13 de março de 2018

Feira livre! Um oásis de cores e sabores







Por
Alessandra Tappes






Mais conhecida como terra da garoa, a sétima cidade mais populosa do planeta, capital mundial de heliportos, a selva de pedra que carinhosamente foi batizada com o nome de São Paulo no ano de 1554 por um grupo de religiosos jesuítas faz parte do meu cenário entre paixões contidas e desenfreadas por escrever textos sentimentais.

Ela não tem em sua capital o céu estrelado do interior, nem tão pouco rios limpos, cachoeiras e nem cheira a terra molhada quando chove. Com um dos maiores trânsitos caóticos, não está livre da poluição sonora dos carros gritantes e ensurdecedores e detalhe: em qualquer hora do dia.

Entre as cores que circulam por São Paulo, temos o cinza em vários tons. As demais cores ficam por conta de grafites espalhadas por arranhas céus, viadutos e pontes. Tirando as pichações que logo voltam a deixar São Paulo em tom de cor única e suja.

Mas, como toda regra tem exceções, São Paulo tem algo peculiar que outras cidades por aí afora não tem.

São Paulo, terra de cheiros, sabores e cores sim, tudo em um único lugar. Há pelo menos a mais de 100 anos os paulistanos de coração têm feiras livres. Todas as cores do mundo e os sabores se encaixam perfeitamente aqui.


Lá, gregos, japoneses, indianos, árabes, italianos, falam a mesma língua. O maior encontro de nações está literalmente formada numa feira livre.

O cravo da índia, o curry, açafrão, a sardinha, o atum em posta fresquinho com o olho ainda brilhando, o maço de ervas que curam mau olhado, o pastel frito na hora que engorda o olho da gente.



Mais adiante, temos a banca das frutas. E por elas mãos famintas de dietas, famintas de reeducação alimentar, famintas em detox.

É a salada no pote, é o suco que vai para creche, a água saborisada para logo cedo. É saúde, é vida.

A famosa frase “ moça bonita não paga, mas também não leva” saiu das feiras livres.

O verdureiro animado fazendo gracejos a todas as moças que por ali desfilam. Quer levantar seu ego? Vá a uma feira livre...

Dia desses escutei o relato emocionado de um feirante. Logo ali na banca de bananas. Com os olhos marejados ele me relatou uma senhora voltar a sua frente apenas para dizer que ele lhe deu o “bom dia” mais animado do dia. Como ele mesmo disse, não há preço que pague a animação e generosidade.

A feira comporta todas as classes. De frutas selecionadas, a bacias com legumes arrumadinhos por uma módica quantia que nos anima a comprar tudo, ou melhor, quase tudo por menos de 20,00.

Há tantas qualidades numa feira livre, que o peso do carrinho pilotado pelas apressadas pessoas paulistanas, não incomoda em nada.

Mas o melhor mesmo da feira é o pastel. Este ganhou notoriedade na década de 40 por japoneses disfarçados de chineses (isso mesmo, estes camuflaram-se entre os chineses no final da segunda guerra. O comércio de pastel era muito discreto, mas como os japoneses tinham medo de sofrer preconceito no Brasil, disfarçaram-se de chineses.



Nem é preciso dizer que dominaram a arte do melhor quitute da feira livre. 

De carne, de frango, de queijo, com salada, com vinagrete, não importa qual o sabor. Não existe feira livre sem pastel. Não existe recompensa maior para uma criança, que puxou o carrinho da mãe, que saborear um pastel. Quem já frequentou uma feira livre de São Paulo, certamente vai associar ao pastel.



 É química, é alquimia. É somar dois mais dois e o resultado ser delicioso.

 E é isso que são Paulo nos dá. Vida e essa vida ganhamos quando pisamos nossos pés em ruas já demarcadas como a rua da feira livre.

Passeio familiar, rotineiro, passeio para todas as idades e tribos. Encontros de amigas, trocas de receitas, hora do almoço na barraca do pastel.

Cheiro que nenhuma outra metrópole tem. Cheiro da feira livre. Cor dos temperos, variedades em frutas, diversos sabores, variedades entre as nações ali presentes, diversão garantida.



Nota: as imagens que ilustram foram obtidas via Google. Havendo restrição do autor ou das pessoas que nelas aparecem, exluiremos de imediato.

17 comentários:

Jorge Carrano disse...

E o caldo de cana? Não gosta ou esqueceu?

Alessandra Tappes disse...

Oi Jorge. Particularmente, adoro! Mas depois q vi o manuseio (sabe aquele pano de prato q limpa balcão, limpa a máquina, fica no ombro e por vezes tbm limpa a mao para pegar o copo? Tem mais utilidades q o Bombril) resolvi nao tomar mais.... (Sem falar no avental, se este tiver um boldinho na frente pra guardar o dinheiro, tbm ajuda a secar a mão...vai vendo)

Anônimo disse...

Adorei a postagem! Sou fã de feira livre. Abraço moça . (Chris)

Jorge Carrano disse...

Parabéns, Alessandra.

Foram 19 acessos, ao post, até às 11:30 h. Você deve ter alertado todas as amigas (rsrsrs).

Alessandra Tappes disse...

Jura q vc pensa assim Jorge? Agora mesmo que irei linkar para parentes e no face... (Não tive tempo de avisar a ninguém ainda) hehehe

Jorge Carrano disse...

Nem quando publico foto da Paola Oliveira semidespida ou do Thiago Lacerda de sunga de praia o post é tão visitado.

Beijo

Wanda Carrano disse...

Pastel de feira é tudo de bom.

Uma das poucas coisas que tenho saudade, da capital paulista, são as feiras livres.

E os Mercados Municipais (conheci dois), também muito bons. Nos idos de 1973 até 1990, quando moramos por lá.

Alessandra Tappes disse...

Obrigada!!! Sinto falta delas aqui na mha região. Andar por Sp e n ir a uma feira livre, é como ver o mar e não molhar os pés!

Alessandra Tappes disse...

Então... Sp, terra de muitas nações, gostos e rostos diversos, fui fisgada pelo pastel, pelo aroma produzido pelos temperos de uma feira livre e pela melodia carismática q soa da boca dos feirantes. Compensa toda a agitação da capital. "É dia de feira, quarta feira, sexta feira, não importa a feira.." ja cantava o Rappa.

Riv4 disse...

Que leitura boa, ler você !

Sou fanático por pastéis, e experimento em qualquer lugar sempre que vejo ... arrisco mesmo, eu e a MV. E nessas arriscadas descobre-se pastéis maravilhosos.

Aqui em Nikity posso afirmar, pelo menos até agora, o melhor é o do Whiscritório, em Icaraí, uma portinha na Rua Comendador Queirós. Tem também um quibe para comer ajoelhado.

Mas pastéis, ah, os pastéis !!

Em Campos do Jordão tem o famoso pastel do Maluf, que sem exagero deve ser do tamanho de uma folha de papel A4 !!

Certa vez, a caminho de Floripa, paramos o carro na beira da estrada para um pitstop, e pedimos 2 pastéis de carne a uma senhora. Eram maravilhosos !!! Até hoje lembramos do seu sabor .....(escrevo babando).

Não posso deixar passar em branco os pastéis que são vendidos logo no pé da serra de Teresópolis ..... parada obrigatória !

Parabéns pelo post, Alessandra. Mais um para pendurar nas paredes da memória ...


Alessandra Tappes disse...

Oi Riva, tudo bem?

Fiquei curiosa quanto aos seus indicados. Vou tomar nota do Icaraí. Os da serra daqui como vc citou já foram bons, uma pena. Mas vale como parada obrigatória, como vc lembrou. Às vezes damos uma chegadadinha ali para esticar as canelas...(ou eu que ando perdendo meu paladar, tem isso tbm).

Mas sabe o q mais me agrada entre tantos sabores e cheiros que a vida me fornece? A alegria imensa que esse blog me proporciona a cada escrito meu e eu ser recebida com tanta alegria. Essa alegria realmente não tem preço. Não há cheiro, sabor e suspiro no mundo que eu tenha vivido q me cause tamanha emoção como a que "pisar" aqui novamente.

Obrigada pelo seu carinho de sempre.

Bjs na família e em vc.

Riv4 disse...

Alessandra, de novo, é muito bom "ler você", bom demais mesmo.

E aproveitando esse tema maravilhoso, como realmente o são - cheiros, não sei se leu um post meu de 2012. Acho que vai gostar.

http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2012/03/cheiros-perdidos-e-resgatados.html

Bjs !

Jorge Carrano disse...

Alessandra,

Para acessar o posto do Riv4, selecione o endereço e cole na barra de seu navegador.

http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2012/03/cheiros-perdidos-e-resgatados.html

Alessandra Tappes disse...

Riva.

Adorei seu post. Deixei um comentário lá.

Você tem alma de escritor.

Vale a pena ser postado novamente esse texto.

Bjs!

Riv4 disse...

hahaha...valeu, Alessandra ! Bjs !

Maria Cecilia disse...

Só mesmo uma pessoa com habilidade com palavras e emoções para encontrar encanto em feira livre. Parabéns.
Quanto aos pastéis sou obrigada a concordar, embora prefira os feito em casa com aquela massa mais grossa.

Jorge Carrano disse...

Cecilia,

Minha mulher faz aqui em casa, de uns tempos para cá, half and half.

Aos sábados compra a massa pronta (em rolo) na barraca de pasteis na feira ali próxima do Campo de São Bento, e faz os recheios em casa.

Ficam excelentes, claro. em Feira livre!