20 de setembro de 2025

Paquiderme em loja de cristais

Trump se comporta como se fora um dinossauro numa loja de louças. Em se tratando de democracia. Isto pressupondo que os Estados Unidos ainda são a maior democracia do planeta.


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President Donald Trump waves as he boards Air Force One for a trip to White Sulphur Springs, W.Va. Evan Vucci/AP

Esta pressuposição é uma homenagem aos "americanófilos" que frequentam ou visitam o blog, porque a meu juízo a democracia americana, sob Trump, está com os dias contados. 

Ele maneja a bandeira da liberdade de expressão e opinião, mas é o primeiro a tentar amordaçar seus opositores ou os que, mesmo nem sendo opositores contumazes, ousam criticar seus atos e atitudes.

Abro parêntesis para acrescentar que também proíbe contestações aos seu correligionário e amigo Netanyahu, o genocida.

Agora a ameaça a imprensa:

Trump sugere tirar licenças de emissoras se fizerem cobertura negativa dele.

"Presidente dos EUA também indicou apoiar que redes tenham que solicitar permissões periodicamente."(Kevin Liptak, da CNN, 18/09/25 às 16:35 | Atualizado 19/09/25 às 07:24)

O uso político em assuntos comerciais, um abuso autoritário, como os tarifaços impostos, está começando a se virar contra ele. A inflação em viés de aumento no seu país, e as primeiras manifestações políticas no parlamento, lá deles,  irão  reverter o quadro.

"Senadores dos EUA apresentam projeto no Congresso para cancelar tarifas aplicadas ao Brasil."

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2025/09/senadores-dos-eua-apresentam-projeto-no-congresso-para-cancelar-tarifas-aplicadas-ao-brasil.shtm


Abre atritos e conflitos com as universidades, algumas das quais são símbolos da liberdade e independência do mundo acadêmico e da democracia americana.

Pretende interferir na composição do FED, o Banco Central deles, que a exemplo do brasileiro, goza de autonomia. Quer porque quer afastar uma integrante do comitê.

E outras bobagens, todas de cunho absolutista, como se ele já fosse o que pretende ser, um imperador, um rei, nos moldes dos mandatários no mundo árabe. (Vejam o que caberia entre Emir, Califa, Xá, Xeique ou Sultão).

Se os americanos não adotarem atitude coerente com seu passado, com o pensamento dos fundadores e arquitetos da democracia americana, estão fadados a viver sob regime autoritário, com restrições em sua liberdade.

Refiro-me aos Founding Fathers, como George Washington, Thomas Jefferson, John Adams, Benjamin Franklin e James Madison.

Trump se afasta, e cada vez mais, dos ideários destes personagens.

A guisa de reservar mercado de trabalho para os americanos, baixou uma tarifa de 100 mil dólares (que não é pouco dinheiro), para obtenção do visto especial de permanência e trabalho no país, a ser pago por cérebro estrangeiro contratado por empresa americana.

Estamos falando, em especial, dos indianos que são hoje a grande maioria das mentes importadas. Esta taxa elevada, será paga também por estudantes em universidades americanas que pretendam permanecer, depois de formados, trabalhando nos EEUU.

O pressuposto é que a taxa elevada leve as empresas americanas de alta tecnologia, que precisam e dependem de mão-de-obra (mente-de-obra, na verdade) de alto nível, passem a empregar americanos.

Será? Não dará certo, será outro tiro no pé. Estamos tratando de cerca de 64.000 estrangeiros, maioria indianos, como já mencionado, mas também chineses, coreanos e etc. 

E para encerrar a série de arbitrariedades e violação de compromisso assumido, cito o episódio da negação de vistos a indivíduos e delegações que participariam da Assembleia Geral da ONU, que como sabemos fica em Nova Iorque.

Ocorre que quando da escolha daquela cidade para sediar a ONU, foi pactuado que não haveria restrições para concessão dos vistos necessários para ingresso no país.

Os demais membros deveriam, solidariamente, em protesto contra a violação do combinado, decidir transferir a sede do organismo internacional para Genebra, como já aconteceu episodicamente, mas agora em caráter definitivo.

Ou Xangai, diria como apimentada ironia.

Apenas para argumentar, o que ressalto já seria anti-diplomático, os USA poderiam delimitar o perímetro para  circulação na cidade, daqueles considerados perigosos para a defesa americana, mas negar acesso ao organismo internacional é absurdo e inaceitável. 

Trump causará mais perdas, mais danos ao país do que dez "Katrina". Quem viver verá.

Imagem do furacão


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