Na década em que nasci,
anos 1940, e até a seguinte do século XX, quando realizada a Copa do Mundo de 1950 no
Brasil, com a inauguração do Maracanã, o campeonato carioca de futebol era a vitrine
do esporte no Brasil.
Capital da República,
abrigando o Distrito Federal, et pour
cause, aqui estavam sediados e disputando o campeonato regional, os clubes
mais populares em nível nacional.
Havia uma razão
complementar, a Rádio Nacional, maior emissora do país, aqui também instalada,
e de penetração nacional, transmitia as partidas do campeonato carioca. Isso
explica e justifica porque clubes como Vasco, Flamengo, Botafogo e Fluminense
tenham grandes torcidas no Norte e no Nordeste.
Na já citada Copa de
1950, seis jogadores do Vasco eram titulares absolutos da seleção brasileira,
além do seu técnico. Eram integrante do Expresso da Vitória.
Neste cenário
aconteciam suspeitas sobre a idoneidade de alguns árbitros, menos talvez por
desonestidade e/ou ambição desmedida o que incluiria a possibilidade de ganhos
ilícitos, mas sim por paixão clubística.
Todo menino ou pré-adolescente
já havia decidido por qual clube torceria o resto da sua vida. Como eu que elegi
o Vasco aos sete anos de idade (em 1947) como dono de meu coração futebolístico.
Era natural que os
árbitros, todos, tivessem suas preferências, suas paixões, ocultas, secretas,
por razões óbvias. E quando erros, involuntários ou não, aconteciam, eles
ficavam retidos dentro dos vestiários, protegidos por policiais, até que os
ânimos serenassem e os torcedores fossem para suas casas.
Acontecia com certa frequência
em estádios pequenos como os do Olaria, Bonsucesso, Madureira, etc. Não
porque estes conhecidos como clubes menores
tivessem torcedores entre os árbitros, mas porque resultados desastrosos de algum
“grande” contra um “pequeno”, poderia favorecer um outro “grande”.
Seja como for, no final
da década de 1940, pouco antes da Copa de 50, a CBD contratou árbitros ingleses,
sob a alegação de treinar e padronizar atuação dos brasileiros. Um deles apitou
a final entre Brasil x Uruguai, de triste memória - George Reader.
Suspeitas, dúvidas, aleivosias
eram limitadas e dirigidas a jogadores e juízes.
A última, que me
recordo, porque residia em São Paulo na época, e foi bastante comentada, ocorreu
num jogo pelo campeonato paulista, entre Corinthians e Ponte Preta (de Campinas), quando o jogador Rui Rei teria forçado
sua expulsão, prejudicando a “Macaca” e favorecendo os “Mosqueteiros”, que não
levantavam aquele troféu há anos.
O pior, que deu contornos
de veracidade ao ato do jogador, é que ele foi contratado pelo Corinthians na
temporada seguinte.
Estou chegando ao ponto
que me levou a abordar este tema aqui no blog. É que agora, além dos jogadores
e dos árbitros, temos dois outros fatores - externos - que possibilitam fraudes e
maracutaias: VAR e BETs.
É bem verdade que estes
meios dependem da atuação do homem, como agente, este
sim o animal que não deu certo. Não é Millôr?
Apêndice:
"Rui Rei foi um atacante
que jogou pela Ponte Preta em 1977, onde foi um dos destaques da campanha que
chegou à final do Campeonato Paulista. Ele ficou conhecido por sua expulsão
polêmica no terceiro jogo da final contra o Corinthians, que resultou na
derrota do time de Campinas e culminou em sua transferência para o clube
paulistano no ano seguinte."


Um comentário:
Tem a história, história mesmo e não lenda, do juiz que quando a bola transpôs a linha lateral, teve um ato falho e gritou "é nossa".
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