Denny e Alan são advogados num elegante e prestigiado escritório de advocacia em Boston, USA. O Denny é sócio fundador, portanto figura no nome da firma, que é Crane, Poole & Schmidt. Sendo este último o sobrenome da sócia vivida por Candice Bergen, de nome Shirley. É um olhar divertido e irreverente sobre a vida pessoal e profissional de advogados caros que trabalham no tal escritório.
Trata-se de uma série americana (óbvio), exibida no Brasil pelo canal FOX, com o nome de "Justiça sem Limite"*e que teve, se não me engano, 5 temporadas. Deixou de ser produzida em 2008, e o último episódio fazia alusão ao término da sociedade, com os dois principais protagonistas se despedindo numa conversa na sacada do edifício onde funcionava o escritório (lá chamado de firma). No enredo, a sociedade termina porque a firma foi vendida para os chineses, o que já representa uma crítica irônica, tom adotado em todos os episódios. Eles – orientais - estão vindo aí mesmo com força numérica e poderio econômico.
Foi uma pena acabar a série. Parece que os índices de audiência deixaram a desejar.
Uma das coisas que me fizeram assíduo acompanhante do seriado, foi a transparência e a liberdade, principalmente esta, com que temas tabus **, alguns cânceres mesmo da sociedade e da política americana, eram expostos e criticados. Só mesmo nos Estados Unidos isto seria, como foi, possível.
Outro ponto igualmente envolvente, para mim, era a amizade entre os dois citados advogados, vividos pelos atores James Spader (Alan) e William Shatner (Denny).
Emocionante, para quem como eu entende que uma amizade sincera e desinteressada não tem preço. A relação dos dois era de lealdade, respeito e muito afeto. Nem pense, você que não acompanhou a série, que se tratava de uma relação homossexual tão em moda***. Era uma relação afetuosa, enraizada pelo convívio profissional e pessoal honesto, leal, transparente. Pelos gostos semelhantes por bons charutos, bons bourbons e belas mulheres, e também pela respeitosa discordância política. O Alan democrata e o Denny republicano.
Outro dia escreverei sobre esta amizade, pois houve um episódio em particular que ao assistir fiquei deveras emocionado.
Bem, esqueçam as excentricidades e fiquem focados na discussão dos temas, sempre relevantes.
Abstraiam a advogada anã, o advogado negro gay, o juiz que preside audiências de capacete e outras bizarrices. As locadoras dispõem das temporadas completas. Vale a pena!
* Nome original "Boston Legal"
** Alguns dos temas, atuais e delicados, discutidos com irreverência e contundência:
- Homem luta para ser congelado criogenicamente.
- Um aluno acusa seu diretor de praticar censura.
- Dono de uma churrascaria cujos negócios estão sendo prejudicados por uma portaria que bane a carne vermelha por medo da doença da vaca louca.
- O superintendente de uma escola que está sendo processado após despedir os professores de ciências que se recusaram a ensinar o criacionismo.
- Ações contra empresas fabricantes de cigarros e da indústria químico-farmacêutica.
-Homem está brigando com a ex-esposa sobre os direitos de acesso ao sangue do cordão umbilical do filho de ambos que está armazenado e pode lhe salvar a vida.
- Uma garota que foi recusada para o papel principal de uma produção por ser afro-americana.
- Torturas na prisão de Guantánamo.
- Gravidez na adolescência.
- Homem quer processar o exército pela morte de seu irmão em um hospital militar.
- Pena de morte, etc.
*** Nada a ver com "O Segredo de Brokeback Mountain"
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