço virtual seria de uma chatice imensa se não houvesse um pouco de polêmica, visões diferentes sobre os fatos e acontecimentos, até porque somos pessoas diferentes.
O tempero que torna palatável, pelo menos para nós mais assíduos debatedores, a leitura dos posts é poder interagir, endossando opiniões quando o caso, mas também refutando, questionando, rebatendo, sempre nos limites do respeito e da ética.
Educação e civilidade cabem em todo lugar.
Ma o debate é salutar. Da discussão, já disse alguém, nasce a luz.
Não tenho a pretensão de que este modesto blog seja gerador de luz, mas pelo menos nos esforçamos para que consigamos o lume de um fósforo riscado: tênue e efêmero.
Não é gente?
Minha mulher, Berenice, é noveleira assumida. No tempo áuero do rádio, antes da TV, ela acompanhava as novelas radiofônicas, como "O direito de nascer", a história do Albertinho Limonta e sóror Helena de Caridade.
Alega, e com razão, que não é um produto genuinamente brasileiro, e que nós suplantamos os cubanos e os mexicanos que foram responsáveis pelos primeiros dramalhões.
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