Hoje pela manhã (05.01.2017)
esperei meia hora pela chegada de um ônibus das linhas 47A ou 47B. Isso é
absolutamente anormal.
Nesta parada, próxima
de minha casa, dependendo do horário, quando muito 3 pessoas aguardam por um
destes ônibus. Hoje já éramos 11 pessoas estranhando a demora.
O “apontador”, empregado
da empresa que controla a passagem dos veículos, anotando horário e números da
roleta, explicou que a ordem da administração a partir de agora, é para que os
motoristas só movimentem o veículo quando o passageiro ultrapassar roleta.
A ameaça de punição
para os infratores, levou alguns motoristas a estabelecerem operação padrão
(diria eu tartaruga), de tal sorte que esperam que o passageiro transponha a roleta
e, em alguns casos, sentem.
Típico caso de decisão
precipitada, impensada, ou pelo menos mal concebida e posta em prática sem
gerenciamento.
Cloro que como envolve
aspectos de segurança, não seria tolo de achar errada a decisão da empresa.
Acho errada a maneira como implantada. Ameaçar punir (parece que um dos
motoristas já tivera que assinar uma advertência), não é o melhor caminho. Que
tal uma palestra para conscientiza-los dos riscos envolvidos ao colocarem o
veículo em movimento com passageiro ainda embarcando? Que tal alertar principalmente
para os casos de idosos? E estabelecer uma contrapartida como, por exemplo,
afrouxar o controle dos horários a que estão submetidos.
Trabalhei em empresa de
supermercados, em São Paulo, na década de 1970. Era gerente de recursos
humanos. Presenciei um caso típico de decisão intempestiva, impulsiva e que
provocou transtornos na operação de uma das principais lojas da rede. Esta loja
estava situada na Rua Turiassú, bem
próxima do campo do Palmeiras.
Num sábado pela manhã o
diretor da rede resolveu dar um giro pelas lojas. Chegando naquela citada
observou que só havia 4 caixas em funcionamento. Em cada uma, na fila, não mais
do que 3 pessoas.
Check-out de loja de supermercado |
Chamou o gerente da
loja e recomendou que ele programasse melhor os horários de trabalho das
operadoras de caixa porque observara filas naquele horário - 08:00 da manhã.
Assim fez o gerente. Reforçou
o número de caixas a partir da abertura da loja, o que ocorria às 06:00 horas.
É importante atentar
para a seguinte informação. Naquele primeiro horário matinal, como praxe, as
compras eram de saco de leite (ainda era vendido em sacos plásticos), pãezinhos
e, eventualmente, açúcar e um pedaço de queijo.
A partir das 11:00 horas,
exatamente quando o movimento da loja crescia, com compras mais volumosas, as
operadoras de caixa fechavam os caixas para o horário de refeição.
As filas tornaram-se
imensas e como as compras eram maiores a demora no atendimento irritava aos
consumidores.
Como estava programado, 3 entravam logo na abertura da loja, outras 4 às 10:00 horas, outras 4 às 12:00 e, finalmente, outras 5, às 14:00 horas. Funcionava até às 22:00 horas. E cada operadora tinha uma jornada de 8 horas.
Como estava programado, 3 entravam logo na abertura da loja, outras 4 às 10:00 horas, outras 4 às 12:00 e, finalmente, outras 5, às 14:00 horas. Funcionava até às 22:00 horas. E cada operadora tinha uma jornada de 8 horas.
Decisão açodada. Não
foram consideradas todas as circunstâncias. Aumentar o quadro de operadoras
seria outra bobagem, que só iria onerar a folha salarial.
Teria sido muito melhor
deixar como estava, com espera pelo atendimento de consumidores com poucos
itens e de baixo valor.
Numa siderúrgica em São
José dos Campos/SP, onde também trabalhei na mesma função, tive um atrito com
um “consultor” contratado para racionalizar custos.
Nós mantínhamos sob
contrato uma empresa de ônibus, que recolhia os trabalhadores próximos de suas
residências.
Eram três ônibus, que
faziam diferentes percursos. Informo que esta siderúrgica ficava na Rodovia
Presidente Dutra, à esquerda no sentido Rio-São Paulo. Só que a grande maioria dos
seus empregados morava no lado oposto, onde é realmente a sede da cidade.
Cidade que não é pequena. Tinha, na época, cerca de 500.000 habitantes.
Vista parcial de São José dos Campos - São Paulo |
Pois bem, o “gênio” propôs
a redução das linhas, de três para duas, com reestudo dos percursos. Teoricamente
perfeito. Mas e na prática?
Com os novos percursos
ficou evidente que algumas pessoas (as primeiras a embarcar) tinham que sair de
casa mais cedo, porque o ônibus iria percorrer um trajeto maior. Em zig zag.
Pois bem, estas primeiras
pessoas ficavam tanto tempo dentro do veículo, que resolveram reclamar horas extras,
sob considerar que já estavam à disposição da empresa desde o momento do
embarque.
Por outro lado, os que
moravam mais próximos e eram os últimos recolhidos, ficavam nas esquinas
esperando um bom tempo. E nem sempre tinham poltrona para sentar quando embarcavam.
E não foram poucos os dias
em que se registraram atrasos na chegada à planta da usina.
Provocamos sérios
problemas trabalhistas e de relacionamento com empregados, para economizar, sei
lá, umas merrecas, não lembro quanto.
Está certo que eram 3
turnos, mas ainda assim na relação custo benefício ficava evidente que era
melhor não alterar. Até porque se estava mal dimensionado, o profissional que
organizou e implantou não teria sido competente, analisando com cuidado o mapa
da cidade e os sentidos de direção das ruas e os endereços dos trabalhadores. Cronometrando trajetos para obter
uma média de tempo dispendido.
Mas o “consultor”
precisava apresentar serviço e resultado para justificar seu custo. Como depois
ele iria embora, palpitar em outras empresas, não tendo compromisso com a operação
da Siderúrgica, para ele estava tudo formidável.
Se você está pensando
que os empregados não deveriam postular horas extras porque a empresa oferecia
um beneficio para eles que poderia ser eliminado, pensou errado. Os transportes
coletivos não seriam capazes de atender as demandas, em especial no turno da noite.
Forno de aciaria não é desligado.
As imagens são do Google.
3 comentários:
Ninguém mais falou do encontro do Pub da Berê.
Sobre o post. Tem casos para umas 10 matérias. Daria um compêndio de bobagens.
Dê um cargo de supervisor a um Zé Mané qualquer de uma empresa e o cara sobe na chapinha. Quer aparecer e logo trata de implementar alterações de sua lavra, para justificar o novo posto.
Conheço a raça.
A cada dia piora, dado que o aumento da parcela de ratazanas na população é infinitamente maior que o de pessoas com alguma chance de serem bem educadas e poderem julgar melhor suas ações.
Atuo como consultor desde 2007, embora nesse período tenha atuado 33 meses como gerente nacional de operação e manutenção em 2 empresas.
4 passos básicos e fundamentais no meu trabalho - minha cartilha :
1) Entender 100% qual a minha entrega
2) Ficar claro para todos os níveis da empresa qual é o meu escopo, e contar com a colaboração de todos, com comprometimento total da alta direção
3) Entender 100% a cultura da empresa, e a sua operação
4) Apresentado o Diagnóstico e aprovado o Plano de Ações Corretivas e de Melhorias, é fundamental, qual Maquiavel, cortar o MAL de uma só vez, e implementar o BEM aos poucos - não falo só de recursos humanos, falo de processos e ferramentas.
Certa vez, num dos meus trabalhos em São Paulo, esbarrei nos Passos 2 e 4, pois não avançaria sem a colaboração de todos nos cortes e nas implementações necessárias. Fui muito claro ... se não toparem, volto hoje para o Rio, pois nada tenho a fazer aqui. Toparam, e encerrei meu trabalho em 5 meses, com bastante sucesso.
Postar um comentário