Reprimenda merecida? Devo admitir ?

Recebi, pela via do correio  eletrônico, o comentário a seguir. Claro que está identificado(a) o(a)  remetente, que é alguém muito próximo.

Como preferiu enviar por e-mail ao invés de comentar diretamente do blog, imagino que prefere ter sua identidade preservada. Sejam lá quais forem as razões respeitarei. Procurarei disfarçar ao máximo.

Ao final do texto crítico farei considerações a respeito, por amor ao contraditório e ao amplo direito de defesa, princípios muito caros aos advogados.

Eis a crítica aguda, perfuro-cortante, embora sem perda da ternura (nunca imaginei um dia em minha vida citar Guevara).

"Os comentários políticos do administrador do blog são coerentes com seu temperamento já expresso em outras opiniões. Passional, idealista e conservador ao extremo.

Considera Inglaterra um exemplo, Londres o lugar ideal, futebol um esporte puro tais como o jogado nos campinhos de Várzea.

Alguns anos atrás, quando criado o Estatuto do desarmamento, ele se revoltou e defendeu com ênfase o direito do cidadão honesto garantir a defesa de sua propriedade e segurança da família. Hoje condena.

Reconheço que o blogger é um Lord. Não diz palavrões, usa um linguajar rebuscado, não cospe no chão e nem coça partes íntimas em público.

À par disso, conhece e usa outras palavras agressivas e ofensivas tais como calhorda, vil, cafajeste,  canalha e velhaco. Tudo isso com expressão facial raivosa.  Tudo coerente com sua profissão e com suas convicções. 

Como ele já citou algumas vezes, sofre de discromatopsia (Daltonismo), o que faz com que não distinguia cores, nem visualmente nem racionalmente.

Não existe meio termo. O ser humano não deu certo, ainda que a maioria da população procure viver honestamente.

Presidente da República tem que ter o perfil de Estadista; usar próclise ênclise e mesóclise; levantar quando entra uma senhora no recinto; mastigar 40 vezes antes de engolir e pensar meia hora antes de falar.

Tem o pensamento utópico que a Wikipédia  assim descreve:

"Mas há que ter em conta que o pensamento utópico pretende apurar uma racionalidade política, por um lado, e por outro, alimenta-se da imaginação, da fantasia, da fuga para um mundo irreal. A utopia é uma espécie de jogo entre um real que se rejeita e um ideal que se espera e deseja."

Minhas ponderações a respeito:

1) "Conservador ao extremo"

Minha sogra em sua santa inocência rotulou-me de sistemático, o que no vocabulário dela e de uso comum em seu meio ambiente, significava que sou apegado as tradições, ao socialmente aceito,  ao ... vá lá ... conservadorismo.

Sou assumidamente conservador porque o que é correto, testado e aprovado precisa ser mantido, em especial valores éticos e morais.

2) "Considera a Inglaterra um exemplo"

Como negar o que está escrito neste espaço virtual em mais de uma oportunidade? Admito, reiterando, que gostaria de viver na Inglaterra, provavelmente em Londres, mas daí a considerar o pais como exemplo a ser seguido há uma enorme diferença.

Seria uma injustiça com o povo oriental - japoneses sem especial - cuja filosofia de vida muito me agrada. O respeito aos idosos, e à sabedoria deles; a incapacidade de viver em desonra (daí o haraquiri) e o sentimento de lealdade, para não me estender muito. O que dizer da educação suíça, da pertinácia dos alemães, e do savoir-vivre dos franceses?

Ora, meu país ideal, ou exemplo, como taxou a crítica que ora rebato, seria um caldo de culturas, de usos e costumes, way of life.

3) Estatuto do desarmamento

Suponho que a compreensão literal do (a) crítico (a), decorrente de suas raízes lusitanas, é responsável pelo equívoco em que labora ao considerar-me contraditório a propósito do "Estatuto do Desarmamento".

Vou valer-me de sua próprias palavras para estribar minha explicação a respeito. Diz o texto critico: "o direito do cidadão honesto garantir a defesa de sua propriedade e segurança da família."

Aí reside  exatamente o que apoio, e há um abismo entre esta utilização e a que o presidente irresponsável prega, ou seja, o uso da arma para "evitar escravidão". Que no pensamente dele significa reagir com a força das armas às medidas que desagradem.

Isso é incitação à violência, à desordem social, a desobediência civil, que pode desaguar numa guerra civil.

Não, não há paradoxo. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Ir as ruas armados é como reviver o velho oeste americano.

4) "conhece e usa outras palavras agressivas e ofensivas" 

Sim, exercendo meu direito de opinião; e taxar de idiota um que é,  não chega a ser ofensivo, senão adjetivação.

Excessos podem ser questionados pelas vias próprias. Quando eu escrevia que Dilma era uma anta, era aprovado pela mesma pessoa que ora me afronta em função de minhas "palavras agressivas e ofensivas".

E me enviava memes e charges na mesma linha de ridicularizar a ex-guerrilheira. 

5) "Daltonismo"

Não fora a discromatopsia, e se tivesse tudo corrido dentro da normalidade, estaria hoje na reserva, de pijama,  aos 80 anos de idade, possivelmente como brigadeiro, mas certamente sem emprestar meu apoio a este presidente desqualificado, como certos oficiais generais que estão desonrando as forças armadas.

Por derradeiro reitero que não tenho partido político, porque no Brasil estes não têm programas, não têm bandeiras. Impossível diferenciar posições e pautas de 39 diferentes agremiações partidárias.

Para levar e elevar o Brasil à posição que pretendemos alcançar, com absoluta certeza o timoneiro que nos levará ao porto sonhado e o piloto que nos levará a altura idealizada, não é Jair Bolsonaro.

Nacionalismo exacerbado não  é credencial suficiente.