Por
Alessandra Tappes
Alessandra Tappes
Seus olhinhos me fitam cheios de amor. Conforma-se apenas com um afago nas orelhas, uma leve coçadinha na barriga. Basta. Para eles basta pouca coisa mesmo. O que certamente para nós é quase nada, para um cão é tudo!
Em 12 anos ao meu lado, meus dias tornaram-se mais
preenchidos com sua presença. Aliás, suas. Mas em particular dela, a pequena e
brava Tuca. Minha filha como costumo dizer. Uma mistura de Fox paulistinha com
vira-lata que me adotou no Rio Grande do Sul. Sim, foi ela que me escolheu.
Dentre tantas pessoas que a queriam (morava na rua) a pessoa que ela elegeu
para dar seu amor fui eu. Considero-me de muita sorte. Sabe o que é você chegar
da rua cansada, dor nas pernas, exausta, faminta, muitas vezes irritada e ter a
sua espera um latido de felicidade? Pulos de alegria? Rosnadas de prazer porque
você simplesmente chegou a casa? Em 12 anos o cenário é o mesmo, com um pouco
de dificuldade devido à artrose, latidos roucos, mas a carinha de felicidade
hoje tomada de pelos mais branquinhos, ahh... Essa é a mesma. Aquele olhar
terno, enriquecedor, cheio de amor, sente a distancia.
Tuca sempre fez jus ao ditado que tamanho realmente não é
documento. Colocou muitos coleguinhas da espécie dela a correr da minha volta.
Deixava claro quando não simpatizava com determinada pessoa, o que me levava a
ficar pensativa quanto a sua atitude, corria atrás de qualquer um que
infernizasse nossas vidas ou viesse a fazer. De temperamento forte, fui aos
poucos me tornando o centro do seu pequeno universo. O que nem sempre é bom,
pois eles viram nossos donos. Literalmente falando.
Em época de inverno, aquecia meus pés na hora de dormir. O
frio era tamanho que ela dormia toda coberta. Hoje com a idade, dorme coberta
em pleno verão! Mas prefere sua cama. Não aquece mais meus pés. A artrose não a
deixa sair como antes...
Está com o focinho cheio de pelinhos brancos, tem problema
sério de visão, seu faro já não é o mesmo e sem falar que de vez em quando tem
atitudes típicas de esquecimento. Noto perfeitamente quando me perdeu pela casa
e quando começa a andar, para, senta, dá meia volta e volta... oh idade... Até
nos nossos pequenos ela chega.
Já não briga com carteiro, nem com o montador, jardineiro.
Não implica com seus colegas que chegam ao portão e nem sai atrás de um felino
que volta e meia passeia pelo muro. Sua implicância permanente é com a sua irmã
Meg de 3 anos, outra vira-lata tirada da rua mas bem mais alta que ela e claro,
jovem. Em plena atividade física, Meg persegue motoboys, bolas, ama garrafa pet
e tem uma visão espetacular, pois lê todo fim de semana o jornal. Acho que
talvez seja por isso que tuca implique tanto com Meg...
Mas, tenho sim meus encantos por Tuca. Acompanhou barras
comigo. Dividíamos da cama a bolachinha cream cracker no café da manhã. Ficava
horas sozinha em casa a minha espera. Passou durezas na rua antes de me adotar.
Acredito eu que ela seja uma senhorinha dos seus 15, 16 anos. Uma senhorinha
mesmo.
Dorme ao meu lado agora, como dorme ao meu lado independente
do que eu esteja fazendo. Mas durante a noite, sua caminha fica do lado da
minha e eu a cubro depois da sessão de massagens em suas curtas patinhas,
depois de muitas alisadinhas em sua barriga. Acordo de madrugada para cobri-la.
Hoje eu sei o que é cuidar, hoje eu sei o que é amor.
Tenho a alegria e jovialidade de Meg aqui em minha volta
também que possui um humor excelente e muita vida exceto quando está com sua
alergia atacada ou quando aquele gato que passeia no muro resolve chamar sua
atenção.
Peço sempre ao meu bom Deus e aos espíritos protetores das 4
patinhas que ela tenha uma passagem doce, serena, sem sofrimento. Não sei
quanto tempo mais de fidelidade ela terá junto a mim e sei que não será nada
fácil... Mas sei que enquanto estiver ao meu lado, certamente meu carinho e
gratidão jamais faltará, pois ela tornou meus dias mais felizes. Isso não resta
dúvida alguma.
Para ler ao som de Annie Lennox.
12 comentários:
Seja bem-vinda de volta ao blog. O espaço está sempre aberto para você. E, como nas igrejas, a Tuca pode entrar.
Obrigado por compartilhar conosco esta história de reciprocidade de amor.
Essa romântica estava sumida do blog. Escreve com mais sentimentos do que os marmanjos.
E aquela senhora simpática, voltará a escrever? E aquela que mora nos EUA?
Todos ficamos felizes com ao retorno da Alessandra a este espaço virtual, com seus textos cheios de ternura, afeto e verdade.
Ela não é mais frequente não por opção do blog manager e sim por conta dos inúmeros afazeres.
O senhorinha simpática estará aqui neste espaço amanhã, aguarde. E a amiga que foi se refugiar em Wichita efetivamente nos abandonou.
Belo texto, carregado de emoção - como de hábito.
Pra mim é difícil, cartesiano que sou.
Estou numa situação similar, meu bichinho com 14 anos e velhinho, não brinca mais com seus brinquedos, vive dormindo pelos cantos... Eu suponho que sejam dores... Não sabendo falar nem reclamar, resta-lhe tentar esquecer. Não, não vou conseguir escrever a respeito...
Desde pequeno tive como meu grande companheiro um vira-latas de nome Boy. Brincamos muito por mais de 10 anos.
Jogávamos futebol, com ele de marcador ou de goleiro, brincávamos de uma dupla de super heróis, eu com minha toalha voadora amarrada no pescoço, brincávamos de brigar, corríamos pelo telhado da casa para desespero dos meus pais (sim, pelo telhado.
Morávamos numa casa no Pé Pequeno, bairro 100% de residências, sem comércio, e todos soltavam seus cães na rua para passearem, fazer necessidades, cruzar, eram livres mesmo.
Nosso Inimigo Nº1 era a tal Carrocinha de Cachorros, da prefeitura, que vinha com aqueles caras com um laço para capturar os cães nas ruas. Odiávamos esses caras ! E rolava aquela lenda de que matavam nossos cães capturados para fazer sabão ...
Já escrevi por aqui em algum lugar que muitas casas tinham cães naquela época (décadas de 50-60-70), mas eram raças totalmente diferentes do que vemos nos dias de hoje : eram vira-latas, pequenês, bassê (famoso salsicha kkkkk), raros buldogues, pastor alemão para quem tinha mais grana e só !
Lembro dos nomes de muitos dos amigos do meu Boy : Titino, Peri, Dunga, Bingo, Fúria, Nero, King, Toby, Bob, Lobo, Bolinha, Preto, .......
Fui crescendo, crescendo, adolescente, e quando comecei a namorar firme e entrei para a faculdade, fui abandonando aos poucos a parceria com Boy, que já estava velhinho ; foi meu pai quem cuidou dele até seus últimos dias.
A velhice de um cão é muito triste de acompanhar ; ficam bem desanimados, frágeis, geralmente com problemas de visão e audição. Necessitam de muito amor, carinho, cuidados, paciência.
Confesso não estarmos preparados para uma relação dessas, até porque, quem teria que cuidar mesmo dele seria minha esposa ; totalmente impossível nas atuais condições.
Hoje, além do meu irmão, tenho um casal de amigos e ambos estão com seus cães nessa fase quase final, difícil pra todos. Muito difícil mesmo, em todos os sentidos ....
Olá meninos!
Obrigada pelo carinho e a bela recepção de vocês! Sempre bom voltar aqui.
Abraços.
Como toda criança, eu queria ter um cachorro. Tal desejo era compartilhado pelos meus irmãos, mas nossa mãe era contra. O Jorge (um de meus irmãos) pode falar melhor sobre o tema e das tentativas de criar um cão. Provavelmente saberá melhor que eu da relação da família com o Ventania, Lord o Buck e finalmente o Twiste (o único que mamãe aceitou).
Eu sou da crença que alguns cachorros vem para nossa vida para cuidar de nós, assim é comigo e com a Joy. Quando eu me estou triste e aborrecida, minha maior vontade é chegar em casa, deitar no sofá com ela aninhada comigo. Assim me sinto acolhida.
A música diz que quem não gosta de samba bom sujeito não é... Eu digo a mesma coisa em relação aos cachorros. Não gosta de cachorro: desconfie! É ruim da cabeça ou pior, do coração.
Beijos.
Por causa desse trecho da música eu fiz inimizade figadal numa excursão.
Só porque eu declarei, durante a apresentação dos turistas no ônibus, que não gosto de samba => e um cara, em alto e bom som, disse que eu bom sujeito não era!
Só faltei me engalfinhar com ele e durante o resto da excursão mantive guerra declarada. Como alguns sabem, de vez em quando esqueço minha educação em casa.
Eu adoro cães, bem como Mary e minha filha mais velha Renata. Já meu genro não gosta mas é muito legal como pessoa. Ele e minha filha Flávia gostam é de gatos - apesar de que foi por causa dela que temos o Loopy.
Cláudia, concordo com você ..... fico sempre "atrás" com alguém que não gosta de cachorros. Tento descobrir o motivo para entender melhor, mas mesmo assim, fico cabreiro.
Quanto a não gostar de samba, também não gosto, nunca gostei.
Motivos ? Acho que a explicação é que lá em casa rolava muita música desde pequenos, mas não samba. Nunca ouvi nenhum disco de samba em casa.
E logo logo surgiu a Jovem Guarda, Beatles e Stones. Aí é que não combinava mesmo ! rs.
Do mesmo modo, não gosto de bossa nova nem de chorinho. Nunca toquei em minha vida uma música de bossa nova no piano ou no violão. Chorinho até curto ouvir alguma coisa.
Em resumo : não acho que um sujeito que não gosta de samba boa pessoa não é. Mas o dito popular vê dessa maneira, fazer o que ? rs
Seja bem vinda e apareça mais vezes !!
Para quem não se lembra da Claudinha, porque ela é uma frequentadora bissexta deste blog, pouco assídua, indico os links onde poderão ser encontradas colaborações dela. Uma originada de um e-mail que autorizou publicar e a outra sob encomenda.
Basta selecionar e colar na barra do navegador:
http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2013/05/dia-das-maes.html
http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2010/01/viagens.html
Já dizia Einstein:
"Não confio em pessoas que não gostam de cachorro, mas confio totalmente num cachorro quando ele não gosta de uma pessoa."
Um bom indicador de "persona non grata"...
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