11 de setembro de 2019

Existe filho dileto?



É possível amar mais a um filho do que ao outro?

Diria que não. Mas aceito controvérsias. Eu trato os meus de maneira desigual, porque eles não são iguais. 

Salvo engano esta é a maneira correta de lidar com diferenças. Meus filhos não são cão e gato, portanto a comparação a seguir é meramente retórica.







Se você tem um cão fiel e companheiro e um gato de estimação, qual deles é o seu preferido? Não tenho experiência pessoal neste campo, mas imagino que você estima igualmente os dois, mas os trata de maneira distinta, obedecendo a índole, o temperamento, a vocação e as individualidades de cada um deles. 

O osso é para o cão, o leite no pires é para o gato.

Num jardim a céu aberto, descampado, se você planta espécies aleatoriamente, algumas ficarão ressentidas com o sol a pino, já outras estarão plenamente adaptadas a luz e ao calor.

O regime de regas deve ser diferente para cada uma das plantas; umas exigem mais água, já outras o excesso de água as prejudica.

Filósofos e ideólogos teorizam pregando tratamento diferente para desiguais: "não se deve tratar igualmente desiguais", não é assim?








Um de meus filhos aprecia a floresta  como um todo. Observa o conjunto. Já o outro não se compraz em observar, do alto, as nuances de cores, o porte de cada uma das árvores. Ele quer  saber as razões, examinar as raízes, saber o porque da seiva, a explicação para que umas gerem flores e frutos e outras não.

Um fica gratificado com o resultado; o outro se preocupa com os meios de obtê-lo.

Um é mais expansivo, irreverente; o outro é mais comedido, mais conservador.

Um tem mais caracteres genéticos do pai, o outra da mãe. 

Seus valores são diferentes, seus talentos, suas vocações, suas ambições são absolutamente distintas, como posso trata-los igualmente?

O afeto, o amor, pode ser distribuído igualmente, mas as formas de expressa-lo são diferentes.

NOTA:
Depois de publicado o post, recebi, por e-mail, a oportuna contribuição abaixo. Certamente extraído do Facebook, sem indicação de autoria.



7 comentários:

Carlos Lopes Filho disse...

Excelente tema para discussão, Carrano.
Realmente, acho que o relacionamento entre pais e filhos é algo extremamente delicado, extremamente sensível, e que não existe fórmula perfeita para que ele transcorra num ambiente ameno, sereno, de boa convivência e satisfação recíproca.
Claro que não podemos tratar todos os filhos (no caso, evidentemente, deles existirem no plural) da mesma forma, linearmente, como se um fosse cópia do outro. Acho que, até inconscientemente, tentamos passar algo de nós para eles, tentamos influenciar seus dias futuros, talvez esperemos que eles pensem como nós, sigam alguns dos passos que demos na vida, porque aqueles caminhos nós já trilhamos e nos seria mais fácil orientar nossos descendentes sobre os atalhos e vias a serem percorridos.
Também acho que a época em que pais e filhos se encontram também tem muita influência sobre esse relacionamento. Acho que, na nossa época de adolescência, as conversas francas e abertas entre as duas gerações não eram tão diretas e informais como são hoje. Eu até acho que fui uma exceção, pois nunca tratei meu pai e minha mãe por "senhor" ou "senhora" e sim por um mais íntimo "você". Mas, você sabe disso, meu pai, que era médico, tentou me influenciar por todos os modos a também fazer medicina. Cheguei até a fazer o vestibular por causa dele ( fiz o de Direito ao mesmo tempo, sem ele saber). Não que eu tivesse alguma vocação para o Direito, apenas queria ter um diploma depois de tanto esforço no ginasial e científico no Liceu. Mas, meu pai faleceu quando eu tinha 21 anos e uma das coisas que mais lamento até hoje foi não ter tido tempo para conversar francamente com ele, de adulto para adulto, debater com ele nossas histórias de vida, a minha se iniciando e a dele, na época, talvez se aproximando do fim sem que ele tivesse consciência disso. Mas, dele herdei, ainda talvez inconscientemente (ou não), várias coisas: o gosto pelas viagens e pela França em especial (mesmo com Macron e Bolsonaro brigando entre eles), o prazer da leitura e de escrever, a alma sensível, às vezes impaciente, sonhadora, que tenta vislumbrar um mundo melhor, mais justo, mais utópico, tão difícil de alcançar na atualidade. Realmente, com ele, não tive essa intimidade de nos tratarmos como amigos. Éramos mais pai e filho, até por minha pouca idade e falta de amadurecimento. Já com minha mãe, que viveu mais alguns anos, tive um relacionamento mais estreito, mais coloquial, mas mesmo assim, sempre havia uma certa distância. Éramos, talvez, fruto dos costumes da época em que vivíamos.
Procurei modificar quase que radicalmente o relacionamento que passei a ter com meus filhos, desde pequenos. E, são quatro, com temperamentos bem diferentes.

Minha filha é geniosa, temperamento forte, não leva desaforo para casa...
Meu filho mais velho entre os homens é brincalhão, gozador, talvez o que mais de perto se aproxima do meu temperamento... até porque tem o meu nome...
O seguinte é o físico astrônomo, sensível, introvertido, tenho que ter certo cuidado com as palavras quando falo com ele...
O mais novo, único advogado militante, temperamento totalmente extrovertido, conhece todo mundo em Niterói, adora viajar, mora nos fundos da minha casa, vejo-o todos os dias...
Lidar com esses temperamentos tão diferentes entre eles, realmente, foi uma tarefa bem trabalhosa... mas, acho que me dei bem... todos estão casados (minha filha já está separada), se não chegamos a ser amigos íntimos, pelo menos, somos amigos... para mim, o bastante...
Ah! ... quase me esqueço: todos são botafoguenses... por opção deles, não influenciei em nada...

Jorge Carrano disse...


Sua contribuição para crescimento da torcida alvinegra foi maior porque sua prole é maior.

Tive somente dois filhos e um deles me deu um neto. Todos cruzmaltinos. Minha mulher também adotou o Vasco. Em Cachoeiro, onde residia, torcia pelo Estrela.

Nenhum dos dois se interessou pela advocacia. O mais velho levaria jeito.

Ana Maria disse...

Muito boas suas colocações. Equidade e não somente igualdade.

Riva disse...

Excelente comentário do unkown, bem como o post do Carrano.

Acho que estamos falando de amor, e nesse contexto inclui-se respeitar o indivíduo com suas características próprias.

Temos 3 filhos, totalmente diferentes entre si, cresceram no mesmo quarto da nossa casa sem brigas, e lambuzados por nossa dedicação e amor a tudo que lhes diz respeito.

#simplesassim

Creio - posso estar errado - que as gerações atuais têm muita dificuldade em criar seus filhos da mesma maneira. É muito diferente a vida de um casal hoje, em relação a conseguir se dedicar à sua cria.

PS: o Botafogo deve ser extremamente grato ao nosso amigo desconhecido !

Jorge Carrano disse...


Riva,

Você sabe que pela regra do blog, de um tempo a esta parte não publicamos mais comentários oriundos de anônimos e/ou desconhecidos.

Entretanto, pelo teor do comentário, identifiquei desde logo tratar-se de meu amigo Carlos Lopes. Por isso foi publicado.

O Carlinhos, como o trato desde os tempos de secundarista no Liceu, escreve bem. Além de ser um ótimo caráter.

Sim, ele contribuiu muito para que a torcida do Botafogo superasse a do seu Fluminense (rsrsrs).

Riva disse...

Ainda não chegamos nesse ponto, mas realmente a torcida tricolor está perdendo o tesão. Conheço muitos que pararam de assistir aos jogos e/ou ir aos jogos. Sou um deles ...não vejo mais.

Ontem, para quem não sabe, foi semifinal da Copa do Brasil Sub-17, com 2 jogos :

Palmeiras 6x1 Fluminense
São Paulo 3x1 vasco

Detalhe : o Palmeiras fez 6x0 no 1º tempo !!!!! O FLU está doente em todas as categorias, é sistêmico.

Jorge Carrano disse...


Você fez um malabarismo redacional para cutucar que o Vasco perdeu para o São Paulo.

O assunto era o Fluminense.

KKKKKKKKK