Por
Carlos Frederico March
(Freddy)
Recebi mais um e-mail semanal da B&H Photovideo,
uma das maiores revendas de material fotográfico do mundo e sediada em New York,
apresentando-me ao novo cartão de memória Lexar SDXC de 256GB, ao preço de 399
dólares.
A capacidade de armazenamento dos cartões de memória vem aumentando e não vemos limite superior. A tecnologia de miniaturização de circuitos evolui e a cada ano somos surpreendidos com mais e mais gigabytes (1GB = 1 bilhão de bytes) sendo confinados num invólucro tão pequeno que se bobeamos desaparece no meio da papelada da pasta ou da nossa mesa, se formos meio desorganizados.
O
e-mail da B&H me transportou imediatamente a anos atrás, quando eu ainda
era chefe da manutenção do Centro Telex do Rio de Janeiro, onde se encontrava
uma das 4 maiores centrais do país, um dos nós principais da finada Rede
Nacional de Telex. Inaugurada em 1974 e gerenciada pela Embratel, a chamada
RNTx existiu por vinte e poucos anos antes de ser desativada, engolida pelas
redes de dados e internet.
A
central Siemens EDS ocupava um andar inteiro do edifício de 18 andares duplos na
esquina da R. Senador Pompeu com R. Alexandre Mackenzie. Dentre os equipamentos
que dela faziam parte, o mais sensível era o sistema de armazenamento de
informações. Dotado de 3 enormes (fisicamente) unidades de disco magnético com
capacidade individual de 29MB (1MB = 1 milhão de bytes) e que eram duplicadas
por segurança, armazenava 87MB de dados de sistema e tarifação. Essas 6 unidades
ficavam numa sala especialmente vedada, dotada de sistema próprio de ar
condicionado com filtros hospitalares, o qual estava instalado em sala à parte.
As
unidades de disco eram alimentadas por equipamento de energia AC especial,
dotado de proteção no-break e bancos de baterias em flutuação, também
instalados em suas salas individuais. Cada um desses equipamentos (discos, ar,
energia, baterias) tinha seu próprio pessoal de manutenção especializado e a
Embratel ainda mantinha um contrato com firma externa só para lavagem e limpeza
periódica dos discos magnéticos.
Eis
que a B&H Photovideo me apresenta a um cartãozinho com o tamanho aproximado
de um negativo de foto (alguém ainda sabe o que é isso?) com 256 gigabytes de
memória. OK, muito interessante, pensei eu. QUANTO??!
Gente,
os equipamentos por mim descritos nos parágrafos iniciais tinham capacidade
para armazenar 87MB (eu disse MEGA bytes) e ocupavam uma boa parte do andar em
que eu trabalhava e esse ridículo pedacinho de plástico tem 256 GIGA bytes de
capacidade??
Não
pude deixar de fazer umas contas. 256GB divididos por 87MB dá 2.942,5.
Matemática é fria, vamos dar volume aos números. O ridículo cartãozinho
armazena o mesmo que quase 3.000 conjuntos de salas que ocupavam boa parte do
andar em que eu trabalhava? Naquela época, para ter essa capacidade de
armazenagem de informação a Embratel teria ocupado um bairro inteiro!!
E
não é só isso! Esqueça custos associados a ( 2.942 ) equipes de manutenção de
unidades de discos, de ar condicionado, de energia AC e DC, mais respectivos
plantões, fora prédios e logística associada. Esqueça tudo e pegue o
cartãozinho de 400 dólares. Deu defeito? Joga fora e compra outro.
Sim,
amigos, com a chegada da era da informática não restará pedra sobre pedra da
sociedade que conhecemos.
3 comentários:
Bem oportuna esta matéria num momento em que a palavra de ordem é inovação em todas as organizações comerciais.
E a ênfase é na inovação tecnológica, conforme entrevista que estou lendo na revista semanal.
Freddy,
Há alguns anos o Peter Drucker já sentenciara que "tudo que existe já está superado".
Esta frase se transformou numa verdade comprovada pelos fatos.
Abraço.
Inimaginável antever onde vamos parar, não é Freddy?
Como disse o Carrano, repercutindo o Drucker, o que está na prancheta já ficou superado. NO campo da informática então, dos chips, iremos superar a mais mirabolante ficção científica dos gibis de antigamente.
Você compra um aparelho de Tv hoje, última novidade no mercado, e daqui a três meses já surge um outro com muito mais recursos.
Abraços
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