5 de setembro de 2016

Falta de assunto

Foi Borges (Jorge Luís) que me despertou para a realidade que ler é muito mais gratificante, prazeroso e enriquecedor do que escrever. Certa feita declarou que se jactava mais de que lera do que o que escrevera. E convenhamos que é vasta e rica sua produção literária.

Por dever de ofício escrevo bastante. São petições, arrazoados, recursos e pareceres que emito em minha agonizante atividade profissional, quase no estado terminal. Mas ainda respiro e vivo dela.

E ainda por cima mantenho a petulância, a vaidade, a pretensão de ter um blog para perpetrar minhas ideias, memórias e pensamentos.

Haja inspiração, haja assunto, haja talento, haja vocação, quesitos que são raros em meus escritos. Reconheço e me penitencio.

Existem dias em que acordo com disposição para escrever, mas cadê a inspiração? Por vezes tenho  uma ideia, mas como abordá-la, como desenvolver?

Aqui no blog, se não esgotei, e certamente não, já abordei uma infinita gama de temas. Sem considerar que amigos, parentes e convidados já me alegraram enviando textos para publicação, com os mais variados assuntos.

Já contei particularidades de minha vida familiar. Falei de meu primogênito que só veio a conhecer a fruta tamarindo aos 50 anos de idade. Não me ocorreu contar, ainda dele mesmo, coisa mais inusitada e risível, que agora me veio a memória de forma espontânea.

Fomos a Cachoeiro de Itapemirim visitar meus sogros, cunhados e cunhadas. Ele não tinha mais do que 10 anos de idade e disse para tios e primos, durante uma refeição, que estava doido para subir num pé de cana. Isso mesmo, cana. Não tinha a menor noção de como seria um pé e cana, embora já soubesse que daquela fruta deriva o açúcar que consumia.

Até hoje, passados tantos anos,  isso é motivo de piadas feitas pelos tios e tias ainda vivos.

Roller - vermelho
Já relatei aqui sobre minha experiência com pássaros. Sejam os silvestres, sejam os sofisticados canários roller que exigiam mais cuidados. Criados por meu pai, cabendo-me a estiva do negócio, a parte de limpeza das gaiolas e preparação da ração mel de milho, cenoura, ovo cozido, etc).

Contei inclusive sobre o aprisionamento, no alçapão da gaiola onde eu mantinha um canário-da-terra, de uma fêmea da espécie, que pertencia a um vizinho de nome Décio, da mesma idade. Deu-se que ele tinha um casal numa mesma gaiola e por descuido deixou-os escapar.

Gaiola com alçapão
As aves não foram muito longe e desacostumadas com a tarefa de conseguir alimentação ficaram presas fáceis nas armadilhas tipo alçapão.

Contei sobre meu drama de consciência se deveria, ou não, devolve-la ao Décio, eis que naquela fase estávamos brigados (de mal), como sói acontecer entre crianças e pelos motivos mais sem sentido.

Coleiro do brejo
E, ainda sobre pássaros, escrevi sobre os viveiros mantidos por dois tios, ambos de nome João. Um deles irmão de meu pai, o outro cunhado de minha mãe (era casado com uma irmã dela). Tiveram sabiás, coleiros, azulões, galos-da-serra, caboclinhos, pintassilgos e outros. Gostava de vê-los tomando bando nos grandes recipientes colocados no fundo dos viveiros, depois sacudirem-se graciosamente para tirar a água excessiva.

Agradava-me, igualmente, ouvir os duetos entre o avinhado e o coleiro-do-brejo. Na verdade verdadeiros desafios, cada qual querendo exibir suas qualidades canoras.

Carapicus
De igual sorte já tratei de minha experiência na pesca de cocorocas, canhanhas e carapicus, na praia que havia na margem da rua Visconde Rio Branco, antes da mesma ser aterrada. Num trecho desta aludida praia, os pescadores mantinham seus barcos e pequenas barracas. Noutro trecho, mais próximo da Vila Pereira Carneiro, jogávamos futebol ... e pescávamos. Estes dois trechos da mesma praia eram separados por algumas pedras, mantidas à guisa de quebra-mar. Ideais para pecaria. E os carapicus, sempre em enormes cardumes, eram minhas vitimas referenciais.

Com caniço convencional (sem molinete), e anzol mosquitinho, pescava grande quantidade e formava grandes fieiras.

Que mais? Sim, já falei, e muito, sobre literatura. Enalteci Saramago. Já falei de cinema citando bastante Woody Allen. Já escrevi sobre futebol e minha torcida pelo Vasco, desde os nove anos de idade. Saudade de Ademir, Ipojucan, Friaça, Danilo e outros integrantes das grandes equipes dos anos 1940/1950.

Também já me atrevi a falar de jazz, não abordando harmonia, melodia e ritmo. Disso não entendo, mas falando do quanto me agradam e emocionam alguns standards, executados por gênios, com absoluto domínio de sues instrumentos musicais e/ou vocais.

Remuage
E sobre vinhos? Já escrevi muita coisa, e da mesma forma como tratei de jazz, sempre ressaltando o quanto me agradam ou desagradam, independentemente de casta, região produtiva, ou o que me dizem nariz e boca. Notas florais, retrogosto, terroir, vintage, remuage, assemblage e outros termos e expressões utilizadas por experts estão fora de meu vocabulário.

Mas já comentei que fiz um curso básico na ABS (Associação Brasileira de Sommeliers), apenas para não cometer gafes imperdoáveis como desconhecer que existe vinho verde tinto e que vinho tranquilo é o que não é espumante, cujo processo de vinificação é diferente.

Enfim, ao longo dos 2.111 posts publicados até hoje, dezenas de assuntos foram comentados, foram feitos relatos de experiências e aventuras, foram feitas criticas, foram feitos elogios e informados fatos e acontecimentos.

Política foi um tema abordado à exaustão. Colaboradores falaram de drones, agricultura orgânica, astronomia, poesia, e outros motes.

Bem, estava sem inspiração para escrever hoje, mas acabei por cumprir a tarefa e ter uma postagem para publicar. 


Nota do autor: fotos colhidas na internet/wikipédia

2 comentários:

Riva disse...

Não é uma questão de tirar o pneu, mas o que está havendo por aqui ?
As mulheres simplesmente evaporaram ....

Seria o impacto da separação Fátima x Bonner ?
Seria a intensa procura por quem é o pivô dessa separação ?

Sim, porque no Twitter esse assunto bomba mais do que Madre Tereza, que o Temer, que a Dilma, que o G20, que a fronteira da Turquia com a Síria, que as Parampíadas, que os rombos dos fundos.

Well, no Twitter fala-se que Bonner está fora de casa há 2 meses, e que as hipóteses são :
- Maju
- Poeta
- Incógnita

Aguardemos então, essa importante matéria.

GUSMÃO disse...

Carrano,
Vou enviar, provavelmente ainda hoje, um post para sua apreciação. Fruto de imaginação enquanto tomava um chopp.