Confesso que tive certa atração pelo mundo da publicidade. Dois
amigos, colegas da faculdade de Direito, acabaram por migrar para esta área de
atividade profissional.
Um levado pelo outro, ambos pegando o atalho da pesquisa de
mercado.
Também eu quase fui parar numa agência, na matriz de uma. Um
destes amigos estava na Norton Publicidade, em São Paulo, e intermediou uma entrevista
minha com a Dr. Geraldo Alonso, fundador e presidente da prestigiada agência,
naquela época.
Claro está que minha atividade seria restrita a área
administrativa, onde já atuava. Ocorre que na Norton a gerencia administrativa abrangia,
também, a financeira.
Além de pouca experiência em finanças – geria as minhas
parcas e só – tive receio de assumir a gestão financeira de firma de publicidade,
porque até onde eu sabia, eram praxes transações não muito ortodoxas, e talvez a
firma citada não fugisse da regra.
Para não deixar à livre imaginação do caro leitor,
exemplifico: com muitos almoços com prospects
(estágio anterior ao de cliente), presentes para diretores e gerentes de
clientes (com custos incluídos na fatura das pessoas jurídicas), entradas e saídas
em caixa 2, para veículos, e coisas do gênero,
que para alguém como eu, fruto de administração inglesa, onde o Controller tem poder quase absoluto,
eram assustadoras.
Enfim quando no meio da entrevista com o Dr. Geraldo informei
sobre minha inexperiência e falta de interesse em assumir a área financeira, ele
como que esfriou e nos despedimos.
O Mario Castelar, amigo que me indicou e marcou a entrevista,
depois me disse que ele – Geraldo Alonso - ficou frustrado porque tivera boa
impressão a meu respeito.
Mas enfim, esta passagem de minha vida profissional aqui registrada,
serve apenas para emoldurar meu quase fascínio pela propaganda. Via charme e
glamour naquela área. Coisa que deu e passou, juntamente com a idade.
Dito isto fica explicado porque assisti a todos os episódio
das sete temporadas de “Mad Men: inventando a verdade", série disponível no Netflix.
Nesta série, os personagens fumam e bebem o tempo todo. Não,
vocês não entenderam, eles bebem e fumam sem parar.
E fazem sexo. Em casa, com as esposas, noivas e namoradas.
Nos automóveis, com esposas, namoradas e desconhecidas. Nos banheiros de bares
e restaurantes. No local de trabalho com muita frequência. Com colegas de
trabalho e clientes.
As mulheres dão adoidadas, são oferecidas e suscetíveis às
cantadas.
Aí você indaga, então é uma série erótica? Respondo que não! Mad Men não é filme de sacanagem. Mas tem.
Ao final de cada episódio você acaba sufocado pela fumaça
dos cigarros, zonzo de tanto beber e extenuado de tanto trepar.
Por outro lado fica conhecendo como é a cozinha das campanhas
publicitárias. Como surgem as ideias, como trabalham em equipe.
2 comentários:
Parte do titulo da série televisiva, também se aplica a advogados: inventando a verdade.
A ideia comum, naquela época a que aludi na postagem, era de que o comercial tinha que ter mulher bonita ou cachorro ou criança.
Se o comercial era de sabão em pó, tinha que afirmar que lavava mais branco.
O fabricante do leite em pó Glória resolveu enriquecer seu produto com vitamina "d". E como apelo de marketing veiculava que o leite era enriquecido. Na cabeça das consumidoras, segundo pesquisa de mercado, se era preciso acrescentar a vitamina era porque o leite não era integral. Pode?
E quando o comercial fica na memória, mas o produto não? Por exemplo: "bonita camisa, Fernandinho". Quem era o anunciante?
Um dos anúncios publicitários mais bem produzidos e dos mais emocionantes, em minha opinião, não tem mulher bonita, nem cachorro. E as crianças são desnutridas e doentes. Entretanto mexe com sentimentos. Trata-se do "Médico sem Fronteiras".
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