A persistência da memória - Salvador Dalí |
Uma interpretação aceita - para o trabalho acima - é de que o artista buscou materializar a noção de que o tempo passa sem que sobre ele tenhamos qualquer controle, parecendo escorrer como queijo suíço.
Não sei se a pandemia, que levou ao home office e a radical mudança de hábitos; se é a abundância de fatos que chegam, de forma mercurial, aos nossos olhos e ouvidos, vindos de todas as partes do planeta, alguns até então ignorados; ou se os sistemas de rotação e translação com efeito se aceleraram, e o tempo tem voando.
Tem lado bom, mas tem lado ruim, nesta adaptação aos tempos de pandemia e distanciamento social.
Não tinha, até março do ano passado, tempo para caminhadas matinais de 40 minutos no calçadão, senão nos finais de semana. Muito pouco como prazer, e muito pouco como manutenção da saúde física e mental.
Agora posso me permitir fazer a caminhada diária, se não há chuva que possa comprometer.
Obrigava-me a estar antes das nove horas no escritório e fiz disto um hábito. Paramentado, com paletó e gravata.
Começou com alegação de cliente, no tipo "trabalho no Rio e não consigo estar em Niterói antes das 19 horas." Ora, para quem despertou as sete da matina, ficar até as 7 da noite, para atender o cliente, para depois chegar em casa após as 20 horas, seria penoso.
Passei a sugerir que viessem antes de ir para o trabalho no Rio de Janeiro. Logo, obrigando-me a lá estar desde cedo. Virou hábito.
Não almoçava, na acepção da palavra. Agora como em casa, em benefício para o bolso e para a saúde, sem contar o lado prazeroso de comer o que gosto feito com carinho por quem sabe.
Sim, poderia dar uma cochilada após o almoço, mas prefiro dispor deste tempo para escrever aqui no blog, inteirar-me do noticiário nos telejornais e até, por vezes, assistir jogo pela Champions League.
O lado ruim está quando me olho no espelho: enrugado ou flácido, cabelos cada vez mais escassos, dores articulares.
Tem um fator odioso para os cientes que devo abordar. Os processos que tramitavam como tartarugas, agora tramitam como tartarugas paraplégicas.
Não faço audiência conciliatória ou de instrução e julgamento há dois anos. Como os processos físicos estão se extinguindo gradativamente, minhas idas ao Fórum são cada vez mais raras.
Aquelas idas eventuais aos gabinetes para ponderar e pedir agilização de um ou outro processo também acabaram, eis que os magistrados, também eles, estão em regime de trabalho remoto.
Sabem porque escrevo sobre este assunto, de como o tempo passa e nem nos damos conta? Por causa da notícia que acabo de ler: "Cristiano Ronaldo volta ao Manchester City após 12 anos".
Deus do céu!!!
2 comentários:
Sem mencionar os 20 anos decorridos desde o atentado às torres gêmeas em NY.
Caramba!
Bem legal seu post.
Ando meio desligado, estava em Friburgo há dias e chegamos em Nikity hoje, e lá, não sei porque, não acessei o blog, fiquei restrito a trabalho, leitura, SKY e música, gastronomia e beberagens.
Hoje, agora, vejo uma porção de posts seus, e vou checar com calma. Adorei as "tartarugas paraplégicas", e as dores nas articulações - sinto o mesmo, ainda mais em Friburgo, onde tenho que subir com peso 3 andares e mais 1 interno em casa.
PS: vojvoda ontem ver o FLU ser bombardeado pela potente Chapecoense !
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