Minha
mulher voltou de Teresópolis, onde foi visitar a cunhada – Ana Maria – que vez
ou outra pinta no blog comentando, trazendo um não sei quantos ovos de galinha
de quintal, de terreiro, alimentadas com milho e restos de verduras e legumes
que são descartados antes do preparo, pela aparência.
Estes
ovos têm suas gemas diferenciadas, pela cor – bem avermelhada – e principalmente
pelo sabor. Abro aqui um parêntesis, para recomendar a releitura dos posts do
Riva e da Alessandra, sobre sabores da infância, nos links abaixo:
Rhode |
Leghorne |
O
fato é que este tipo de ovos era exatamente os que consumíamos na minha
infância. Num primeiro momento, colhidos no galinheiro de nossa casa, na Rua
São Diogo, onde por um pequeno lapso de tempo criamos galinhas (rhode e
leghorne).
Mas, o mais das vezes, depois de fechado o galinheiro, eram
comprados num ambulante, que diariamente percorria as casas da vila onde
marávamos, trazendo pendurado no braço em cesto de vime, dentro do qual
carregava os ovos das galinhas que criava em seu terreiro e, ainda, cheiro-verde, couve e alguns poucos legumes, todos cultivados em seu quintal.
Uma
coisa que guardo na memória era o jeito dele verificar e assegurar que os avos
não estavam chocos. Ele fechava parcialmente a mão esquerda, fazendo-a como se
fora um binóculo (monóculo) levava ao alho e na outra extremidade colocava o
ovo que girava vagarosamente. Isto olhando contra a luz solar. Se estivesse com
pinto, ele assegurava, teria visto um vestígio.
Mas
a parte melhor da memória é a gustativa; o sabor daquelas gemas. É a cor e o paladar dos
bolos feitos com aqueles ovos, com a manteiga de Macuco (ou Cordeiro) e o leite
que, levado ao fogo para “ferver”, criava uma espessa nata.
O
sabor daquelas gemas era diferente, com gosto bem marcante e característico,
como a desses ovos que aportaram aqui em casa, trazidos de Teresópolis.
Por
isso, hoje, deixando de lado a restrição
quanto ao consumo de ovos, por causa do colesterol (o Cresto está aí mesmo) e
ainda a colite que pode despertar, vou comer um ovo frito mal passado, molhando
na gema um miolo de pão fresco e macio. HUMMMM!!!!
O
pão-de-lo ou o rocambole, que minha mãe só admitia fazer com ovos de gemas bem vermelhas, e
gosto acentuado, era um sucesso na vila de número 21, da Rua São Diogo, onde
então residíamos.
O
leite também tinha outro sabor. Era agradável tomar puro, pouco açucarado,
quente ou gelado.
Bem,
a manteiga era também uma delícia. E vinha em latas ou pacotes e era proveniente
da região de Cordeiro, Cantagalo ou Macuco.
Os
ovos de granja, o leite pasteurizado e a margarina, que minha mãe chamava de
graxa e relutou aceitar até sua morte, e só capitulou porque as filhas e nora
aderiram, tudo isto, o leite, o ovo e a manteiga, agora não têm gosto, pior,
têm gosto ruim.
15 comentários:
E aí, comeu? rs
Não, não vi o filme (rsrsrs).
Brincadeiras à parte, também lembro como eram diferentes os sabores de minha infância. Alguns infinitamente melhores que os que podemos degustar agora, mas isso é papo pra mais de metro.
Sofrendo de síndrome de cólon irritável há 28 anos, fiquei curioso com a relação comentada entre consumir um mero ovo e um possível disparo de colite. Tem a ver?
=8-/
Esse assunto, além de constrangedor, e de triste memória para mim, acaba por tirar o prazer de comer os ditos ovos, sem culpas ou medos. Sejam mal passados com gema embebida em miolo de pão, sejam nas gemadas, sejam feitos à moda "pochê".
Mas vou dar uma pincelada. Depois de um almoço frugal, que continha um ovo mal passado, fui para o Maracanã (início dos anos 1970.
Voltei com uma desconfortável dor abdominal. Daí para a frente foi uma combinação de impossibilidade de comer (nada parava no estômago, e provocava cólicas), perda de peso, algumas consultas, diferentes diagnósticos e até um desanimador e doloroso, pela franqueza: "Você jamais ficará curado, porque sua atividade profissional mexe muito com o emocional, e a origem da sua colite é tensão emocional".
Eu que pensava ser alguma coisa relacionada com infecção transmitida por salmonela (bactérias gram-negativas), fiquei em pânico e já com menos 6 quilos (e na época eu era magro).
Essas bactérias (salmonelas), pelo que fiquei sabendo, são transmitidas pela ingestão de alimentos CRUS ou MAL COZIDOS contaminados por fezes. Entre os de maior risco estão as carnes, especialmente as de aves (frango, pato, peru, etc.), ovos, leite não pasteurizado e seus derivados e a água.
Parece que existem tratamentos e eu ia nesta direção, mas sem êxito.
Quando este último médico diagnosticou o tal do fundo emocional, comentei isto com om irmão dele (médico) com quem eu trabalhava. A reação do irmão me surpreendeu: "O Bob é um idiota, não sabe nada". O Bob em questão era o irmão médico (que se chamava, óbvio, Roberto de tal). Minha mãe vai te curar desta droga desta colite.
Eu não tinha nada a perder. A mãe dele, na casa de quem fomos num domingo, era uma senhora já nas proximidades dos 80 anos de idade. Alta, magra, elegante. Era, disse-me, o Maurício (meu amigo) "rezadeira".
Esta senhora pôs-me sentado e de pé diante de mim pegou nas minhas duas mãos e agitava-as lentamente, ao cabo de algum tempo, com um pouco mais de força. Soltou minhas mãos e, com a voz um pouco baixa, quase um sussurro, disse para o filho: "Traga ele aqui domingo que vem de novo".
Voltei, claro, e o ritual se repetiu. A diferença é que ela dicou um pouco trêmula, quase sem forças e teve que se sentar.
Pronto! Curado!!! Mas sempre com medo de uma recaída. E o ovo cru, que era meu vilão inicial, ficou condenado para sempre.
Não revelo nomes por discrição (perdi o contato com toda a família há bastante tempo desde que fui morar em São Paulo).
Resumo da ópera:
1) aprendi, na época, que a salmonela é um perigo e ela está presente em alguns alimentos que, se ingeridos crus ou mal cozidos, contaminam seriamente (e o cólon é atacado).
2) meu caso era de descarrego (assim acredito até hoje) e sempre penso com carinho na pobre senhora que tomou para ela, pelo menos naquele momento, as energias negativas que me afligiam.
Se algum dos personagens viesse a este blog ou algum descendente que conheça a história, iria se identificar.
A Beth, nossa interlocutora bissexta, aqui neste espaço, conheceu o Mauricio em questão.
O médico não curou, mas a velhinha, sua mãe, sim. Coisas da vida ou do além.
Sim, salmonela! Se você aquecer bem o item (no caso a recomendação que recebi foi sobre presunto) o risco de adquirir uma infecção por salmonela é mínimo. Ainda bem que eu gosto de carnes bem passadas e adoro sanduíches quentes, em detrimento de preparações frias. Mas sempre tem o risco da água...
Seu relato é bastante interessante, por ter algumas correlações com o meu caso. Meu diagnóstico inicial (1985/6) é de fundo emocional, por ter se iniciado justo num período de grande crise pela qual passei na Embratel. Só que o fato gerador desapareceu em cerca de ano ou dois e a síndrome continuou!
Passei a conviver com diagnósticos variados, incluindo amebíase, giardíase e correlatos (ninguém falou em salmonela, à época), por ter vindo de uma estada no Nordeste. Sim, pode ter sido "também" isso. Mas "não só isso".
Passei anos mais tarde uma crise horrível que começou em Ouro Preto e explodiu em Tiradentes. Até hoje piso nessa cidade com lembranças tenebrosas... Emagreci 6kg em 4 dias (recuperei rápido). Quase morri na viagem de retorno, pois vim "voado" de Tiradentes numa estrada na época péssima e desci a serra de Petrópolis a 120km/h no desespero de chegar em casa. Desagregaram os 2 pneus dianteiros, poderiam ter explodido em plena viagem!
Hoje em dia tem alguns remédios que me ajudam, apesar de que o melhor deles foi proibido no Brasil (ainda pode ser receitado nos EUA, sob supervisão médica). Há outros modernos, mas nenhum deles me garante a paz da qual preciso para um cotidiano sem sustos. O jeito é ir vivendo, observando, pressentindo...
O tratamento espiritual é uma saída que venho considerando bem a sério ultimamente. Se Deus (eu acredito nele) permitir e os espíritos curadores acertarem, acho que me safo.
Abraços vascaínos.
Passamos raspando na trave, não?
<:o) Freddy
Não passamos com louvor. Faltaram poder e glória.
Fomos desrespeitados, muitas vezes na própria casa (São Januário), e não houve motivos para júbilo.
Esse time vergonhoso (desde ano), quase não cumpriu a obrigação.
Como sempre o blog toca a alma! O post me remeteu as boas e maravilhosas cenas de infância. Minha avó materna fazia assim que apontávamos de mala em seu portão, seu famoso Ovo com Açúcar. Ficávamos em dúvida entre o ovo da "Vó"* e a gemada com vinho da "mãe". Tenho o gosto até hj no coração.
* No sul é como se chama os familiares: pai, mãe, vó, vô, primo, prima, tio...não existe meu e nem minha)
Em dezembro de 2009, quando ninguém lia ou sequer visitava o blog, eu já falava deste galinheiro e das galinhas que criávamos.
Está em
http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2009/12/antiguidades-ii.html
Grande lembrança da infância! A gente só tinha direito a gemada com um toque de vinho do porto quando ficava doente! Era pra "fortificar".
Sobre galinhas e galinheiro, tinha o de minha avó Teresa, no Fonseca. Uma de minhas brincadeiras preferidas era correr atrás de galinhas, muito temida por minha mãe que dizia que elas podiam pular e bicar nosso olho! Até hoje tenho uma cicatriz porque, correndo atrás delas, tropecei num toco de paineira carcomido de cupins e rasguei profundamente a pele do joelho.
Eu não gosto de leite, logo não posso opinar. Adoro ovos e, principalmente, doces de ovos! Como já tive oportunidade de comentar, meu doce preferido é quindim.
Infelizmente a manteiga, assim como ovo, saiu de meu cardápio diário por causa do colesterol. Dizem que a manteiga Aviação se aproxima daquelas de antigamente. Quando acontece de bater a saudade e sair da dieta, tenho comprado a President, francesa.
<:o) Freddy
E já que um dos assuntos é ovo, mando uma de minha coleção pessoal de receitas:
BUTTERFLY FLIP
USO: desjejum, dias frios; energético
RENDIMENTO: 1 porção
TEMPO DE PREPARO: 5 minutos
1 gema
1 dose de conhaque
1 dose de licor de cacau
1 colher de sopa de creme de leite fresco
Açúcar ou adoçante a gosto
2 ou 3 cubos de gelo
Noz moscada ralada
Coloque os ingredientes numa coqueteleira e agite bem.
Sirva num copo pequeno, salpicando a noz moscada em cima.
Comentário: dos drinks com ovo, é o meu preferido! Alguém reparou que é para desjejum??
<:o) Freddy
Esse drink é tarja preta. Só deve ser tomado com prescrição médica (rs).
No Campo de São Bento está rolando, além do festival de gastronomia (hoje tem polvo com abobrinha), uma feira de alimentos orgânicos.
Mas acho que iremos mesmo é no FoodTruck que termina hoje, lá no Centro de Niterói.
O ovo é uma incógnita ... agora dizem que não faz mal à saúde.
Eu comi clara de ovo durante 25 anos, e só passei a comer a gema (dura, bem passada), depois que casei. Adoro um pão com ovo a qualquer hora do dia !
Sobre ovo fazer bem ou mal à saúde, prefiro ficar naquela máxima de que o que vale é o comedimento. Não coma demais nunca. Varie bastante, tanto carnes, cereais, legumes e verduras. Desgaste fazendo caminhadas, exercícios ou esportes - todos com parcimônia.
A última que li na Internet diz respeito ao aspartame. Apesar de ser adoçante de zero caloria, através de reações químicas diversas ele engorda! Diz o texto que ele provoca aumento do diâmetro da cintura (fator de risco para síndrome metabólica) e aumenta a concentração de glicose no sangue.
Qualquer dia vão dizer que água faz mal. Aliás, já dizem! Quem tem tendência a cálculo renal não deve exagerar na água mineral! Afff...
=8-/ Freddy
Fomos ao FoodTruck de Nikity. Éramos uns 10.
O lugar tem uma bonita vista do Rio de Janeiro, ali no Caminho Niemeyer.
Estacionamento bom, ambiente familiar, banheiros meio ruins - não sei o que impede ter bons e limpos banheiros nos eventos ... vc pode colocar um fabricante de produto cuidar dos banheiros, em troca da publicidade interna - fazem isso nos EUA. Custo zero !
Comidas bem gostosas, porém com preços meio salgados : massas, risotos, comida japonesa, argentina, kosher, venezuelana, mexicana, crepes, pastéis, hot dogs, frutos do mar ...muito bom mesmo.
Niterói precisa de mais eventos assim.
Postar um comentário