26 de janeiro de 2013

Boeing 787 - Sonho ou Pesadelo?






Por
Carlos Frederico March
(Freddy)












Boeing 787 Dreamliner

Eu gosto de aviação. Os leitores mais assíduos hão de lembrar texto postado por mim nesse acolhedor espaço no dia 12/11/2011. Para refrescar a memória, podem consultar 
Sim, eu acho avião uma coisa linda, mas confesso ter um pouco de receio de voar neles. Já houve época em que desenvolvi síndrome de pânico mas tinha de viajar na marra, era a trabalho! Hoje em dia apenas me mantenho esperançoso de que nada ocorra. Uma boa preparação psicológica e uns remedinhos antes ajudam.

Vamos considerar as longas viagens. EUA, Canadá, Europa em geral... Oceania nem pensar, não é? Mas 9 a 11 horas dentro de um avião é corriqueiro quando se trata de, por exemplo, visitar New York, Londres ou Paris. Em classe turística é um sofrimento e tanto, principalmente em voo noturno. Já encarei DC-10 com 5 bancos na fila central, mas escapei de ficar no meio com desconhecidos dormindo em torno... Parece que nos Jumbos também é assim, ainda não voei neles.

Fora o desconforto, as filas em banheiro, mais aquele mix de cheiros que sempre fica no salão, eu ainda eventualmente sofro de um mal que não tem planejamento que resolva: falta de ar! Eu já penei com ela num voo de 9 horas dentro de um McDonnell MD- 11... Enquanto acordado, respirando forte, tudo bem. Quando começava a adormecer e o ritmo respiratório baixava, eu sentia o ataque de falta de ar e acordava! E a coisa se repetia...

Pergunta daqui, pergunta dali, um comissário me explicou que a pressão atmosférica num MD-11, que voa extremamente alto, é muito baixa, idem a umidade relativa do ar. O comandante escolhe manter a pressão baixa para proteger o avião em detrimento do conforto dos passageiros. Alguns, ele confessou, sentem essa falta de ar. Há macetes, como tomar muita água e passar a noite com um lenço úmido junto ao nariz, ou enrolado no pescoço. Que suplício!

Não me acontece apenas em voos longos. Outro dia mesmo sofri ataque semelhante num mero voo entre Caldas Novas e Rio de Janeiro, num AirBus A319. Consultei o monitor LCD que nesse dia disponibilizava dados de posição, altitude e velocidade, e vi que estávamos a quase 12.000m de altura! Por isso o comandante deve ter ajustado a pressão interna bem baixa. Mal começou o procedimento de descida, a falta de ar desapareceu.

Entra o Boeing 787, cognominado Dreamliner! Minha enorme expectativa quanto a esse avião é que seu projeto prevê ajuste da pressão interna em índices muito maiores que a das demais aeronaves atuais que voam em grandes altitudes. Em vez de simular uma altitude de 2.400m (quem segue futebol sabe como é jogar em La Paz, na Bolívia), ele simula algo em torno de 1.700 a 1.800m, que é tipo um Campos do Jordão-SP.

Estaria, portanto, resolvido o meu maior problema, que é a permanência em baixa pressão por longo tempo! Sem contar a espaçosa cabine, poltronas mais largas mesmo em classe turística, bins para bagagem excelentes, etc.

Só que todo projeto pioneiro sofre... Para ser mais econômico, o 787 empregou materiais de última geração, mais leves, e abusou do uso de energia elétrica fornecida por baterias de íon-lítio. Explico: a energia elétrica necessária ao funcionamento dos sistemas num avião comum é gerada em sua maior parte pelas próprias turbinas, consumindo combustível. O uso de baterias de altíssima capacidade, carregadas em solo, evitaria o gasto de combustível em voo. Muito inteligente.

Porém, os acidentes começaram a acontecer. Baterias pegaram fogo sem que houvesse excesso de energia - projeto inadequado das mesmas? Houve vazamento de combustível - será que negligenciaram a segurança em prol da redução de peso, com tubulação mais frágil e leve?

O setor mundial de produção de aeronaves está vidrado no drama da Boeing, já que se esse projeto der certo todos o seguirão. 20% de economia de combustível não é pouca coisa num mercado altamente competitivo. A AirBus já tem o seu projeto quase pronto,
o A350XWB. Quase um clone, guardadas diferenças estéticas, do B787.



AirBus A350XWB
Para mim, um humilde usuário com problemas respiratórios começando a incomodar pelo envelhecimento, a torcida para que resolvam logo isso é imensa! O Boeing 787 Dreamliner é, como o nome diz, um avião de sonho! Não gostaria que se transformasse num pesadelo!

14 comentários:

Gusmão disse...

Eu tenho saudade do Constellation da Varig. Principalmente das comissárias de bordo.
Bom final de semana.

Jorge Carrano disse...

Naquela época, Gusmão, elas eram chamadas de aeromoças, tinham belas pernas e povoavam o imaginário dos marmanjos que viajavam de avião, mesmo na Ponte-Aérea.
Estamos na década de 1950, pessoal mais novo, que não viveu isto.

Anônimo disse...

O projeto do 787 está condenado definitivamente?
Por que não arredondam o número do modelo, tipo 800 ?
Os números são sempre quebrados: 737, 747. Por que?

Riv4 disse...

O Boeing 777 foi o 1º avião com 5 poltronas no meio, configuração 2-5-2. O DC-10 e o Jumbo é 3-4-3.

Nos últimos 15 meses fiz 4 viagens longas, de praticamente 11 horas cada uma, pela TAM e pela IBERIA (excelente, por sinal). Todas em Airbus 340. Achei-os confortáveis na classe econômica.

Um dos meus filhos fez 2 recentes em Jumbos da Air France, nada a reclamar também.

O problema são os Boeings 767 ! Lamentáveis em conforto ! Mas do Rio para a Europa não são utilizados.

Quanto aos problemas de saúde/sintomas com a pressão interna, a tecnologia vai com certeza vencer esse problema. Não sei quando, mas vai.

Já que o Gusmão tocou no assunto Constellations (nunca voei num), eu diria saudade dos Electras ! rsrsrs. Saudade de embarcar no Santos Dumont sem essa droga de "finger" ....

Anônimo, Freddy vai te dar uma aula sobre a numerologia dos projetos da Boeing.

Sds TETRAcolores

Gusmão disse...

O Electra foi o melhor avião no qual viajei.
Os retornos de São Paulo, nas tardes de sexta-feira, naquele "lounge" no fundo avião, eram o maior barato. Uma farra!
O único problema era aterrizar no Santos Dumont, pois o aparelho tremia todo na freagem.
Abraço

Riv4 disse...

Em termos de "o melhor avião em que já viajei", levando-se em consideração conforto na decolagem, vôo e aterrissagem, foi o Boeing 777. É tão grande e tão pesado que nada o abala rsrsrsrs. Show de bola !

Freddy disse...

Desculpem a demora, estive fora o dia todo, em curso.

Ao Anônimo, a Boeing patenteou a sigla 7x7 com números e até com letras. Questão de marketing. O menos conhecido é o 717, renomeação do McDonnell Douglas MD95 depois de sua compra pela Boeing. Por algum tempo o 787 foi conhecido como 7E7 mas não demora teremos 7A7, 7B7, etc.

A AirBus preferiu A3y0, com algumas variantes. Temos o A300 (o primeirão deles), depois a série A320 (com versões 318, 319, 320 e 321 dependendo do tamanho). Tem o A330 (mais belo birreator em minha opinião), A340 (quadrimotor), o enorme A380 de 2 andares e agora teremos o A350 imitando o projeto do Boeing 787.

Discordarei de Riva quanto à configuração pois é uma opção da companhia que o compra, não há versões fixas para venda. Voei mais de uma vez em 2-5-2 (DC-10 e MD-11, todos VARIG).

Discordarei também quanto a peso. O Boeing maior e mais pesado é o 747 (em diversas versões, exceto a descontinuada 747-SP). Óbvio que o 777 também é grande (menor que os Jumbos), mas voar tranquilo é questão de não encarar turbulência (mesmo o gigante A380 sacode) e pousar macio é habilidade de piloto (um erro segundo dizem).

O voo mais tranquilo que fiz em minha vida foi num pequeno ATR-42 turbo-hélice, entre Uberaba e SP. Daria para operar um olho dentro dele! No entanto um grande MD-11 pulou que nem pipoca entre Natal e Fortaleza.

Tudo, portanto, é relativo.
Abraços
Freddy

Freddy disse...

Estendendo-me...
Anônimo: o projeto 787 está em observação. Muita novidade tecnológica junta foi enfiada nele e, não é raro em quebra de paradigmas, deu zebra. Vamos seguir, tenho certeza de que vai dar certo. Precisa dar certo!

Apimentando: não acham o design dele um tanto... feminino, cheio de curvas?

<:o) Freddy

Freddy disse...

O Lockheed Constellation é considerado entre aficcionados por design aeronáutico o mais belo avião de passageiros já construído.
É injustiça com o Concorde (em voo, não pousado) e até (minha opinião) com o Boeing 707, provavelmente o quadrirreator de desenho mais harmônico de todos.
Atualmente, eu não resisto às linhas suaves (e femininas) do 787.

<:o) Freddy

Freddy disse...

OK, para quem não percebeu, o Carrano me avisou de um errinho de edição. Por acaso, fotos trocadas. Mas "no problem", a foto do 787 fala por si mesma, sem necessidade do rodapé.
=8-) Freddy

Jorge Carrano disse...

ERRATA: O Freddy alerta sobre a troca de posição das aeronaves e sua respectivas legendas.
Quem está relendo ou chegando agora ao blog, pode imaginar que ele está delirando. NÃO ESTÁ.
É que corrigi ainda há pouco, alertado que fui pelo comentário acima.
O errinho de dição que eu havia detetado, e cheguei a avisa-lo, era banal. Era probleminha de margem no texto. Não estava conseguindo alinhar à direita. O pior é que este problema de alinhamento só aparecia na publicação. Na edição no "blogger", estava tudo correto.
Nas tentativas que fiz para acertar as margens, num dado momento uma das fotos sumiu. Ao recoloca-la (já irritado ao extremo), troquei as posições.
Perdão visitantes e mil perdões Freedy.

Jorge Carrano disse...

Ontem à noite, ao liberar a publicação do comentário do Freddy sobre design, achei estranho o poético seguinte trecho: "Atualmente, eu não resisto às linhas suaves (e femininas) do 787."
Fui até a foto e não achei as linhas suaves a que ele aludia. Antes pelo contrário, parecia uma matrona, mais para orca baleia assassina.
Pudera, as legendas estavam trocadas.
Agora a imagem das "linhas femininas" faz sentido. Perdão, de novo, Freddy.

Freddy disse...

Obrigado pela correção, Carrano. Desculpe não estar assíduo nesse fim de semana. Curso no sábado e reunião familiar hoje (domingo).
abraços
Freddy

Jorge Carrano disse...

Bom domingo para todos da família, vascaínos ou não.
Abraço