3 de agosto de 2018

Onde isso vai parar?

Seria um absurdo escrever que a China atingiu o patamar de grande potência mundial, senão a maior uma das maiores, porque a população come cachorros, enquanto outros países no ocidente criam os cachorros com carinho, boa alimentação e cuidados veterinários. Em alguns casos o cão é o filhinho querido.



Não escreveria porque os USA estariam aí mesmo para desmentir. Lá, como de resto em alguns países da Europa, cães são heróis, são personagens de romances, filmes e seriados. Os mais conhecidos seriam Rin-tin-tin e Lassie.

Não disponho de dados econômicos, mas imagino que o segmento de venda de produtos e prestação de serviços voltados para cães e gatos deve movimentar bilhões anualmente.

Ninguém ouviu falar de crise nos setores  de fabricação e venda de rações, vacinas, ossos de couro, guias, coleiras, focinheiras vitaminas e até roupinhas para os pet.

Afinal segundo o IBGE (dado de 2013) no Brasil existem 52 milhões de cães. Isto significa 5 vezes a população de Portugal (censo de 2016 - 10,3 milhões).
http://g1.globo.com/natureza/noticia/2015/06/brasileiros-tem-52-milhoes-de-caes-e-22-milhoes-de-gatos-aponta-ibge.html

Agora um dado me preocupa. Onde vai parar a proteção jurídica de irracionais, como cães e gatos  (até prova em contrário), nos casos em que seus proprietários se separam judicialmente.

Guarda compartilhada, nos casos de divórcio, já é um entendimento pacificado no Judiciário. Até aí aceitável. Afinal o cão pode ser apegado ao casal igualmente, e o casal ter afeto e carinho pelo animal em igual intensidade.
https://www.conjur.com.br/2015-fev-05/homem-obtem-posse-compartilhada-cao-estimacao

Mas assegurar direito a pensão alimentícia me parece um exagero. A lei não confere este benefício senão a humanos. Mas já existem decisões judiciais assegurando o direito à pensão, que deverá ser paga em favor dos animais.

Sob o título de ajuda de custo, o Tribunal de Justiça aqui no Rio de Janeiro, já concedeu pensão de 150,00 a cada um dos animais de estimação que ficaram em poder da ex-mulher. No caso eram 6 cães e uma gata, o que custou ao cônjuge varão a bagatela de R$ 1.050,00 por mês. Confiram em:
https://www.gazetaonline.com.br/noticias/brasil/2018/04/homem-e-obrigado-pela-justica-a-pagar-pensao-para-animais-de-estimacao-1014127776.html

Em São Paulo um caso mais custoso. O "paizinho" de um par de cães foi condenado a pagar R$ 500,00 por mês, eis que o custo estimado de manutenção de cada um dos animais foi de R$ 250,00.

Cães não podem ser herdeiros, não têm aptidão legal para suceder. Mas podem, por meio de testamento, ser favorecidos com parte dos bens (limitados a 50% do total de bens disponíveis), através de um mecanismo legal que seria o legado com um gravame, no caso a responsabilidade pela manutenção e guarda do animal.

Ou seja, alguém deixa um legado, via testamento, para determinada pessoa, com o encargo de que o legatário mantenha o animal de estimação com desvelo e todos os cuidados necessários.

Você que está agora casando ou assumindo uma relação estável, pense bem antes de adotar um cão. Ele poderá vir a ser considerado membro do grupo familiar e ter direito a uma pensão, mesmo que rotulada de "ajuda de custo".

O encargo, salvo contrato pré-nupcial, caberá a quem tiver maior poder econômico.

E ainda terá que compartilhar a guarda do bichinho. Ou seja, seu ex-marido ou companheiro poderá ir a sua casa, com uma certa periodicidade para visitar o cãozinho. Quem sabe mesmo pega-lo e levar para casa no final de semana e devolver na segunda-feira.

A conclusão a que quero chegar é a seguinte: não seremos grande potência comendo carne de cachorro como fazem os chineses; limitemo-nos aos tradicionais "hot dogs". Entretanto considerar um cão como um filho é um certo exagero. O cachorro é um ser irracional, que pode e deve ser tratado com respeito e amor.

Tenho dois filhos e tive cachorro. Nem em pesadelos consideraria equiparar meus filhos ao cão. Mesmo tendo o aludido cão sido um grande amigo. Dentre os melhores.


Bill, aos sete meses, um de meus melhores amigos.





Imagens pinçadas no Google, exceto a do Biil, claro.


9 comentários:

Jorge Carrano disse...

Sempre que lembro do seriado Rim-tim-tim, ocorre-me uma entrevista do ator Robert Mitchum, tido e havido como canastrão.

Na aludida entrevista disse que decidiu ser ator depois de assistir ao seriado, pensando: "se um cão pode, poque não eu?"

Rsrsrsrs

Jorge Carrano disse...

Podem conferir. No calçadão de Icaraí, é muito maior (muito, muito) o número de cães conduzidos por seus donos do que carrinhos de bebes conduzidos pelos pais, avós ou babás.

Calfilho disse...

É, Carrano: além dos cães, existem os gatos, os passarinhos, hamsters, cavalos, porquinhos, coelhos, que alguns casais criam como animais de estimação... imagina pagar pensão alimentícia para cada um deles em caso de separação...

Maria Cecilia disse...

A legislação brasileira não proibe o consumo de carne de cachorro. Mas aqui é moralmente condenável o abate de animais domesticados e silvestres. Cada dia que passa aumenta a proteção legal aos animais.
Os veganos pregam que não se utilize nem mesmo alimentos produzidos por animais.
Os vegetarianos brigam para que seja proibida a matança e comercialização de qualquer tipo de carne. Estranhamente alguns comem frutos do mar. Será que se baseiam na denominação? Frutos são vegetais?

Essas crenças, hábitos e costumes variam no tempo e no espaço.

O que não podemos negar é a relação afetiva recíproca entre humanos e seus pets, ainda que sejam tigres, ratos, galinhas ou quaisquer outros.


Jorge Carrano disse...

Maria Cecilia,

Estava com saudade de seus sempre oportunos e inteligentes comentários.
Valeu!

Ana Maria disse...

Você lembra da leitoa Dengosa que engordamos em nossa casa, Jorge.
Apesar de fofa e de interagir com os humanos não escapou de seu destino.
Afinal quem criou a cadeia alimentar?

Jorge Carrano disse...

Lembro sim, Ana Maria. Foi preciso chamar um "profissional" para sacrificá-la.

Nossos pais não queriam grande sofrimento. Um fino punhal foi, com habilidade e destreza, duiretamente ao coração ada bichinha.

Não lembro se houve lágrimas, mas acho que não. Destino era destino.

Eu a levei à padaria na Rua Silva Jardim, para assar pois nosso forno não comportava. Papai foi buscar por causa da grande quantidade de gordura no tabuleiro.

Riva disse...

Gente, que assunto complicado ..... eu gostaria muito de me tornar vegetariano, com certeza consigo viver me alimentando somente de vegetais.

Mas a questão é .... qual a diferença entre vegetais e animais ?

Acho que como na natureza dos próprios animais, abate-se para nossa necessidade. Então, como satisfazer a necessidade da raça humana , nas proporções que é ?

Não tenho condiçõesde julgar isso, culturas diferentes da minha, etc.

Cada um com seu cada qual.

Jorge Carrano disse...

Caro Riva,

Você tem toda razão (a meu juízo).

Ética (ethos) e moral (mores) dependem de latitude e longitude.

Cada povo tem sua cultura. Os meios de comunicação hoje disponíveis influenciam mais ou menos a depender do quanto são enraizados os hábitos e costumes.