11 de outubro de 2021

REFUGIADOS

 


 

Desde há muito o tema refugiados habita as pautas das mídias, mundo afora, não sai das agendas de chefes de Estado das grandes potências, frequenta os plenários legislativos de congressos e câmaras  nacionais e continentais, e organismos internacionais.

Não há consenso entre as lideranças mundiais. Claro, são culturas diferentes, estágios de desenvolvimento econômico diferentes, lideranças com visões e ideologias distintas.

Trata-se, com efeito, de um problema sério. Humano, social e econômico. O tema é polêmico, mas a tendência é de não aceitação de refugiados.

Diante da fome que deixa marcas e sequelas na vida de levas de refugiados, de diferentes etnias, que fogem de perseguição política e de falta de atenção de poderes públicos em locais menos desenvolvidos, não há como não se comover.

O problema não é continental, não é nacional, é planetário.

Erguer muros, impedir o desembarque de refugiados que aportam acotovelados em embarcações sem segurança, sem recursos de água e alimentos para seus ocupantes, é ato desumano.

Acolher refugiados não é simples em todo o mundo. Uns podem mais, outros podem menos, e outros simplesmente não podem mesmo. E há os que podem e deveriam.

Vejamos o Brasil. Acolhemos, segundo dados oficiais, 53 mil refugiados venezuelanos, nos últimos três anos. Não foi fácil.

Foi preciso interioriza-los, dar assistência médico/hospitalar, e principalmente empregos (ocupações) dignos, que lhes permitam deixar de depender de programas assistenciais. Ou caridade de humana.

Os brasileiros somos uma nação de desassistidos. Os beneficiários de auxílio emergencial, bolsa família ou que nome seja dado aos programas sociais atingem a casa de milhões.

Cabe, aqui e agora, explicar porque suscito este assunto que não domino e sobre o qual sequer tenho informações suficientes para, sem ser leviano, comentar.

A aposentadoria de Angela Merkel, chanceler alemã, é uma razão, a outra é a premiação do Nobel, em especial os de medicina e de literatura, conferidos a refugiados nos USA e no Reino Unido.

Merkel, ao cabo de 16 anos deixa o comando da maior potência econômica da Europa. E deixa espontaneamente, não obstante seus 77% recebidos na pesquisa de aprovação, nível mais alto obtido por qualquer outro líder mundial.

Isto ao final de seu quarto mandato. Segundo registro jornalístico nenhum outro chanceler alemão deixou o poder espontaneamente.

Pretende se dedicar as coisas simples da vida, como “assar um bolo de ameixa”.

Enquanto aqui no Brasil torcedores cogitam entregar o comando de nossa seleção ao Guardiola, de minha parte, aqui de meu cantinho, se possível fosse, gostaria de ver Merkel dirigindo nosso país.

Mas por que ela está citada no post sobre refugiados? Porque ao contrário da maioria dos demais dirigentes da Europa, e reagindo a eles, acolheu mais de um milhão de necessitados da Síria, Iraque e Afeganistão, entre outros.

Conta com o reconhecimento e as homenagens destas famílias acolhidas. É grande o número de crianças, como se verifica nos batismos de filhas, e até filhos deles nascidos na Alemanha, aos quais dão o nome de Angela ou  Angie, e até Angela Merkel.

“Ela nos deu teto e futuro para nossos filhos”, explica uma agradecida refugiada.

Outra diz que no futuro explicará ao filho porque ele se chama Merkel e contarei a ele nossa história. Ao filho ela deu o nome de Cristo Merkel.

Exagero? Penso que não. Quando todas as portas estavam fechadas e, segundo matéria que li, alguns outros líderes europeus (incrível) pagavam à Líbia e a Turquia para impedir que necessitados cruzassem o Mar Egeu ou o Mediterrâneo, Angela Merkel abriu as fronteiras da Alemanha e acolheu mais de um milhão de refugiados.

Outras histórias, dignificantes, exemplares, de refugiados, precisam ser replicadas. Eles – os necessitados – não são meros números de estatísticas assistencialistas. São pessoas com potencial, anseios, sonhos, que muitas vezes dão retornos.

Vejam por exemplo o caso de Ardem Patapoutian, biólogo molecular, de origem armênia, nascido no Líbano, e que ainda criança refugiou-se com a família nos USA, por causa da guerra civil libanesa.

Construiu carreira acadêmica em Universidades americanas, e acaba de ser agraciado com o Nobel de Medicina.

Também o Nobel de Literatura – Abdulrazak Gurnah –  nascido em Zanzibar, na Tanzânia, e chegou à Inglaterra como refugiado na década de 1960.

Poucas pessoas sabem – e só soube hoje – que tem um vencedor de Nobel nascido no Brasil.

Peter Brian Medawar, biólogo, nasceu em Petrópolis, em 1915, filho de imigrante libanês com imigrante inglesa, que mudaram para Inglaterra com o filho ainda criança.

Ele ganhou o Nobel de Fisiologia (medicina) em 1960.

Não eram refugiados, entrou aqui na postagem pelo inédito prêmio entre nascidos no Brasil. 

Como já temos santo brasileiro (Frei Galvão), um Nobel nascido aqui nestas terras, está faltando um Papa. A Argentina já tem.


10 comentários:

RIVA disse...

Queria compreender as raízes da palavra FISIOLOGISMO, tendo em vista a definição de FISIOLOGIA.

Como surgiu isso ?
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O tema do post é "mega complexo", e se encaixa num recente comentário meu, quando pergunto :
- que tipo de evento catastrófico uniria toda a humanidade ?
- que nos forçaria a praticar a equidade total, sem a m...... da grana envolvida ?
- Tipo 2012

Uma das minhas noras trabalha em Bruxelas numa organização focada nesse delicado assunto. Uma gota no oceano ... lembra o beija-flor levando uma gotinha dágua pra ajudar a apagar o incêndio na floresta ...

Triste a humanidade !

Jorge Carrano disse...


Riva, tente a explicação do professor Pasquale sobre a origem da palavra fisiologismo


https://omny.fm/shows/a-nossa-lingua-de-todo-dia-pasquale-cipro-neto/qual-a-origem-do-termo-fisiologismo

RIVA disse...

Amigo, ouvi o Pasquale .... nem ele conseguiu explicar o porque convincentemente !!!!

Jorge Carrano disse...


No judiciário, por exemplo, usam-se muitas metáforas.

Se recorro de uma sentença, meu ex adverso em sede de contrarrazões, provavelmente escreverá "que a douta sentença açoitada merece ser prestigiada pelo egrégio tribunal ad quem."

Ora, não açoitei a sentença na acepção da palavra.

Jorge Carrano disse...


Tenho lido muito, ultimamente, vergastada no lugar de açoitada.

RIVA disse...

Prefiro receita de médico ...... Fui ali ! rs

Jorge Carrano disse...


Não vai longe porque amanhã tem Flu rsrsrs.

RIVA disse...

Não tenho expectativas quanto ao FLU.

Antes era prazer assistir, agora é angustiante.

Vamos com certeza entrar na Z4 em 2 ou 3 rodadas. O Gente Boa não é treinador, nada entende de futebol, e pior, está na panelinha presidencial.

Não sei se dará tempo da presença da torcida pressionar pelas mudanças que estão a olhos vistos ..... que expressão é essa ???? Vou pesquisar !

Jorge Carrano disse...


Merkel é aplaudida de pé, na cúpula europeia.

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/10/22/angela-merkel-e-aplaudida-de-pe-em-sua-ultima-cupula-europeia.ghtml



https://oglobo.globo.com/mundo/paris-sem-torre-eiffel-merkel-recebe-homenagem-e-aplaudida-de-pe-em-sua-ultima-cupula-europeia-1-25247081

Jorge Carrano disse...


Brasil acolhe 7 juízas afegãs perseguidas pelo Talibã.

O grupo, incluídos seus familiares, atinge 26 pessoas.

https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2021/10/28/juizas-afegas-ameacadas-pelo-taliba-e-recebidas-em-brasilia-fazem-cpf.ghtml