24 de abril de 2014

Deprimente, revoltante, indesculpável

Se fosse obra de ficção, o final engendrado seria muito triste, provocaria lágrimas.

Entretanto o caso parece ser real. Seria (na rede tudo é suspeito), o relato de um médico, cujo nome é Guilherme A. Fritsch-Nunes.

Se a história não é verdadeira, é verossímil neste país que nos entristece e envergonha a cada dia, com este (des)governo corrupto e inepto.

Peço ao próprio ou a quem conheça o médico a cuja autoria este relato é atribuído, que faça o desmentido, se o caso. Manterei no blog, mas como obra apócrifa, retrato de uma dura realidade.


"Como muitos sabem, sou médico residente de último ano de Cirurgia Plástica, mas faço plantões extras como cirurgião do trauma. Segue um breve relato do cotidiano de um médico plantonista.

Baixada fluminense, garota de 16 anos, lesão craniana por arma de fogo, com perda de massa encefálica. Atendimento em sala de trauma, via aérea assegurada por intubação orotraqueal, reanimação volêmica. Parada cardiorespiratório por 3 x revertida c massagem cardíaca e drogas vasopressoras. Paciente estabiliza hemodinamicamente. Verifico pupilas dilatadas não reagentes ao estímulo, assim como os demais reflexos tronco encefálicos ausentes.

Hospital onde estou não há exames complementares para falência encefálica, não suporta procedimento de retirada de órgãos. Ligo para central de transplantes do estado do Rio de Janeiro. Todos os números possíveis, sem sucesso. Sequer uma gravação. Família em desespero n entendendo a situação, porém demonstrando desejo de doação de órgãos. Sigo tentando contato para iniciar protocolo de captação dos órgãos.

Quatro horas depois do primeiro contato, sim 4 horas, sou atendido por uma reguladora, felizmente muito solicita. A mesma pede que eu entre em contato com o hospital referência para captação e solicite vaga, pois através da central não teríamos sucesso. Então 3 h após o primeiro contato com o tal hospital, após mandar fax e praticamente implorar, tenho vaga negada.

Paciente evolui com instabilidade hemodinâmica mesmo em bomba de infusão de vasopressores. Nova parada cardíaca. Reanimamos pela 4ª vez, mantemos o coração batendo, estabilidade hemodinâmica. Após 5 h consigo leito para transferência, animação da equipe, seria a primeira vez que a equipe do hospital veria um processo de sucesso de captação de órgãos, vencemos o sistema .... acende uma centelha de esperança na equipe.

Porém, não há no município em questão ambulância equipada para transporte avançado. O tempo corre. Perdemos a vaga. Paciente pára pela 5ª vez. Procedimento de reanimação desta vez sem sucesso. Frustração generalizada da equipe.



Converso com familiares, todos inconsoláveis. A falta de tudo. O sistema, a desorganização generalizada da saúde pública, o descaso dos gestores privaram-nos do sucesso. Privaram a família de perpetuar a memória da menina, disseminando vida a outros doentes em fila de espera. Uma ambulância. Uma vaga. Um sistema que não te ajuda. Dramático, não?

Realidade cotidiana. Sistema público de saúde colapsado. Estado colapsado.

Me bastava uma ambulância igual as da Arena Pantanal, ou do Estadio Itaquerão. Me bastava a vontade de fazer dos hospitais algo tão funcional quanto um estádio da Copa. Uma refinaria no valor de 48 milhões comprada pela Petrobras, estatal, por 1bi. Um bilhão menos quarenta e oito milhões. A diferença igual ao valor roubado dos contribuintes brasileiros. O lucro dos envolvidos igual ao rombo nos cofres públicos.

Falta tudo ao povo da baixada fluminense, do agreste, da vila Areia em Porto Alegre. Falta ambulância, falta vaga em hospital. Falta discernimento para compreender o que representa o caso Pasadena na vida deles. Sobra discernimento aos políticos em como ludibriar o povo. Vide o pequeno "engano" do Instituto de Pesquisa Econômica Avançada, eclodiram passeatas feministas (com razão) contra o estupro. Pena que a pesquisa estava errada, pena que aparecem fatos como este para abafar os escândalos da Petrobras. Pena que eu vejo esses descasos aos meus pacientes sozinho. Pena que boa parte do eleitorado brasileiro não entende tudo isso.

Neymar, desculpa, mas vou torcer pro Messi. Ronaldo desculpa, mas eu quero hospitais. Dilma, desculpa, mas vou lutar dia a dia para tirar votos do seu governo, no metrô, no hospital, no elevador, no facebook.

Chato é não tentar.

16 comentários:

Jorge Carrano disse...

Ninguém se comove?
Quosque tandem... Dilma et caterva?

Jorge Carrano disse...

Cabo de receber o link abaixo, que comprova a autenticidade do texto do Dr.Guilherme.
http://cabresto.blogspot.com.br/2014/04/dr-guilherme-fritsch-nunes-mostra-o.html

Jorge Carrano disse...

Este outro post pode e deve ser acessado:
http://www.revistavoto.com.br/site/noticias_interna.php?id=5107&t=Um_relato_da_verdadeira_saude_publica


No outro comentário, acima, é claro, deveria estar grafado "acabo".

Helga Maria disse...

Fico com pena da moça que morreu, mas ficou com mais pena das pessoas que estão nas filas de transplantes a espera de um órgão salvador.
Revoltante!!!!
Helga

Freddy disse...

Esse relato já rolou no Facebook.
Ele, como tantos outros, são meros latidos de cães (nós) enquanto a grande caravana (o poder estabelecido) desfila, pronto para mais um (des)governo de 4 anos.
Não sei mais o que podemos fazer para mudar o panorama. Tanta gente fala, tanta gente mostra as feridas e absurdos, tantas notícias de escândalo ganham até manchetes em grandes jornais, mas o fantasma da reeleição ainda paira sobre nossas cabeças, fazendo-os constatar que estamos juntando forças de maneira incorreta.
=8-/
Freddy

Freddy disse...

Opa...
Desapareceu um texto que eu ia comentar (o último acima deste)!
Mero acaso?
Retirado para correção ou foi detectado como fake? Ou foi censura?
Fico no aguardo...
=8-(
Freddy

Jorge Carrano disse...

Qual seria o título Freddy?
Pode ter sido um engano pois estou editando os posts para amanhã e depois.
Abraço

Freddy disse...

Não lembro bem, mas era algo escrito por um militar... O parágrafo final estava em destaque, em negrito (ou eram maiúsculas?)
=8-)
Freddy

Jorge Carrano disse...

Helga,
Transforme sua revolta em ação. Abra os olhos de quem está míope. Comente este e outros malfeitos (para usar o vocábulo da Dilma) com as pessoas de suas relações.
Proclame que você não está satisfeita.
Obrigado!

Jorge Carrano disse...

Perdão, Freddy, mas a maneira não é incorreta. Existem, sim, outros meios, mas este é eficaz.
Botar a boca no trombone, com coragem e independência.

Jorge Carrano disse...

Certo Freddy. O texto escrito por um militar, estará no post de amanhã.
Pode ter entrado no ar durante a edição, mas já foi sanado o equívoco.
Obrigado!

Jorge Carrano disse...

Retificando:
O texto não é de militar. O autor é filho de militar, mas é Procurador da República.

Marcos Diaz disse...

Divulgar mentiras na internet é crime. Está do médico que se diz da baixada Fluminense é uma delas. Nunca colocou os pés na Baixada.

Marques

Jorge Carrano disse...

Marcos Dias,
Quero crer que você leu o post. De qualquer forma, para clareza, transcrevo um trecho:
"Entretanto o caso parece ser real. Seria (na rede tudo é suspeito), o relato de um médico, cujo nome é Guilherme A. Fritsch-Nunes.
Se a história não é verdadeira, é verossímil neste país que nos entristece e envergonha a cada dia, com este (des)governo corrupto e inepto.
Peço ao próprio ou a quem conheça o médico a cuja autoria este relato é atribuído, que faça o desmentido, se o caso. Manterei no blog, mas como obra apócrifa, retrato de uma dura realidade."

Como pode constatar fiz a ressalva de que o texto poderia ser apócrifo ou o pseudo autor estar mentindo.
Entretanto, repito, escrevi que "Se a história não é verdadeira, é verossímil neste país que nos entristece e envergonha a cada dia, com este (des)governo corrupto e inepto."

Se o médico nunca colocou os pés na Baixada, e isto é verdade, fica a ressalva.

Mas reitero o trecho do post em que afirmo: "Se a história não é verdadeira, é verossímil neste país que nos entristece e envergonha a cada dia, com este (des)governo corrupto e inepto."

Na rede existem várias entradas em nome do médico. É só conferir em:
https://www.google.com.br/search?q=Guilherme+A.+Fritsch-Nunes.&oq=Guilherme+A.+Fritsch-Nunes.&aqs=chrome..69i57.1378j0j8&sourceid=chrome&es_sm=0&ie=UTF-8

Crime, em sentido figurado e restrito, é defender este governo.

joao carlos biernat disse...

Prezado Senhor ,

Este texto apócrifo em que o suposto médico NÃO ADICIONA seu registro no Conselho Regional de Medicina foi submetido ao Coordenador de Transplantes do Rio , dr RODRIGO , que identificou várias falhas como por exemplo , ao dizer que ligou várias vezes para vários números e só depois de 4 horas atenderam . É mentira da grossa só há 1 único NÚMERO de 3 dígitos . Mente o pseudo médico ao abordar a família antes de ser constatada morte cerebral e por aí vai . Posso te passar depois todo o e-mail do Coordenador de Transplantes do Rio . ACHO ISSO UMA TERRÍVEL sujeira : criar factóides , inventar mentiras para prejudicar alguém e indiretamente denegrir com a imagem de algo sério como transplante de órgãos . Este sujeito tem endereço ? no rio grande do sul , faz cirurgia plástica e trabalha com TRAUMA ?? na Baixada . Isso é FAKE e por ser bem escrita emociona e dá até raiva , engana leigos que não conhecem o processo de doação.Nem o cara que escreveu isso aliás conhece . Deveria dizer o nome do HOSPITAL e dar uma referencia mais clara .

João Carlos Biernat
Médico em Porto Alegre.

gafn¹ disse...

Me entristece ver um comentário como o do senhor Biernat acima. Sou médico, hoje cirurgião plástico com título de especialista pelo MEC, AMB e sociedade brasileira de cirurgia plástica. Tive uma formação bastante rígida como cirurgião, fui residnete de cirurgia geral no complexo hospitalar santa casa de misericordia de porto alegre onde trabalhei por 2 anos como residente de uma ewuipe de transplamte. Terminei minha formação no rio de janeiro onde trabalhva como cirurgiao plantonista na baixada fluminense para poder bancar minha estadia no rio enquanto batalhava para atingir o grau de especialista.

Ouvir de um colega que sou pseudomédico é como uma apunhalada pelas costas. Independente de orientação política creio que é impossível considerar uma afirmaçao desta do senhor Biernat justa. Injusto pegar um texto wue escrevi indignado deitado em um quarto sujo de um hospital deprimente e insalubre na baixada logo após um ocorrido que mexeu com o emocional n so meu mas como de toda equipe. Se de fato n transcrevi o perfieto protocolo de atendimento e identificação de morte cerebral ou se falhei em falar sonre o numero da central do transplante, isso é justificado pelo momento em que escrevi o texto em meu celular.. N declarei o hospital tão pouco a cidade para proteger a mim e aios colegas da cidade que vive o medo da milícia e de políticos corruptos. Eu seria um alvo facil de silenciar. Espero que o brasil melhore e nos livremos desta paixão que divide o brasil chamada política. Que a política seja exercida por profissionais competentes e wue um médico não derrube a honra de um colega como foi feiro no comentario acima.

Um grande abraco ao responsabel pelo blog por reverberar minha experiencia.


Dr. Guilherme Augusto Fristch Nunes